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CIBELES, MAGNA MATER

Nos tempos dos gregos e romanos, Cibele era
chamada de A Mãe dos Deuses. O grande Sófocles a chamava de a Mãe de Tudo.
Seu culto teve início na Anatólia Ocidental e
na Frígia. Cibele era conhecida como "A Senhora do Monte Ida", uma
grande montanha no oeste de Anatólia.
A montanha, a caverna, os pilares de rocha e
rochedo, são locais numinosos, de uma vitalidade pré-orgânica, que foram
vivenciados em participação mística com a Grande Mãe, na qualidade de trono,
assento, moradia, e como encarnação da própria Deusa.
Cibele era a Deusa dos mortos, da fertilidade,
da vida selvagem, da agricultura e da Caçada Mística. Sua conexão com as Deusas
gregas é clara, pois Ártemis, a grande Deusa da natureza selvagem, era um de
seus nomes, e Afrodite, no hino homérico, também vai ao monte Ida de numerosos
mananciais seguida de animais selvagens. O hino homérico a denominava Mãe dos
Deuses e a canta com essas palavras:
"Canta-me, Musa da voz clara, filha do grande Zeus, a Mãe de todos os
deuses e de todos os homens, a que agrada o estrondo dos crótalos e tamborins,
assim como o rumor das flautas, a gritaria dos lobos e dos leões de feroz
olhar...."
Tamboretes, pratos
(crótalos) e
tambores eram utilizados em seus rituais. Uma estátua grega mostra a Deusa
sentada em um trono e ladeada de leões.
Um hino dedicado a ela no século II d.C., procede de Pérgamo, a descreve
sentada em uma carruagem, ocupando o trono central entre os cosmos e a terra,
identificando-a como Senhora dos Rios e dos Mares.
Era ainda, representada como uma mulher madura,
com grandes seios, coroada com espigas de trigo, vestida com flores e folhas e
carregando várias chaves. Os romanos decoravam suas estátuas com rosas. O culto
de Cibeles tornou-se tão popular que o senado romano, a despeito de sua política
permanente de tolerância religiosa, se vira obrigado, em defesa do próprio
Estado, a por cabo à observância dos rituais da Deusa-Mãe.

A ORIGEM DO NOME CIBELES
O nome "KYBÉLE" foi o nome mais freqüente dos tantos que recebeu a Deusa,
desde sua chegada à Grécia. Mas, talvez seja possível que a forma mais antiga do
nome de Cibeles fosse Kubaba po Kumbaba (Kubebe em grego) que, curiosamente, soa
como Humbaba, o guardião do bosque no "Poema de Gilgamesh". O culto de Kubaba
aparece em Karkemis, no extremo oriental do império hitita, perto do Eufrates.
Parece desenvolver-se nessa região para depois trasladar-se até o oeste, até a
hitita Bogazkoy, e mais tarde Peisinunte, Pégamo e Roma.
É possível que a raíz do nome Kubaba seja "kube" ou "kuba", que significa
cubo e isso sugere uma conexão com o meteorito ou pedra cúbica adorada como
imagem da Deusa até o aparecimento do islamismo.
Kubaba pode significar também, uma cova ou vasilha oca. Os santuários de
Cibeles, se situavam, as vezes, perto de uma rocha ou dentro de uma cova ou
gruta. É possível, portanto, que Kubaba ou Kumbaba sejam um nome hitita da
Deusa; uma estátua sua na cidade de Karkemis a mostra com a frente coberta por
um tocado alto adornado com rosas da qual surge o que se parece ser uma
serpente. Rosas e granadas serão parte de sua iconografia em Roma, uns dois mil
anos mais tarde. Uma inscrição acádia falada em Ugarit, na costa síria, e datada
dos séculos XIV-XII a. C., leva essas palavras:
"A senhora Kubaba, senhora da terra de Karkemis". Foi encontrado em
Karkemis o templo de Kubaba e figura em mais de quarenta referências como
"Rainha de Karkemis".

