DEUSA DOS GRÃOS
O povo grego, ano após ano, via,
com natural pesar, os dias
brilhantes do verão desvanecer-se
com a tristeza da estagnação do
inverno.
Ano após ano, saudava a explosão
de vida e cores da primavera..
Habituado a personificar as
forças da natureza e a vestir
suas realidades com roupagem de
fantasia mítica, ele criou para
si um panteão de deuses e deusas,
de espíritos e duendes, que
oscilavam com as estações e
seguiam as flutuações anuais de
seus fados com emoções alternadas
de alegria e tristeza, que
expressava na forma de ritual e
de mito. Um destes mitos é o da
Deusa Deméter.
O mais antigo documento que narra
este mito é o belo "Hino à
Deméter" homérico, que nos fala
tanto da Deusa Deméter como de
sua filha Perséfone. O objetivo
deste poema é explicar a origem
dos mistérios de Elêusis.
A jovem Perséfone, diz a
narrativa, encontrava-se colhendo
flores, quando a terra se abriu e
Plutão (Hades), Senhor dos
Mortos, arrebatou-se levou-a para
ser sua noiva e Rainha do
Subterrâneo.
Sua mãe Deméter, em meio a dor e
ao trauma emocional, retirou toda
a energia vital da terra, não
deixando que nenhuma semente
germinasse. Teria a humanidade
perecido de fome, se Zeus,
alarmado não tivesse ordenado a
Plutão que libertasse Perséfone.
O Senhor dos Mortos, antes de
enviar sua rainha ao ar livre,
deu-lhe uma semente de romã para
comer, o que faria com que ela
voltasse para ele. Assim, foi-lhe
permitido voltar para Deméter
durante seis meses do ano. Os
outros seis meses ela passaria ao
lado de Plutão.
Com a satisfação de recuperar a
filha perdida, Deméter fez com
que os cereais brotassem
novamente e com que toda a Terra
se enchesse de frutos e flores.
Imediatamente mostrou esta feliz
visão aos princípios de Elêsis,
Triptolemo, Diocles e ao próprio
rei Celeu e, além disso,
revelou-lhes seus sagrados ritos
e mistérios.
Deméter passou a ser a Grande
Deusa que criou a agricultura,
instituiu a ordem social e por
seus ritos de mistérios em
Elêusis.
Deméter surge em nossas vidas
para nos dizer que é hora de
reconhecermos e expressarmos
nossos sentimentos. Sentimentos,
como a própria palavra diz, é o
que se sente. Emoções são a
manifestação dos sentimentos. Os
sentimentos crescem em seu
interior tal qual uma árvore.
Chega o momento em que se você
não colocá-los para fora, podem
provocar doenças e bloquear o
fluxo da energia sã. A maioria
das pessoas têm medo de
demonstrar seus sentimentos e
acabam perdendo toda a emoção da
vida. Deméter nos afirma, que
quando você aceitar e aprender a
reconhecer seus sentimentos, mais
energia terá para viver a vida.
No momento que você aceitar e
respeitar os seus sentimentos,
mais seguro se tornará
expressá-los.
DEUSAS DOS GRÃOS DE VÁRIAS TERRAS

Se a Europa tinha sua deus-mãe
do trigo e da cevada, a América
tem sua deusa-mãe do milho e as
Índias Ocidentais, a deusa-mãe do
arroz.
DEUSA CHICOMECOATL (ASTECA)

A sua festa é a quarta do ano
asteca e tinha o nome de "grande
vigília". Os mexicanos a
concebiam sob a forma de uma
mulher de rosto, braços e pernas
vermelhas, com uma coroa de papel
pintado de vermelhão e vestida
com roupas de cor de cereja.
Tinha, entretanto, o cabelo
amarelo de Deméter.
Era costume nesta festa, levar
para o templo da deusa as espigas
de milho que iriam ser usadas na
semeadura. Eram levadas em grupo
de sete e embrulhadas em papel
vermelho, por três virgens. Uma
das moças era pequena e usava
cabelo curto, outra era mais
velha com cabelos longos e a
terceira já adulta tinha o cabelo
preso em volta da cabeça. Penas
eram colocadas nos braços e
pernas e seus rostos eram
pintados, provavelmente para se
assemelharem à deusa vermelha do
milho, a quem deveriam
personificar nas várias fases do
crescimento do cereal.
CRENÇAS DOS ÍNDIOS DA AMÉRICA
DO NORTE

Os índios do leste da América
do Norte, acreditavam que o
espírito do milho tinha se
originado do sangue da mulher dos
grãos. Nas fórmulas sagradas dos
cheroquis, o cereal por vezes é
invocado como a "mulher velha" e
um dos seus mitos conta como um
caçador viu uma bela mulher sair
de um pé de milho.
Os iroqueses acreditavam que o
espírito dos grãos, o espírito
das vagens e o espírito das
abóboras eram três irmãs vestidas
de folhas que se amavam muito e
gostavam de viver juntas. Essa
trindade divina é conhecida pelo
nome de "De-o-ha'-ko", ou seja,
"nossa vida". As três pessoas da
trindade não têm nomes
individuais e não são nunca
mencionadas separadamente.
Os índios contavam uma lenda
segundo a qual o milho era
cultivado com facilidade, até que
o "Maligno", invejoso de seu útil
dom concedido ao homem pelo
Grande Espírito, lançou sobre os
campos uma praga. E, ainda hoje,
quando o vento faz farfalhar o
milho, o índio julga estar
ouvindo o espírito do milho
lamentando a fecundidade perdida.
Texto pesquisado e
desenvolvido por
Rosane Volpatto
Fonte Bibliográfica:
O Ramo de Ouro - James George
Frazer
Incas e Astecas - Jorge Luiz
Ferreira
 
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