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DEUSA HATOR

A religiosidade estava presente
em todos os atos da vida cotidiana dos egípcios antigos. Divinizavam as forças
da natureza, igual a todos os povos da Antiguidade. A cultura egípcia concebia,
entretanto, o mundo físico como uma simples passagem e evolução do homem
imortal, sujeito à lei da reencarnação. Era uma cultura essencialmente
baseada nos mistérios da morte e toda referida ao futuro. Por isso sua influência
no mundo Ocidental foi escassíssima: um povo que tinha posto seus ideais num
mundo ultra tumba nada podia ensinar à cultura grega, destinada a afirmar a mais
alegre e luminosa glorificação da vida ativa, colorida e presente, completamente
alheia à história e despreocupada com o futuro.
Na cultura egípcia tudo é
simbólico, desde as pirâmides e a esfinge até as pinturas e arquiteturas do
império médio e novo, todas as manifestações do espírito egípcio são portadoras
de significado místico e religioso.
A consciência do poder
regenerativo da Natureza se refletia no culto que os egípcios rendiam as suas
forças e a toda uma série de deuses e deusas zoomórficos.
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Hator era a Deusa local de
Per-Hathor (a grega Afroditópolis, atual Guebelin) e de Dendera, mas acabou
sendo adorada um pouco em toda parte: em Mênfis, como Deusa da árvore "Senhora
de Sicócomoro", espécie "ficus sicomorus"; em Tebas, como Deusa da necrópole (Hator-Imentet),
"Senhora do Ocidente/ do Oeste", com o hieróglifo de Oeste ou Horsamtaui; tinha
templos e era venerada em Heliópolis, Atfih, Ombos, Deir el-Medina, Abu Simel,
etc.
Na costa da Somália era chamada "A
Senhora da terra de Punt". Na Fenícia era "A Senhora de Biblos". Na Península do
Sinai era conhecida como "A Senhora da Terra de Mefkat (=turquesa)", na III
dinastia, segundo inscrições perto das minas do Uadi Maghara, e, na XII
dinastia, foi-lhe construído um templo na mesma região, em
Serabit-el-Khadim, que
Hatsheput
e Tutmés III viriam, na XVIII dinastia, a ampliar. Era a divindade padroeira dos
egípcios que trabalhavam no estrangeiro e dos territórios que exerciam a sua
atividade (Sinai, Biblos, Punt).
Divindade de múltiplos nomes e
múltiplas atribuições, tomou a personalidade de diversas divindades egípcias e
estrangeiras, por exemplo, Ísis, Bastet, Sekhemet, Nut e Astarte. Os gregos a
identificaram-na com Afrodite (daí a nomeação da sua cidade como Afroditópolis).
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DEUSA MÃE
A Deusa Hator, por exemplo, é
adorada na forma de uma mulher com chifres de vaca e um disco solar na cabeça,
como uma mulher com cabeça de vaca ou simplesmente uma vaca, cujo ventre
salpicado de estrelas formava o céu. A serpente e o corvo entram na composição
dos emblemas que acompanham a sua imagem.
Como vaca, a Deusa apresentava seu
aspecto de terna mãe, revelando o simbolismo que os egípcios tinham da vaca e do
terneiro e que estava expresso na palavra "ames", "mostrar preocupação pelo
outro", que era escrito nos hieróglifos como signo final de uma vaca girando a
cabeça para lamber o terneiro, enquanto esse está mamando.
A sua representação como forma de
vaca, também pode advir da concepção egípcia que encarava o céu como o ventre
imenso de uma Deusa com essa forma e cujos quatro pilares de sustentação, os
quatros cantos do Universo, eram as suas patas. Realizou-se assim, um
sincretismo entre a sua concepção como Deusa do Céu e a representação como vaca,
tendo, sob esta forma, assimilando as características de outras divindades
veneradas em diversos pontos do Egito precisamente como vacas. A vaca era um
animal considerado símbolo da maternidade. Sob esse aspecto, era também figurada
amamentando o faraó, em vida e depois da morte.
O santuário de Deir el-Bahri que
foi fundado por Hatsheput, se converteu durante seu reinado em foco de culto
real e, portanto nacional, e Tutmosis III e seu filho Amenófis II instalarão no
santuário uma estátua da Deusa como vaca com o rei como seu filho bebendo o
leite de seus ubres. Até a Baixa Época, Hator foi a única Deusa que possuía
templos próprios ao longo de todo o país, com um santuário principal em Mênfis.
