DEUSA ETAIN

MIDHIR E ETAIN

Etain dos Tuatha da Danann era a
heroína da grande história de amor feérica, MIDHIR e ETAIN, que já inspirou
muitos poemas e obras dramáticas.
A narração original está bem
contada por Lady Gregory em "Gods and Fighting Men".

Etain foi a segunda esposa de
Midhir, o rei da Colina Feérica de Bri Leith. A primeira esposa do rei, Fuamach,
estava terrivelmente furiosa e, com a ajuda do druida Bresal Etarlain, logrou
finalmente transformar Etain em uma mariposa e com um forte sopro, a expulsou da
terra mortal da Irlanda, o que resultou um sofrimento para ambos lados durante
sete longos anos.
Quando as malvadas ações de
Fuamach foram descobertas, Angus Mac Og, filho de Dagda, lhe cortou a cabeça.
Ao cabo de sete anos de desgraça,
Etain foi para no palácio onde Etar, de Inver Cechmaine, estava celebrando um
banquete, e caiu dentro da taça dourada da esposa de Etar, que a engoliu junto
com o vinho.
Nove meses depois, nasce como
filha de Etar, e de novo recebe o nome de Etain. Ao crescer, tornou-se a mulher
mais bela de toda a Irlanda. Com a maioridade, casou-se com o rei Eochaid,
que tinha sua corte em Temhair (Tara).
Durante a festa do casamento, o
irmão menor de Eochaid, Aillel, acabou subitamente preso ao amor e um desejo
desesperado por Etain. Ao ser rejeitado, uma enfermidade mortal se apoderou
dele. O médico do rei que ele sofria do mal de amor, mas Eochaid estava muito
preocupado com o irmão.
Chegou um dia em que Eochaid teve
que partir para fazer uma jornada por toda a Irlanda para receber a homenagem
dos reis tributários, e entregou Ailell aos cuidados de Etain enquanto durasse a
sua ausência. Etain fez tudo o que pode por Ailell, mas ele já estava às portas
da morte. Ao fim descobriu descobriu que era o amor não correspondido por ela
que o tornava enfermo. Então, muito triste, convenceu-se que o único modo de
curá-lo seria ceder ao seu desespero, por isso marcou um encontro na manhã
seguinte em uma colina fortificada fora da cidade.
Ailell estava em êxtase e passou
quase toda a noite sem dormir, mas quase ao amanhecer o sono apoderou-se dele e
não acordou não conseguiu acordar para o encontro. Entretanto, Etain acordou
cedo e foi para colina esperá-lo. E, no momento que havia combinado de
encontrar-se com Ailell, viu um homem parecido com ele e que avançava até ela
demonstrando muita dor e debilidade, mas quando ele chegou mais perto viu que
não era Ailell. Se olharam um ao outro em silêncio, e o homem foi em seguida
embora.
Etain aguardou mais um
pouco e logo decidiu voltar à sua residência, onde encontro Ailell recém
acordado e furioso consigo mesmo. Explicou a Etain o que tinha acontecido e
marcaram novo encontro para a manhã seguinte, mas no dia seguinte ocorreu o
mesmo. E na terceira manhã Etain falou com o estranho.
-"Tu não és o homem com o qual
estou aqui para me encontrar", disse, "eu não venho aqui pelo passeio, mas sim
para curar um homem que está enfermo por minha causa."
-"Seria melhor que venhas comigo,
pois eu fui teu primeiro marido faz muito tempo."
-"Qual teu nome?", perguntou ela
-"Isso é fácil de dizer. Sou
Midhir de Bri Leith"
-"E como é que fui afastada de
teu lado?"
-"Fuamach, minha primeira esposa,
te lançou um feitiço e te expulsou da Terra de TIR NANOG. Queres voltar comigo
Etain?"
-"Não posso abandonar Eochaid, o
Rei Supremo, para partir com um estranho', afirmou Etain.
-"Fui eu quem colocou o desespero
em Ailell e fui eu que o enfeitiçou para que ele não acorde, assim tua honra
ficará a salvo."
E era fato, pois quando Etain
voltou a encontrar-se com Ailell, o desespero lhe havia abandonado e estava
totalmente curado. Contou-lhe então o que tinha acontecido e ambos alegraram-se
por terem evitado uma traição contra Eochaid. Porém, depois que este regressou e
lhe contaram tudo o que se sucedeu, ele agradeceu muita a Etain por sua bondade
para com Ailell.
Mdhir apareceu mais uma vez a
Etain e pediu-lhe mais uma vez para regressar com ele. Ela se negou a abandonar
Eochaid.
-"Se ele te entregar a mim? Virás
comigo?"
"Sim, irei", respondeu Etain.
Pouco depois, o estrangeiro se
apresentou a Eochaid e o desafiou a três partidas de xadrez. Jogaram com
apostas, porém, de acordo com o costume, àquelas eram fixadas pelo ganhador
depois da partida.
Eochaid ganhou duas vezes, e
impôs prêmios muito altos, o primeiro um grande tributo de cavalos, o segundo
três tarefas cuja realização Midhir necessitou de todas suas tropas feéricas.
Mas a terceira partida foi ganha por Midhir que pediu a esposa de Eochaid. Este
se negou e Midhir modificou a proposta, pedindo somente o direito de abraçá-la e
lhe dar um beijo. Eochaid concordou, mas lhe pediu um mês para satisfazer sua
petição.
Ao finalizar esse tempo, Midhir
se apresentou. Eochaid havia reunido ao seu redor todas as suas forças e guardou
as portas, enquanto Midhir ia entrando, para evitar que se aproximasse de Etain.
Midhir sacou sua espada com a mão esquerda e abrindo caminho chegou até Etain.
Com o braço direito abraçou-a e a beijou. Logo ambos elevaram-se do chão e
transformados em cisnes brancos, ligados por uma corrente de ouro, voaram sobre
o Palácio de Tara até Bri Leith, A Terra da Juventude.
Esse não foi o final da história,
pois Eochaid não conseguia viver sem Etain e recorreu ao chefe dos druidas, que
utilizando-se de toda a sua magia, descobriu que a jovem estava no centro da
Irlanda, dentro da fortaleza do rei Midhir. Eochaid declarou guerra ao reino das
fadas e dos elfos, causando grandes destruições, até que Etain lhe foi
devolvida. Porém a cólera dos Tuatha de Danann contra Eochaid e todos os seus
descendentes seguiu viva a causa do grande dano que haviam infligido a terra de
Tir Nan Og (A Terra da Juventude).
Essa história é um exemplo do
tratamento sutil e poético que recebem os temas dos Seres Feéricos Heróicos nas
lendas irlandesas. O desafio em partidas de xadrez aparecem em muitas lendas e
contos de fadas célticos. O tema da reencarnação também é bem freqüente, nas
lendas antigas.

