
DEUSA ARIANRHOD
Arianrhod
é a guardiã da "Roda de Prata",
ou "Disco de Prata", que é uma roda de prata com oito raios que representam a
roda das estrelas. "Arian" significa "prata" e "rhod" significa roda ou disco.
Considerada
uma Deusa do Amor e da Sabedoria, ela representa os elementos
Ar e Água. É igualmente Deusa da reencarnação,
do tempo cósmico, do carma, da Lua
Cheia dos namorados e a Grande Mãe Frutuosa.
Essa Deusa era filha de Don, a Deusa-Mãe gaulesa (equivalente a Dana irlandesa)
e portanto, irmã de Gwydion, Gobannon e Amaethon. Gwydion é um Deus da bondade,
das artes, da eloqüência e magia, um mestre da ilusão e da fantasia, um auxiliar
da espécie humana, um príncipe dos poderes do ar, que como mago, pode transmutar
de forma.
Na tradição celta, essa
Deusa se apresentava de dupla
forma, como Virgem e Mãe, Padroeira da Lua, da Noite, da Sexualidade, da
Justiça, da Magia e do Destino. Mais tarde, é apresentada como uma Deusa-Mãe,
girando a Roda de Prata e transformando-a em uma barca lunar.
É importante lembrar que cada aspecto da Deusa representa um
aspecto que você pode reconhecer dentro de si mesma.

Essa
Deusa gaulesa é a figura
primal de poder e autoridade feminina, considerada a Deusa dos Ancestrais
Celtas.
Vive em um reino estelar, Caer Arianrhod, na constelação Corona Borealis,
onde fica seu palácio, com suas sacerdotisas e de lá
decide o destino dos mortos, carregando-os para a Lua ou para a sua constelação.
A Deusa portanto, doadora de vida e administradora da morte.
É ainda, uma Deusa de tudo que é eterno. O espírito de
Arianrhod é símbolo de profecia e sonhos. Ela controla a dimensão do tempo. O
viajante que a seguir deve estar com o coração e a mente aberta para seus
ensinamentos. Convide-a para ajudar-lhe com dificuldades passadas e para
contatar o "Povo das Estrelas".

A
Arianrhod é atribuído os poderes da coruja, que através de seus olhos vê o
subconsciente da alma humana. A coruja é um pássaro noturno que simboliza a
morte, renovação, sabedoria, a magia da lua e as iniciações.
Outros nomes
para Caer Arianrhod são: Tregar-Anhreg, Tregar Anthreg, Tregan Anhreg, Tregan
Amthreg, e Tregar Anthrod.
Os gauleses são os celtas mais populares do nosso
tempo, pois ficaram muito conhecidos através das histórias em quadrinho do
Asterix, que conseguiu popularizar muitos costumes celtas.
Arianrhod aparece no Mabinogion, uma coleção de relatos escritos entre o século
XI e XIII d.C., como mãe dos gêmeos Lleu Llow Gyffes e Dylan.