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DEUSA DA SENSUALIDADE E EMBRIAGUEZ
Hator é uma das Deusas mais
veneradas, conhecida como “Dama da embriaguez e do êxtase", padroeira dos
ébrios. O "Mito da Destruição da Humanidade" contém referências específicas aos
procedimentos a observar nas festas da embriaguez comemoradas em sua honra,
durante cinco dias, com início a 20 de Thot, estação Akhet, primeiro mês do
calendário egípcio, equivalente aos meses de Julho-Agosto no calendário
gregoriano. Era um momento em que a cerveja era bebida em grandes quantidades e
se recitavam poesias eróticas. Hator era também padroeira do terceiro mês dessa
estação, Athir.
O êxtase-euforia causado pela
bebida era entendido e usado como meio privilegiado para entrar em contato com "Ade
Dendera" e o copo de bebida era, por isso, outro dos seus emblemas sagrados.
Na
mitologia Egípcia é a Deusa do céu, filha do Deus Sol, Ra, esposa de Hórus, Deusa da
fertilidade, protetora das mulheres, da astrologia, do casamento, dos vivos e
dos mortos, também era Deusa do Amor e da Beleza, muito semelhante a Deusa
grega Afrodite ou à Vênus dos romanos. Muitos elementos na maquiagem da Deusa
Afrodite é modelado no estilo do Egito de Hator.
A Deusa Hator representava o amor
e sexualidade e é ainda, associada com os aspectos eróticos do vinho, da dança e da
música. O sitro, junto com a voz da sacerdotisa, proporcionava o principal
acompanhamento musical nos rituais culturais, um aspecto próprio de Hator em seu
papel como Deusa da sensualidade. Em conseqüência, as vezes, era decorado com o
rosto feminino de Hator com orelhas de uma vaca.
Simultaneamente, Hator, é o modelo
divino da feminilidade, dos caracteres gentis, amáveis, ternos e sensuais
associados ao feminino, sendo, no fundo, a Deusa protetora das mulheres.
Corporiza tudo o que há de bom e de autêntico na Mulher: a beleza juvenil, a
maternidade, a emoção, a alegria.
Era ela que conferia também,
poderes de divindades aos faraós entronizados: eles reinavam como Hórus, Filho
de ísis, mas detinham os seus poderes enquanto Hórus, filho de de Hator. No
Império Novo, a própria rainha era considerada uma encarnação de Hator: o faraó
era Amon-Rá e a rainha a Deusa Hator. Um exemplo paradigmático dessa associação,
quase confusão é Nefertari, esposa de Ramsés II, cujo Pequeno Templo de Abu
Simbel lhe é dedicado, a si e a Hator. Aliás, o altar desse templo mostra a
vaca, ou seja, Hator protegendo entre suas patas o faraó, no caso Ramsés II.
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DEUSA GUERREIRA
É considerada também como sendo uma
divindade da Batalha além de ser identificada com a Estrela Sírius.
Os Egípcios acreditavam que Sírius detinha o destino de nosso planeta. É para lá
que iam as almas dos Faraós e sacerdotes após a morte para "receberem
instruções" e ganhar conhecimento. Alguns historiadores pensam que à
partir desta estrela chegaram ao Egito os Deuses que ensinaram toda a sua
sabedoria a este povo, cuja a forma é de uma novilha, doce e maternal. A novilha celeste, a Deusa Hator e o fiel cão de guarda Anúbis, lembram sem dúvida as crenças duma
população camponesa cujas idéias e cujos trabalhos se associavam intimamente
aos animais da fazenda e da casa.

A imagem de Hator está presente
em muitos dos antigos templos egípcios, como na cidade de Dendera. Seu templo,
neste local, foi erguido no período de dominação grega e romana, embora também
conservem tumbas das primeiras dinastias faraônicas. As paredes de seu templo
estão cobertas de gravações dos Imperadores romanos Tibério, Calígula, Cláudio
e Nero.