DEUSA DA SOBERANIA E DA
BELEZA

Etain é a Deusa da graça, beleza
e soberania. Heroína de um antigo mito, é um exemplo de reencarnação, renascida
com a mesma identidade do seu "eu" original. Está associada com o Outro Mundo,
uma portadora de éguas brancas, com olhos azuis e flores de maça
Ela, em sua primeira vida
foi a segunda esposa de Midhir, um Deus Gaélico do Mundo Inferior. Midhir era o
filho de Dagda e Boann, irmão de Angus, O Vermelho, Ogma e Bridgit. Era um "bard",
ou seja, um jogador de xadrez que gostava de jogar com apostas altas. Rei das
Terras Encantadas de Bri Leith, possuía três vacas, um caldeirão mágico e as
"Três Garças da Negação e Rudeza". As três garças ficavam ao lado da porta
de Midhir, e quando alguém viesse pedir abrigo, a primeira dizia:
-"Não venha! Não venha!".
Então a segunda garça dizia:
-"Vá embora! Vá embora!".
A terceira acrescentaria:
-"Passe ao largo da casa! Passe
ao largo da casa!".
Etain é uma Deusa Celta, cujo
nome significa "A Brilhante". De acordo com os mitos era extremamente linda e,
por causa desse excesso de beleza foi punida e teve que passar por muitas
transformações, pois era uma ameaça para as outras mulheres. Foi expulsa de Tir
Nan Og (A Terra da Juventude) na forma de uma borboleta e em uma terra distante,
começa uma nova vida com uma outra forma, agora no tempo linear mortal.. No
entanto, nunca perdeu sua beleza ou deixou de "brilhar".

