IANSÃ, A
DEUSA DOS VENTOS


Senhora da
Tarde, Dona dos Espíritos. Senhora dos Raios e das Tempestades. Oyá, mais
conhecida no Brasil como Yansã, foi uma princesa real na cidade de Irá, na Nigéria
em 1450a.C.. Sobrinha-neta do rei Elempe e neta de Torossi(mãe de Xangô),
conquistou com valentia, coragem e dedicação seu caminho para o trono de Oyó.
Conhecedora de todos os meandros da magia encantada, nunca se deixou abater por
guerras, problemas e disputas.
Foi mulher
de seu primo Xangô e ajudou-o a conquistar vários reinos anexados ao Império
Yorubano. Porém, abandonou-o em defesa de sua cidade natal, disposta a enfrentá-lo.
Oyá é a menina dos olhos de Oxalá, seu protetor, e a única divindade que
entra no Ibalé dos Eguns(mortos). Na
Bahia é sincretizada com Santa Bárbara.
Divindade
ctoniana, Iansã tem ligações com o mundo subterrâneo, onde habitam os
mortos, sendo o único orixá capaz de enfrentar os eguns. Entre as dezessete
individuações da multifária Iansã, uma delas é como Deusa dos Cemitérios.

Além do
contato com os mortos, Iansã também favorece a fecundidade, atributo inerente
aos deuses ctonianos. Deusa das tempestades, contribui para a fertilidade do
solo. Divindade eólica, sopram os ventos que afastam as nuvens, para a passagem
dos raios desferidos por Xangô. E é o raio que abre os reservatórios do céu,
para fazer cair a chuva, relação comum em todas as mitologias.
Nossa
amada mãe Iansã possui vinte e uma Iansãs intermediárias, que são assim
distribuídas:
Sete atuam junto aos pólos magnéticos irradiantes e auxiliam os orixás
regentes dos pólos positivos, onde entram como aplicadoras da Lei segundo os
princípios da Justiça Divina, recorrendo aos aspectos positivos da Orixá
planetária Iansã.
Sete atuam junto aos pólos magnéticos absorventes e auxiliam os orixás
regentes dos pólos negativos, onde entram como aplicadoras da Lei segundo seus
princípios, recorrendo aos aspectos negativos da orixá planetária Iansã.
Sete atuam nas faixas neutras das dimensões planetárias, onde, regidas pelos
princípios da Lei, ou direcionam os seres para as faixas vibratórias positivas
ou os direcionam para as faixas negativas.
Enfim, são vinte e uma orixás lansãs intermediárias aplicadoras da Lei nas
Sete Linhas de Umbanda.
Como seus campos preferenciais de atuação são os religiosos, não é de se
estranhar que nossa amada mãe Iansã intermediária para a linha da Fé nos
campos do Tempo seja confundida com a própria OYá, já que é ela quem envia
ao tempo os eguns fora-da-Lei no campo da religiosidade.

Iansã do Tempo, não tenham dúvidas, tem um vasto campo de ação e colhe os
espíritos desvirtuados nas coisas da Fé, enviando-os ao Tempo onde serão
esgotados. Mas, não tenham dúvidas, antes ela tenta reequilibrá-los e
redirecioná-los, só optando por enviá-los a um campo onde o magnetismo os
esvazia quando vê que um esgotamento total em todos os sete sentidos é necessário.
E isto o Tempo faz muito bem!
Já Iansã Bale, do Bale, ou das Almas, é outra intermediária de nossa mãe
maior lansã que é muito solicitada e muito conhecida, porque atua
preferencialmente sobre os espíritos que desvirtuam os princípios da Lei que dão
sustentação à vida e, como vida é geração e Omulu atua no pólo negativo
da linha da Geração, então ela envia aos domínios de Tatá Omulu todos os
espíritos que atentaram contra a vida de seus semelhantes ao desvirtuarem os
princípios da Lei e da Justiça Divina.
Logo, seu campo escuro localiza-se nos domínios do orixá Omulu, que rege sobre
o lado de "baixo" do campo santo.

Mas também são muito conhecidas as lansãs intermediárias Sete Pedreiras, dos
Raios, do Mar, das Cachoeiras e dos Ventos (Iansã pura). As outras assumem os
nomes dos elementos que lhes chegam através das irradiações inclinadas dos
outros orixás, quando surgem as Iansãs irradiantes e multicoloridas. Temos:
1 Iansã do Ar.
1 Iansã Cristalina.
1 Iansã Mineral.
1 Iansã Vegetal.
1 Iansã Ígnea.
1 Iansã Telúrica.
1 Iansã Aquática.

AS FILHAS
DE IANSÃ

Iansã é
uma Deusa ligada à manifestação do feminino na fase crescente, trazendo em si
a qualidade do movimento. Une passado com o futuro, o lado sombrio da Lua com o
lado iluminado, que anuncia um novo começo. Iansã está ligada com o número
9, que é o movimento puro.
As filhas
de Iansã são mulheres audaciosas, poderosas, autoritárias e dinâmicas. Estão
sempre procurando algo para se ocupar, são cheias de iniciativa e
determinação. São mulheres que nunca passam despercebidas, pois são
combativas, teimosas e temperamentais, mas também podem ser doces e meigas,
quando possuem interesse em seduzir algum homem.
A
mulher-Iansã é o tipo de mulher que está mais voltada para o amor sensual do
que para o amor maternal. Ama os filhos, mas consegue maior expressão quando se
sente admirada e desejada por um homem, o que geralmente provoca o ciúme e a
inveja das outras mulheres.