CIBELES EM ROMA
Roma foi tolerante com as deidades de fora e inclusive as assimilou.
Cibeles foi trasladada a Roma desde do frígio monte Ida em 204 a.C., depois de
que uma Sibila de Cumas predisse que sua presença era a única maneira de
derrotar os exércitos conquistadores comandados por Aníbal.
A princípio o monarca frigio Atalo recusou a solicitação de que a imagem
do culto abandonasse seu reino e só cedeu quando a própria Cibeles fez uma
aparição e afirmou que desejava ir. Aníbal foi derrotado e abandonou o
território itálico em 203 a.C.
Há nenhum romano era permitido fazer-se sacerdote de Cibeles ou tomar
parte de suas procissões até que na época imperial, o culto de Cibeles se
converteu em parte à religião oficial romana. Augusto, o primeiro imperador romano, considerou
a Cibeles a deidade suprema do império e a sua esposa, Livia, como encarnação
terrena da divindade. Denominaram a Cibeles Magna Mater ("grande mãe") e "Mãe de
Todos os Deuses". A língua do culto seguiu sendo grega, tanto em Roma como
no resto do império. Seu templo construído em Roma no breve período de treze
anos para alojar a pedra negra, permaneceria ali até o século V d. C., embora
tenha sido destruído várias vezes pelo fogo.
Durante o período romano três cidades veneraram especialmente a Cibeles:
Tróia, Pégamo e Pesinunte.
O foco principal da mitologia de Cibeles era a morte e a ressurreição de
seu filho-amante Atis. Esse mito estava relacionado com o mito mesopotâmico de
Inanna e Dumuzi. Nos tempos romanos, se apresentava com um par de leões ou os
leões conduziam sua carruagem.
Os romanos adornavam as estátuas de Cibeles com rosas, como faziam com
Afrodite. Parece possível que, na época em que seus mistérios se celebravam em
Roma, o simbolismo da rosa começara a desenvolver-se como imagem de
ressurreição, e do jardim de rosas como símbolo de mundo sagrado ou da dimensão
oculta da Deusa.
A combinação de rosas e leões pode parecer um pouco esquisita. No entanto,
é provável que o carro de Cibeles tirado por leãos acabou coberto por montões de
rosas, jogadas por seus devotos, enquanto passava pelas ruas de Roma.
Foi injuriada pelos primeiros cristãos apesar de que no século II Montano,
sacerdote da divindade, criou uma seita cristã baseada na identificação de Jesus
com Atis, o filho de Cibeles. No século IV condenaram por hereges os montanistas.

OS RITOS DE CIBELES

Cibeles possuía seus próprios Mistérios
sagrados, do mesmo modo que as Deusas Perséfone e Deméter. Suas cerimônias eram
celebradas à noite, pois ela era a Rainha da Noite. Era também conhecida por
possuir uma profunda sabedoria a qual compartilhava apenas com seus seguidores
legítimos.
Homens esmasculados dedicados ao seu culto eram
considerados encarnações de seu filho Atis, um deus lunar que usava a lua
crescente como uma coroa de uma maneira muito própria, sendo tanto filho como
amante de sua mãe Cibeles, a Deusa da Lua.

Mas no culto de
Cibeles foi dada grande
proeminência a um elemento especial. O terceiro dia da festa era chamado "dies
sanguinis". Nele a expressão emocional por Átis alcançava o máximo. Cantos e
lamúrias misturavam-se, e o abandono emocional levava a um auge orgiástico.
Então, num frenesi religioso, os jovens começavam a se ferir com facas; alguns
até executavam o sacrifício último, castrando-se frente à imagem da Deusa e
jogando as partes ensangüentadas sobre sua estátua. Outros corriam sangrando
pelas ruas e atiravam os órgãos em alguma casa por onde passassem. Esta casa era
então obrigada a suprir o jovem com roupas de mulher, pois agora havia se
tornado um sacerdote eunuco. Depois da castração usavam cabelos longos e
vestiam-se com roupas femininas.
Neste rito sangrante, o lado escuro ou inferior
da Grande-Deusa é claramente visto. Ela é verdadeiramente a Destruidora. Mas,
muito estranhamente, seus poderes destrutivos parecem ser dirigidos quase que
tão somente para os homens. Eles, quando escolhidos, precisavam sacrificar sua
virilidade completamente e de uma vez por todas, num êxtase louco onde a dor e a
emoção misturavam-se. Mas...como diziam os primitivos: "a Lua
é destrutiva para os homens, mas é de natureza diferente para as mulheres,
apresentando-se como sua patrona e protetora."
A "semana Santa" cristã coincide com a semana que antigamente se dedicava
aos ritos de Cibeles e Atis. As sacerdotisas de Cibeles se dava o nome de "melissae",
abelhas, a mesma palavra que designava as sacerdotisas de Ártemis e Perséfone.
A flauta dupla era um instrumento musical que se usava nos rituais de
Cibeles. Durante toda a sua história, a imagem de Cibeles é inseparável da
música.