ARQUÉTIPO DA TRANSFORMAÇÃO
Essa é uma história que nos
dá a percepção da admirável maneira com que o tempo eterno está entrelaçado com
o nosso tempo humano. Sugere ainda, que há um ritmo diferente no tempo eterno
que habita nossas almas e onde não estamos sujeitos às devastações do tempo
normal. Esse pensamento já nos proporciona um grande consolo, pois os
acontecimentos da nossa vida não desaparecem. Nada jamais será perdido ou
esquecido. Tudo será armazenado dentro da alma no templo da memória.
Para todos nós, existiu a
primeira infância, quando somos crianças e ela se baseia na confiança ingênua e
o desconhecimento. A segunda infância surge bem mais tarde, quando já tivemos a
oportunidade de vivermos intensamente. É aqui que conhecemos a desolação da
vida, sua incrível capacidade de decepcionar e, muitas vezes, de destruir.
No entanto, apesar desse
reconhecimento realista do potencial negativo da vida, ainda devemos conservar
um modo de ver sadio, esperançoso e animado. É importante vislumbramos nosso
passado com uma perspectiva integradora, uma forma de recuperar tesouros que
estavam ocultos nas dificuldades passadas.
Podemos, encarar ainda, a vida,
como um tempo de semear experiências, mas nunca deixando de colher essas
experiências, extrair seu significado e fazer os devidos melhoramentos ou
as devidas e necessárias transformações.
Todos nós carregamos um pouco da
saga de Etain, pois também resistimos as transformações que ocorrem em nossas
vidas. Muitas vezes, a dificuldade é a melhor amiga da alma, pois em tudo de
negativo que nos acontece, sempre haverá algo luminoso escondido.
Entretanto, muitas de nossas
dificuldades não nos dizem respeito. São dificuldades que atraímos por
intermédio da nossa atitude taciturna.
A sabedoria natural nos diz que a
maneira como somos para com a nossa vida é a maneira como a vida será para
conosco. Somente uma atitude compassiva e esperançosa trará até nós as coisas
que realmente necessitamos.

ETAIN - MUDANÇA E CRESCIMENTO PESSOAL
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Etain chega em nossas vidas,
para nos dizer que não importa como as tempestades da vida são lançadas em torno
da nós, pois no fundo de nossa alma, sempre brotará uma voz a nos dizer que
ainda há esperança.
A vida pode nos transformar,
nos balançar e até nos refazer. Mas a Deusa lembra-nos que sempre seremos tão
brilhantes quanto ela, física e espiritualmente. Nada que nos aconteça poderá
mudar nossa essência interna, a nossa individualidade.
A mariposa ou borboleta que
aparece na história de Etain é muito significativa, pois ela é símbolo de
ressurreição e de transmutação, equivalente a saída do túmulo ou da prova
morte-renascimento, nos ritos iniciáticos.
A crisália, "ovo" que contém toda a
potencialidade do ser, realiza uma metamorfose invisível e misteriosa, chegando
assim ao simbolismo da própria vida: a borboleta que sai dele é um ser novo, o
qual pode encarnar o renascimento da primavera, depois do inverno, de suas
germinações subterrâneas e misteriosas.
A saída da borboleta de sua crisália é a
subida do abismo, a passagem de um estado de existência para outro.
Não somente nosso corpo físico,
assim como nossa alma, mas também os projetos que fazemos na vida, passam por
vários estágios.
Podemos usar este mesmo
cronograma da borboleta para determinarmos exatamente onde nós estamos. Por
exemplo, nós temos uma idéia. Como ponto de partida, a idéia seria o "ovo".
Entraremos no estágio larval
quando nos decidirmos a colocar a idéia em prática;
a fase do casulo iniciaria
quando começássemos a fazer algo para torná-la realidade;
e o estágio de borboleta seria
quando trouxéssemos a idéia realizada e compartilhássemos com os outros.
Todos os quatros desses
estágios são as etapas necessárias que devem ser empreendidas para chegarmos a
transformação.
Hoje ou amanhã uma mudança
inevitavelmente acontecerá em nossas vidas, o melhor que temos a fazer é
aceitá-la.
A maioria das vezes, a mudança
ocorre de forma consciente, ou seja, nos dá a oportunidade da decisão.
Entretanto, outras vezes, quanto trata-se da realização de um sonho, ou escolha
de um objetivo, um relacionamento ou ainda, da escolha de uma profissão, por
exemplo, atitude essa, que pode mudar totalmente nossa vida, poderemos de
repente, nos sentirmos incapazes de tomarmos uma decisão. Pisar em terreno
desconhecido sempre envolve riscos e nossa resistência a esses risco podem se
demonstrar de diversas maneiras: nos sentirmos inaptos para assumir a
grandiosidade do compromisso, termos decréscimo da nossa auto-estima, cairmos em
profunda depressão, etc.
Quando isso acontece, nós
usamos essa falta de resistência como uma desculpa para não mudar ou seguir em
frente. Essa é uma característica do povo brasileiro que sempre alega que "não
se mexe em time que está ganhando", ou seja, cria resistência às mudanças,
preferindo a comodidade. Mas o que se faz realmente, é criar uma ilusão de
segurança. Usamos a resistência para mascarar o nosso medo.
Como seres humanos todos nós
temos medos, alguns muito reais, outros fantasiosos. Mas quando nos rendemos ao
medo, paralisamos nossa vida.
Não encarando e partindo para a
luta contra nossos medos, ficaremos sentados na janela "vendo a banda passar",
como já cantou nosso amigo Chico, deixando de apreciar diferentes panoramas
através de outras janelas do assombro e da possibilidade.
Nós sabemos, que no mundo
atual, a segurança é realmente só uma ilusão e não podemos viver à sombra de
falsas garantias.
Um dos aspectos essenciais para
que se opere uma mudança em nossa vida é despertar a capacidade de aceitar o que
é difícil e deixarmos de sermos o maior obstáculo de nós mesmos.
"Uma dificuldade é uma luz;
uma dificuldade intransponível é o sol". Paul Valéry