É também
uma mulher que está ligada ao passado, ao coletivo, pela origem comum da
necessidade fertilizadora do feminino e está ligada ao futuro pela necessidade
de diferenciação, que a tirará do coletivo e a jogará sempre para frente,
para o novo. É inconformada e inquieta, está voltada para o impulso de
empreender coisas, de realizar seu poder criativo. A atualização dessa força
criadora dependerá da forma como ela direcionar esta energia, que muitas vezes
pode ser desviada para outros fins, ou ser esvaziada.
O perigo
é permitir que as barreiras sociais a entravem, desviando a energia criativa
para a neurose.E, a neurose é parada de movimento. Todo aquele que se recusa a
viver o futuro, apegando-se ao passado, estagna.
A mulher que
sente impulso para criar, para dar significado ao seu mundo, precisa ser fiel aos
seus conteúdos internos, à Deusa dentro de si. O ato criativo é o processo de
se arriscar, de se jogar no desconhecido, de mergulho nas fontes fertilizadoras,
da viagem interna em busca da essência das coisas. O desejo de criar move o contato
com o informe pela necessidade de dar forma, de arrancar da terra coisas vitais
para alimentar a consciência

A LENDA

Ogum
foi caçar na floresta, como fazia todos os dias. De repente, um búfalo veio em
sua direção rápido como um relâmpago; notando algo de diferente no animal,
Ogum tratou de segui-lo. O búfalo parou em cima de um formigueiro, baixou a
cabeça e despiu sua pele, transformando-se numa linda mulher. Era Iansã,
coberta por belos panos coloridos e braceletes de cobre.
Iansã fez da pele uma trouxa, colocou os chifres dentro e escondeu-a no
formigueiro, partindo em direção ao mercado, sem perceber que Ogum tinha visto
tudo. Assim que ela se foi, Ogum se apoderou da trouxa, guardando-a em seu
celeiro. Depois foi a cidade, e passou a seguir a mulher ate que criou coragem e
começou a cortejá-la. Mas como toda mulher bonita, ela recusou a corte.
Quando anoiteceu ela voltou à floresta e, para sua surpresa, não encontrou a
trouxa. Tornou à cidade e encontrou Ogum, que lhe disse estar com ele o que
procurava. Em troca de seu segredo ( pois ele sabia que ela não era uma mulher
e sim animal ), Iansã foi obrigada a se casar com ele; apesar disso, conseguiu
estabelecer certas regras de conduta, dentre as quais proibi-lo de comentar o
assunto com qualquer pessoa.
Chegando em casa, Ogum explicou suas outras esposas que Iansã iria morar com
ele e que em hipótese alguma deveriam insultá-la. Tudo corria bem; enquanto
Ogum saía para trabalhar, Iansã passava o dia procurando sua trouxa.

Desse casamento nasceram nove crianças, o que despertou ciúmes das outras
esposas, que eram estéreis. Uma delas, para vingar-se, conseguiu embriagar Ogum
e ele acabou relatando o mistério que envolvia Iansã. Depois que Ogum dormiu
as mulheres foram insulta-las, dizendo que ela era um animal e revelando que sua
trouxa estava escondida no celeiro.
Iansã
encontrou então sua pele e seus chifres. Assumiu a forma de búfalo e partiu para
cima de todos, poupando apenas seus filhos. Decidiu voltar para a floresta, mas
não permitiu que os filhos a acompanhassem, porque era um lugar perigoso.
Deixou com eles seus chifres e orientou-os para, em caso de perigo bater as duas
pontas; com esse sinal ela iria socorrê-los imediatamente. E por esse motivo
que os chifres estão presentes nos assentamentos de Iansã.
Suas
cores: vermelho, branco e coral
Saudação
: Eparrei!
Seu
dia : Quarta-feira
Comida
predileta: acarajé, milho temperado com camarão e azeite de dendê.
Animais de
sacrifício: o carneiro, o pato e a galinha.
Frutas: manga
rosa, uvas, pêra, maçã morango, melão laranja, banana, figo, ameixas, romã,
grosselha, pêssego, pitanga, framboesa e cajá.
Onde
recebe oferendas: nas cachoeiras.
Plantas:
sensitiva, espada de Iansã (borda amarela), bambu, periquitinho.
Bebida:
champanha.
Elemento:
fogo,
O
que faz: dá coragem e
impulsividade; protege contra desastres e acidentes.
Festa: 4
de dezembro, dia de Santa Bárbara, com quem está identificada.
Pedras: rubi,
coral, granada.
Perfumes:
verbena, drástico vermelho, violeta, madeira, Shoking de Skiaparelli.

CANTO
Oi, Iansã,
menina dos cabelos loiros
Onde é a sua morada?
É na mina de ouro
Minha
Santa Bárbara
Virgem da Coroa
Pelo amor de Deus, Santa Bárbara,
Não me deixe à toa
Minha Santa Bárbara
Virgem da Coroa
A Coroa é dela Xangô
É da pedra de ouro
Iansã
tem um leque de penas
Pra abanar em dia de calor
Iansã tem um leque de penas
Pra abanar em dia de calor
Iansã mora nas pedreiras
Eu quero ver meu pai Xangô
Iansã mora nas pedreiras
Eu quero ver meu pai Xangô
Santa
guerreira que ao meu lado caminha
Com sua espada de ouro e sua taça na mão
És para mim toda beleza, venero sua beleza
Guardo-a em meu coração, quando ela roda
Sua saia irradia, Deusa da Ventania
É a Rainha Trovão com meu Pai Xangô
Iansã fez a morada, ela roda ua saia
No romper da madrugada
Eparrei Ioiá
Saravá Iansã, ela é Rainha, é Orixá

Texto pesquisado e
desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO


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