ATIS

Abundam as lendas sobre a origem de Atis. A história mais antiga relata
que Cibeles era andrógina, e e quando seus genitais masculinos amputados tocaram
o solo cresceu uma amendoeira: seus frutos geraram Atis.
Algumas lendas contavam que era filho de um rei, ou um menino abandonado,
como Moisés o Sargão de Acad. Porém, também se dizia que a Atis se deu a morte
por um erro, como a Adonis, e que o homem que o matou, acabou se suicidando como
Judas.
Em algumas ocasiões, há relatos que narram a dor da Deusa pela morte de
Atis; outras vezes, descrevem sua ira vingativa ao apaixonar-se por ele uma
mulher mortal.
Outras lendas ressaltam a figura do pinheiro, embaixo do qual se
encontrava quando se castrou ou foi castrado por uma foice.
Está claro, que todas essas lendas e imagens diferentes apontam um culto
muito antigo, em que cada lugar teria sua própria versão do mito. A referência
escrita a Atis mais antiga aparece em uma comédia grega do século IV a.C., em
que um javali mata um jovem chamado Atys.
A maior parte das imagens de Atis são da época romana. Nelas, ele é
descrito usando: um gorro frigio pontiagudo, uma camisa solta, as vezes aberta,
de forma a deixar a barriga descoberta, um manto ou uma calça folgada. Também é
representado como um pastor, igual a Dumuzi, que carrega um cajado e
transportando um cordeiro nos ombros, como a imagem do "bom pastor". Pode
cavalgar sobre o carneiro ou conduzir um carro tirado pelos carneiros. Toca um
sino ou uma flauta de sete tubos. Raios de sol, espigas de trigo ou frutas
surgem de seu gorro, proclamando-o um deus solar e deus da regeneração. Em seus
rituais o chamavam "o talo do cereal" ou "a espiga de trigo" e seus símbolos era
a pinha e a romã. Como Dumuzi e Tamuz, era o senhor do gado, das ovelhas e das
plantas. Está relacionado também com Eón, o deus do tempo, e com os deuses
Dionisio e Orfeu.
A relação entre Cibeles e Atis confirma uma vez mais a imagem do
matrimônio sagrado entre a Deusa e o Deus, ou entre a Deusa e o rei, que
antigamente personificava ao Deus do ano, que era sacrificado e desmembrado,
real ou simuladamente, durante o ritual primaveril de fertilidade.
Em Roma, os Mistérios de Atis se celebravam de 15 a 29 de março, enquanto
que os de Cibeles tinham lugar em abril. Em 15 de março se levavam juncos
cortados em procisão pela cidade, talvez para recordar os juncos do rio Gallus
em Frigia, onde, segundo uma lenda, Atis foi encontrado menino e criado por
pastores. Originalmente, o próprio Atis se havia encarnado em juncos. Em 22 de
março se cortava um pinheiro dos muitos que cresciam no arvoredo sagrado perto
do templo de Cibeles. Era então decorado com tiras e violetas, porque se dizia
que dessa flor brotava o sangue do deus. O pinheiro, de folha perene,
simbolizava a vida eterna. Dessa forma se chorava a Atis, deus da vegetação
morto e ressuscitado.
Em 24 de março, o dia do sangue, o dia da lamentação pela morte de Atis se
celebrava o "taurobolium", o sacrifício do touro, e suas genitais eram
oferecidas à Deusa. Nesse dia os sacerdotes se flagelavam, roçando o altar e a
efígie de Atis com seu sangue, e os devotos se castravam. Esses ritos
representavam o desmembramento do deus, força vital da terra; dito
desmembramento era encenado de maneira parecida com os rituais dionisíacos e
órficos, e muito provavelmente também nos rituais cananeus detestados pelos
profetas.
Se colocava a Atis em sua tumba na véspera de 15 de março, quatro dias
depois do equinócio da primavera (HN), ao acabar um período de jejum e
abstinência de 9 dias. Se celebrava uma vigília que durava toda a noite
"sagrada", até de manhã, que o sumo sacerdote saudava com essas palavras:
-"Sintam-se animados, novícios, por que o deus está salvo. A libertação de
sua aflição também chega até nós".
Nesse dia se iniciava a festa da Hilaria, a Festa da Alegria, que
celebrava o retorno de Atis de entre os mortos. Para o povo, Hilaria era um dia
de carnaval, festejos, bebida e libertinagem generalizada. O último dia da festa
era o descanso, e a efígie da Deusa, as vasilhas sagradas e os instrumentos
ritualísticos eram levados ao rio para serem lavados em uma cerimônia chamada "Lavatio".

ARQUÉTIPO MÃE-AMANTE

O primeiro amor na vida de um homem é a própria
mãe. No recôndito de sua alma, ele ficará sempre ligado a esse primeiro amor, e
nunca irá esquecê-lo, mesmo que não tenha consciência do fato. Assim, ele passa
a vida tentando reencontrar esse primeiro, único e afortunado amor. Ele o busca
em outras mulheres ou em seus ideais. Nunca o homem consegue superar a decepção
que sua mãe lhe proporciona no momento que o abandona ao se dedicar a qualquer
outra pessoa, como o pai, um irmão ou irmã. Para o filho, a mãe é o único e
verdadeiro amor, portanto, ela também deve permanecer sua única amante. É isso
que todo homem, muitas vezes de maneira completamente inconsciente, sente nas
profundezas de sua alma.