ETAIN E O CISNE

O cisne é também uma presença
simbólica na história de Etain. Os cisnes são símbolos de amor, da beleza, das
transições, da evolução espiritual e da fidelidade. O cisne ensina-nos a sermos
fiéis a quem verdadeiramente somos e como uma ave de luz, traz primavera e
renovação às nossas vidas.
Na mitologia celta, o cisne é
um dos aspectos mais freqüentes tomados pelos seres do Outro Mundo,
particularmente pelas mulheres de Sidhe. Além de Midhir, Fand, Libânio e
Derbforgail, entre outros, recorreram a essa aparência. Esses seres do Outro
Mundo, na forma de cisnes, viajam, a maioria das vezes, aos pares, sempre
ligados por uma corrente de ouro ou prata.
Em muitas obras da arte celta
figuram dois cisnes, cada qual de um lado da barca solar, que eles guiam e
acompanham pelo mar celeste.

CONVITE À DEUSA
Convide a Deusa Etain para
participar de sua vida sempre:
Quando você estiver muito cansada ou chateada com a
vida;
Quando você esquecer quem você realmente é.
Convide a Deusa Etain, quando a única força que lhe
restar servirá para balbuciar seu nome.
Etain jamais a abandonará e virá para trazer à sua
vida todo seu poder de transformação.
CONVIDE ETAIN!
Seu grande e solidário amor a cercará e lhe dará
muita paz.
Texto pesquisado e desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO
Bibliografia:
Hadas y
Elfos - Édouard Brasey
Enanos y Gnomos - Édouard Brasey
La Mujer
Celta - Jean Markale
Diccionario de Las Hadas - Katharine Briggs
El Gran Libro de la Mitologia - Diccionario Ilustrado de
Dioses, Heroes y Mitos - Editora Dastin; Madrid
Os Mistérios Wiccanos - Raven Grimassi
Livro Mágico da Lua - D. J. Conway
Explorando o Druidismo Celta- Sirona Knight
O Livro da Mitologia Celta - Claudio Crow Quintino
O Amor Mágico -Laurie Cabot e Tom Cowan
Hadas - Jesus Callejo
Os Mitos Celtas - Pedro Pablo G. May
Diccionario Espasa - J. Felipe Alonso
A Deusa Tríplice - Adam Mclean
Hadas - Montena; Brian Froud y Alan Lee

 
 
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