MABINOGION

O quarto relato do "Mabinogion" nos remete ao norte de Gales ou Cymry, tal como
dizem seus habitantes em gaélico.
Ali vivia o rei Math ab Mathonwy, Senhor
de Gwynedd, que tinha como consultor o irmão de
Arianrhod e procurava por uma nova esposa Virgem.
Gwydion sugeriu a irmã que se apresentasse ao rei
para uma entrevista. Ela foi e Math ao vê-la, perguntou-lhe:
-"És virgem?".
-"Naturalmente que sou", respondeu friamente
Arianrhod.
-"Terás que passar por uma prova, para tornar-te
minha esposa e mãe de meus filhos", e o rei depositou ao chão uma vara mágica e
disse:
-"Pisa sobre essa vara para provar que estás dizendo
a verdade."
Embora muito irritada com o insulto
Arianrhod
se submeteu ao tal teste, mas quando pisou no bastão, deu à luz a uma criança de
cabelo loiro. O recém-nascido chorava alto, quando a Deusa deu nascimento ao seu
gêmeo. O rei chamou de Dylan o primeiro bebê e jogou-o no mar.
Quanto a segunda criança,
Arianrhod que foi humilhada e ultrajada pelo rei Math, o
rejeitou com três maldições:
-"Ele jamais terá um nome e eu não lhe der um. Ele
jamais terá uma arma exceto se eu lhe der uma. Ele jamais terá uma esposa da
raça que agora habita a terra."
Gwydion, que ficou encarregado da criação do menino,
teve que trabalhar duro para livrá-lo da maldição da mãe. Certo dia, vestiu-se
de sapateiro,
fez o mesmo com a criança e viajou até Caer Arianrhod. Enquanto
Arianrhod experimentava os sapatos, a criança atirou
uma pedra em um pássaro e habilmente o atingiu. Arianrhod
comentou que o menino tinha excelente pontaria.
Mediante
essa inteligente estratagema,
Gwydion, conseguiu que Arianrhod o batizasse como Lleu Llaw Gyffes, o
"Menino do Cabelo Brilhante e Boa Pontaria".
A Deusa ficou furiosa, quando teve conhecimento da
verdade, mas jurou que ele jamais carregaria uma arma e nunca
poderia casar-se com uma mulher humana.
Outra vez Gwydion, quebrou a maldição, disfarçando Llew de viajante que procurou refúgio em
Caer Arianrhod. Quando lá
chegaram Gwydion criou a ilusão de uma poderosa esquadra de navios que avançava
sobre Caer Arianrhod. Quando a batalha iria
iniciar-se, Arianrhod pede ajuda aos refugiados,
entregando uma arma ao Llew disfarçado.
Cheia de raiva por ter sido enganada novamente, só
sobrou-lhe o conforto de saber que Llew jamais teria uma esposa.
Entretanto, Gwydion e o rei Math, através da mágica e
utilizando-se de flores,
criaram uma linda mulher chamada Blodeuwedd,
ou "Face de Flor". Lleu a tomou como esposa.
Humilhada por Math, impedida pelo filho e traída
pelo irmão, Arianrhod
recuou para o seu castelo Caer Arianrhod.
É possível observar, no relato, que quando Math faz
Arianrhod passar por cima da vara mágica, essa toma um sentido fálico, pois a
Deusa afirma ser virgem e fica por isso, surpresa ao dar à luz aos gêmeos. A
história da virgindade de Arianrhod, virgem sem sê-lo, mãe sem a ajuda do homem,
toca o problema essencial da Deusa Mãe: nas épocas em que a sociedade era
ginecocrática, a Deusa era única, era a Deusa Primordial, a Deusa dos Inícios.
Quando pouco a pouco a sociedade se converte em paternalista, se representa a
Deusa como um Deus Pai, com o qual compartilha a responsabilidade do mundo e da
vida: era o Casal Sagrado, como por exemplo, o casal formado por Ísis e Osíris.
Depois, na maioria dos casos, a Deusa desaparece para deixar seu trono ao Deus
Pai todo poderoso, do tipo jupiterino ou do tipo hebraico, onde o culto
masculino guerreiro conseguiu eliminar a Mulher.
Dando prosseguimento ao relato, vemos que Arianrhod,
rechaça seus filhos e mais particularmente Lleu. Aqui estamos diante de um
grande mistério, pois acredita-se que o pai dos gêmeos poderia ser o próprio
Gwydion. Se trataria pois, de um incesto fraternal, de uma
espécie de união sagrada entre irmãos, ambos filhos da Deusa Don. Mas porque
recusar os filhos?
Talvez Arianrhod tenha recusado os filhos, justamente
por ser virgem e, segundo a definição, uma mulher que não se submete ao homem,
portanto não tem nada o que fazer com os filhos, pois eles pertencem de pleno
direito à tribo. Uma segunda resposta para essa pergunta era que Arianrhod,
representante da antiga lei, não tem nada que fazer na nova sociedade regida por
homens e na qual ela só poderia ocupar uma posição subalterna, uma posição de
"mãe" submetida a uma autoridade paterna, pois sua qualidade de mãe responsável
a situaria automaticamente a um estado de inferioridade.

OS GÊMEOS
O segundo gêmeo Lleu
é a versão gaulesa do Lug irlandês. Ele foi um dos patronos da magia e um herói
solar. Ao casar-se com uma mulher que nasceu de flores, liga-se à terra. O
verdadeiro mago deve casar-se com a natureza para obter sua benção e seus
poderes, para poder aplicá-los corretamente.
Seu palácio próximo ao Lago de Bala é conhecido como
Mur y Castell. Seu animal totem é a águia.
Dylan, que foi o primeiro dos gêmeos a nascer, era
um Deus da Água, que podia nadar tão bem quanto um peixe e foi chamado de "O
Filho da Onda", porque nenhuma onda poderia se quebrar sobre ele. Era também um
Deus da magia, fertilidade e das crianças mágicas, que foi morto acidentalmente
pelo seu tio Gobannan.
Na história, podemos visualizar o grande poder do
feminino, que é portador de valores bem definidos, aos quais todo filho deve se
submeter. No tempo matrifocal (ginecocrática), era a mãe quem determinava a justiça. E, podemos
dizer, que ainda hoje a justiça é feminina, pois é a mulher que está sempre
ligada a Mãe-Terra e a Deusa-Lua. A mulher pode ser então criadora de vida,
doadora, afetuosa e boa, mas também pode ser aniquiladora do vida que gera,
terrível, devoradora e má. Esses dois lados de uma mesma mulher são muito
trabalhados em terapia.