O homem precisa da mulher. Todavia, nenhuma é
como aquela que ele amou primeiro. Se o homem não consegue renunciar ao primeiro
objeto de amor de sua vida, a mãe, embora com muito pesar, sem ódio, e se
dedicar afetivamente a outras pessoas, ele fica preso na cilada desse primeiro
relacionamento, e sua vida vai ser de algum modo infeliz ou insatisfatória. O
que deve fazer é vivenciar positivamente este arquétipo materno. Os atributos do
arquétipo materno são, conforme Jung salienta: “o “maternal”, simplesmente
a mágica autoridade do feminino; a sabedoria e a elevação espiritual além da
razão; o bondoso, o que cuida, o que sustenta, o que proporciona as condições de
crescimento, fertilidade e alimento; o lugar da transformação mágica, do
renascimento, o instinto e o impulso favoráveis; o secreto, o oculto, o obscuro,
o abissal, o mundo dos mortos, o devorador, sedutor e venenoso, o apavorante e
fatal.”
O homem não deve esquecer que a mãe é amor,
deleite, bem-aventurança, significado central para toda a humanidade.
O homem, filho amado de sua mãe, livre dos
laços deste primeiro amor, deve seguir seu caminho e com isso fica livre para
distribuir o amor, que de outra maneira ficaria aprisionado na união com sua
mãe.

RITUAL DA LUA NOVA

Para ter uma questão respondida, ou perguntar
sobre a sua vida de modo geral, realize este ritual na noite de Lua Nova.
Tome um banho ritual de limpeza e vista-se com
uma túnica escura ou mesmo nu. Abra o círculo como de costume, ou ao menos
consagre sal e polvilhe ao redor de sua área de trabalho. Acenda uma vela preta
de cada lado do altar. Deixe preparado um incenso apropriado. Coloque suas
cartas de tarô ou suas runas no centro do altar. Deixe seu bastão ao lado das
cartas. De pé, com os braços estendidos, diga:
O ciclo da Lua fecha-se mais uma vez.
A Lua oculta sua luz aos não-iniciados.
Aqueles que seguem os Antigos Caminhos sabem que
seu poder não desapareceu, nem diminuiu.
A sabedoria da Mãe Obscura está à disposição dos
que realmente a procuram.

Bata três vezes com seu bastão:
Ouça-me, ó Guardiã da Sabedoria.
Minha voz voa pela noite até você.
Mostre-me novos caminhos a seguir
Para mudar minha vida e torná-la nova.
Acenda o incenso e erga-o sobre o altar:
Trago uma oferenda, bela e fina.
O aroma se ergue ao ar.
Para alcançar seus domínios
Abençoa-me ó Senhora da Lua Escurecida.

Bata mas cartas ou no saco de runas por três vezes
com seu bastão e, em seguida, circunde-o no sentido horário três vezes usando o
bastão. Bata mais três vezes, para atingir o número nove, um número lunar.
Deixe o bastão de lado e embaralhe as cartas ou
misture as runas.
Divida as cartas em três montes, da esquerda para
a direita; ou deite três runas, da mesma forma. À esquerda, o passado, no meio,
o presente; à direita, o futuro.
Vire a carta superior de cada monte e analise o
que vê. Esteja aberto, mesmo se não compreender a mensagem. Fará sentido mais
tarde. Vire uma segunda carta em cada monte e pense no que vê. Repita pela
terceira vez. Se algo não estava claro na primeira carta, provavelmente estará
agora.

Se desejar usar tanto o tarô quanto as runas, vire
a primeira leva de cartas. Escolha a seguir uma runa e deite-a próxima a cada
carta virada. Por fim, deite uma segunda leva de cartas.
Isso também vale para mais de um baralho de tarô
ou tipo de baralho. Por exemplo, pode-se utilizar um tarô padrão, as cartas
Medicinais e as cartas Portal das Estrelas.
Anote o que lhe foi revelado. Assim, será mais
fácil lembrar e compreender os eventos quando
estes começarem a acontecer no futuro.
Texto pesquisado e desenvolvido por

Rosane Volpatto
Bibliografia consultada:
El mito de la Diosa - Anne Baring/Jules Cashford
La Diosa - Shahruk Husain
Mitologia Universal - Neil Philip
A Grande Mãe - Eric Neumann
El Mito de la Diosa - Anne Baring/Jules Casford

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