No templo da cidade de Dendera, dedicado a Hator, as colunas das duas
salas hipóstilas têm capitéis em forma de sistro, que era o instrumento
musical sagrado da divindade. No centro de uma das paredes exteriores, que era
dourada, havia também um relevo representando um sistro, demonstrando a importância
deste instrumento no culto da Deusa, enquanto o dourado evocava outro epíteto
de Hator: o ouro dos Deuses.
Hator, a Dourada, é uma das mais
antigas Deusas do Egito. Conhecida como a face do céu,
a profundeza, a Dama que vive num bosque no fim do mundo, era uma divindade de
muitas funções e atributos.
A maternidade e o dom do aleitamento eram suas
propriedades principais desde os primórdios e assim permaneceram ao longo dos
tempos.
Sempre que os egípcios excepcionalmente abandonavam sua
terra natal, principalmente para explorar minas ou extrair pedras preciosas,
erigiam santuários de suas divindades em solo estrangeiro. Foi assim que os
Deuses e Deusas do Egito desfrutaram de uma variada aceitação ao longo dos
séculos. O culto de Hator em Biblos, surgiu, ao que parece, através dos contatos
comerciais nos quais esse porto do Levante servia como ponto de entrada usado
pelos egípcios até os ricos mercados do Próximo Oriente.
A absorção mais completa de cultos egípcios teve lugar
na terra que os faraós tiveram sob seu poder durante mais tempo, a Núbia, ao sul
do Egito. Ali os reis conquistadores do Império Médio Sunusret I e III,
construíram um templo de Hórus em Buhen, e eles mesmos foram objeto de veneração
durante o Império Novo, quando Amenófis III e Ramsés II implantaram seus
próprios cultos junto aos de Amóm, Ra, Ptah e Hator.
O nome dessa popular Deusa-Vaca, como sugerem os signos
hieroglíficos que o constituem, Hwt Hr, significa "Casa/Morada de Hórus", isto
é, sendo Hórus um Deus-Falcão, a abóbada celeste era sua mãe e protetora; a sua
casa era o céu. Hator, associando-se aqui à idéia de esposa como "moradora" de
seu marido.
No ciclo hórico de Edfu surge, não como mãe, mas como
esposa de Hórus. Em Kom Ombo, era esposa de Sobek e, como Hator de Dendera
une-se à Hórus de Edfu e concebe um filho chamado de Ihy. Como constata-se,
Hórus é algumas vezes seu marido e em outras, seu filho.
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SÍMBOLOS
Os símbolos da
Deusa Hator
são: o sistro, o disco solar,
os espelhos, a cana de papiro, os leões, a
cobra,
o menat ( um colar, usado
pelas suas sacerdotisas, não no pescoço, mas na mão, agitando-o).
No túmulo de Seti I, no Vale dos Reis, há uma conhecida representação de
Hator e do faraó, de mãos dadas (tocar nos Deuses era uma prerrogativa exclusiva
da família real), em que a Deusa lhe estende o colar menat que traz no pescoço.
Devido às conotações de renascimento associadas a esse objeto, a cena simboliza
o desejo e a concessão do renascimento do faraó no Além.
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MITOLOGIA

Uma narração, encontrada gravada na tumba de Tutankamón,
conta a história da "Destruição da Humanidade". O Deus Ra ante a rebelião
dos humanos, envia sua filha Hator para castigar os rebeldes. Hator, tomada de
violenta fúria transforma-se em Sekhmet e se regozija em um êxtase de sangue. Ra,
para evitar a extinção da humanidade, embriaga a Deusa com sete mil jarras de
cerveja que tinham o aspecto de sangue humano. A ira da Deusa transformou-se em
uma doce embriaguez e cessa sua destruição.
As duas Deusas, a irada Sekhmet (conhecida também como
Hator do Oeste) e a satisfeita e doce
Hator (identificada com a Deusa Bastet e conhecida como Hator do Leste), atuam como as duas faces de uma mesma natureza, expressões extremas de
uma única paixão, a ira que pode ser convertida em placidez, o amor que pode
converter-se em ódio.
A fúria se expressa na arte faraônica sob o aspecto de
leão, encarnado o poder de destruir os inimigos, e com essa forma se
representava todo um leque de Deusas protetoras.