DEUSA DA INICIAÇÃO FEMININA

Apenas um décimo da psique humana é consciente, todo
o resto são inconscientes. E toda nossa ciência e tecnologia foi construída com
à custa dessa visão unilateral, sem levar em consideração o lado inconsciente,
entretanto, o mundo inconsciente faz parte de nossa totalidade e está presente
em nosso comportamento e ações. A Deusa da razão nos deslocou para uma grande
armadilha, pois hoje presenciamos o desequilibrar do mundo que pode ainda acabar
com a total destruição do planeta terra.
Todos nós perdemos muito com a sociedade patriarcal,
pois ficamos defraudados da nossa própria identidade e integridade. Nós mulheres
somos as maiores vítimas, pois acabamos perdendo a consciência de "ser mulher",
cabendo-nos a difícil escolha: permanecermos como Belas Adormecidas relegadas,
ou temos que assimilar os valores tipicamente masculinos, para nos adaptarmos ao
mundo dos homens. Já os homens, por sua vez, perderam a conexão com sua
interioridade, com sua "anima" (inconsciente feminino). Insípidas se tornam,
portanto, as relações nesse mundo de faz-de-conta.
A conexão com a Deusa
Arianrhod poderá nos ajudar a compreender a tarefa histórica
da iniciação feminina. É emergindo ao Reino das Deusas que poderemos resgatar o
nosso feminino, rejeitado e exilado da cultura consciente há mais de cinco mil
anos. Só assim, fazendo a nossa parte, poderemos ajudar a humanidade a recuperar
sua própria alma.
O retorno aos braços da Deusa é de vital importância
para a mulher moderna em direção à totalidade.

INVOCAÇÃO

Oh
Arianrhod, donzela, mãe e amante,
Senhora
da Iniciação
Que
nos nossos nomes
Que
nos deu nossas armas
Para
que pudéssemos ter uma nova vida.
De
você nós viemos
E
para seus braços retornaremos
Deusa
resplandecente
Filha
do grande deus Don
Nós
a convidamos para descer
da
sua terra de estrelas e florestas selvagens
Junte-se
a nós e inunde-nos com seu poder
Abençoa-nos
Arianrhod!
E
ilumine nossos caminhos
Através
da luz da Lua Cheia
E,
faça que em nossos corações
Nasça
a compreensão seguida o amor universal
Abençoa-nos
Grande Mãe Frutuosa
Pois
somos seus filhos mais amorosos!
As
mulheres da atualidade estão redescobrindo seus poderes mágicos de imaginação
simbólica, necessários para se criar um mundo renovado em nossos corações e
interligado com o Universo.
Arianrhod
chega até nós para nos revelar a visão do Jardim do Éden Universal, a sua
ilha Avalônica Celestial. É uma visão de harmonia e de totalidade. É também,
uma visão de justiça entre raças e espécies, onde os dons da vida são
incrivelmente bons, embora mortais e efêmeros e, onde nós mulheres podemos
libertar nossa afinidade emocional com a natureza.
É
hora da dança simbólica da energia cósmica e da beleza sensual. Permita-se
abrir para a imaginação e entre neste círculo prateado da criação que lhe
garantirá uma sintonia total e o cintilar pulsante das estrelas. Abra seu coração
para uma nova ética e novos valores.
Todas
nós, possuímos muito para contribuir e retribuir o que assimilamos e está
guardado no nosso caldeirão mágico emocional interior. Esta Nova Era necessita
urgentemente que se conceba uma nova maneira de amar a nós mesmos e ao nosso
planeta. Não é através da ciência e tecnologia que resolveremos nossos
problemas graves e atuais e sim, desenvolvendo uma consciência com senso de
responsabilidade compartilhada em relação à busca da solução.
É
hora de se unir razão com o coração e definir uma nova dimensão de poder
alicerçado no amor, e tudo isso, antes que seja tarde demais.

TEXTO
PESQUISADO E DESENVOLVIDO POR
Rosane
Volpatto
Bibliografia
consultada
O
Novo Despertar da Deusa - Shirley Nicholson
Os
Mitos Celtas - Pedro Pablo G. May
Os
Mistérios da Mulher - M. Esther Harding
Os
Mistérios Celtas - John Sharkey
A
Grande Mãe - Erich Neumann
O
Anuário da Grande Mãe - Mirella Faur
Druidismo
Celta - Sirona Knight
Os
Mistérios Wiccanos - Raven Grimassi
O
Livro da Mitologia Celta - Claudio Crow Quintino
Livro
Mágico da Lua - D.J. Conway
Hadas y
Elfos - Édouard Brasey
Enanos y Gnomos - Édouard Brasey
La Mujer
Celta - Jean Markale
Diccionario de Las Hadas - Katharine Briggs
El
Gran Libro de la Mitologia -
Diccionario Ilustrado de Dioses,
Heroes y Mitos - Editora Dastin;
Madrid

|