Um outro mito, conta que Hator descontente com Ra, foi
embora do Egito. Com muita saudade, Ra resolveu trazê-la de volta. No entanto,
Hator tinha se transformado em uma leoa selvagem que destruía todo aquele que
chegasse perto dela. O Deus Thot, usando alguns artifícios, conseguiu conduzi-la
de novo à sua pátria. Ao banhar-se no Nilo, deixa no rio toda a sua raiva. O rio
Nilo então troca de cor e se torna vermelho. Foi assim, que perdeu sua natureza
selvagem para reaparecer elegante e encantadora. Entretanto, não perdeu a
capacidade de retornar a sua antiga forma leonina.
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AS SETE HATOR

As sete Hator são as fadas egípcias. Ostentando na fonte
a serpente "uraeus", dão-se as mãos formando uma cadeia de união. A Deusa Hator
em pessoa conduz suas sete filhas.
De fato, a Deusa toma a forma de sete divindades
benfazejas que tornam favorável o destino da criança recém-nascida. Elas
regozijam o mundo com música e dança. O papel delas consiste em orientar, emitir
profecias, e não fixar os destinos de maneira definitiva. Mas o enunciado da
profecia, em função da magia do Verbo, torna-se por vezes realidade.
Uma estela conservada em La Haye, datada da XIX
dinastia, mostra as sete Hator, prometendo uma descendência a um sacerdote de
Thot, em troca do culto que ele lhe presta. O contato era fácil entre essas
magas e o adepto do Deus da Magia.
Filhas da Luz, as sete Hator têm faixas de fio vermelho
com que criam nós: segundo o número de nós, sendo sete o número benéfico por
excelência, o destino da pessoa revela-se ou não favorável conforme a decisão
das "fadas".
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RITUAL PARA AS VIAGENS AO ESTRANGEIRO
Por ser uma Deusa muito aceita em territórios
estrangeiros, os egípcios a associavam
com as viagens ao estrangeiro e pediam sua benção quando viajavam.
Antes de sair, escolha algo que recorde sua casa, mas
que possa carregar com facilidade. Pode ser uma flor seca do seu jardim ou até
mesmo uma colher pequena de cafezinho, por exemplo. Escolha algo pequeno que
pertença a sua casa ou ao seu jardim.
Na manhã de sua viagem escolha um momento tranqüilo,
tome o objeto em suas mãos e diga as seguintes palavras:
"Hator, em minha viagem levarei um pedaço de meu lar.
Deixa-me desfrutar do passeio, porém traga-me de volta são e salva."
Ponha seu objeto de recordação bem seguro dentro da sua
bagagem de mão. Se sentir que tem saudade de sua casa, tome o objeto e pede para
Hator que renove seu entusiasmo pela viagem.
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RITUAL DE PARA PROTEGER O FUTURO DOS FILHOS
Esse ritual invoca a bênção de Hator para as crianças
durante toda a sua vida. Como Deusa-Mãe e como também uma Deusa Vaca, Hator está
fortemente relacionada com o leite, e benzendo o leite que a criança bebe, você
poderá nutri-la tanto no sentido físico como espiritual.
Você vai necessitar de um cristal para esse ritual. Essa
pedra protegerá a criança enquanto cresce, e lhe proporcionará um sono
tranqüilo, uma valiosa conseqüência deste ritual.
Também necessitará de um incenso de sândalo, já que o
sândalo é dedicado a Deusa Hator.
Acenda o incenso, mas nunca próximo do bebê e ate a
pedra de cristal uma corda ou um fio. Suspenda a pedra sobre a cabeça da
criança, enquanto ela bebe seu leite. Se for difícil de fazer de fazer, peça que
alguém realize a tarefa com a pedra, enquanto você amamenta o bebê). Deixe que o
cristal balance em círculos no sentido horário (sentido dos ponteiros do
relógio). Enquanto faz isso, invoque Hator dizendo:
"Hator, nutre essa criança com tuas bênçãos para que
cresça com muita saúde até se tornar um homem/uma mulher".
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Texto pesquisado e desenvolvido por
Rosane Volpatto
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Bibliografia
consultada:
O Livro das
Deusas - Roni Jay
O Livro Mágico
da Lua - D. J. Conway
Mitologia
Universal - Neil Philip
El Gran Libro
de la Mitologia - Ed. Dastin
La religión del
Antiguo Egipto - Stephen Quirke
O Mundo Mágico do Antigo Egito -
Christian Jacq


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