ANDRASTE, A
INVENCÍVEL
(Andrasta,
Adraste, Andred)

Andrasta é uma
Deusa guerreira
da Vitória, dos
Céus e das
Batalhas,
semelhante a
Morrigan. Seu
nome significa
"Invencível" e
quando invocada
em meio a uma
guerra, será uma
ajuda que pode
significar a
vitória.
Os britânicos
têm santuários
dedicados à
Deusa Andraste
em um bosque
sagrado, como
nas florestas da
ilha Mona (Anglessey).
Ela está
associada a
lebre.

BOUDICCA
(Boadicea-latim),
A RAINHA
VERMELHA
Boudicca era a
rainha da tribo
celta Iceni, que
habitavam a
Grã-Bretanha por
ocasião da
conquista
romana.
Entretanto,
Prasutagus, seu
marido, é quem
conduzia o povo.
Ele comprometeu
sua posição
política, quando
realizou
inúmeros acordos
com os romanos,
inclusive
entregando parte
de seus
domínios, com a
esperança de
proteger seu
título e sua
família.
Mas, o rei
Prasutagus,
acabou sendo
abatido pelo
invasor e a
rainha Boudicca,
juntamente com
suas filhas,
foram estupradas
e humilhadas
pelos romanos.
Os legionários
saquearam todo o
reino e
realizaram uma
operação de
ataque contra a
ilha de Mona,
hoje conhecida
como Anglessey,
onde se
encontrava um
dos mais
importantes
centros de culto
dedicado a Deusa
Andraste. Essa
iniciativa foi
encerrada com a
degola de
diversos celtas,
sendo que, os
druidas, cuja a
doutrina sempre
foi
incompreensível
para o
racionalismo
latino, foram os
primeiros a
morrer, seguindo
a escravização
dos demais e a
aniquilação dos
bosques
sagrados. Tudo
isso, vai além
da simples
humilhação
militar. Para
uma cultura que
tem a religião
em tão alta
estima, tais
atos são
autênticas
profanações, um
golpe certeiro
na coluna
vertebral de sua
organização
social. É
possível que os
generais romanos
não se deram
conta do que
estava
acontecendo,
pois para eles,
os deuses não
passavam de um
entretenimento
pessoal, quase
um luxo
reservado aos
acomodados
patrícios de
Roma ou para
contentar
escravos que não
tinham mais
consolo.
Com relação aos
druidas,
consideravam-nos
chefes de
rebeliões
disfarçados de
sacerdotes.
Acreditavam que,
destruindo seu
centro de
reunião, seria
mais fácil
pacificar a ilha
inteira. Mas os
druidas eram os
únicos homens
preparados para
ensinar,
perpetuar e
aplicar de forma
adequada a
religião, algo
que dava sentido
a existência
celta.
Tentar extirpar
o druidismo de
sua raiz era
condenar todos
os celtas a algo
pior do que a
morte.
A notícia da
destruição do
centro do culto
da Deusa
Andraste
associado ao
ocorrido com a
rainha Boudicca
e suas filhas,
resultou em uma
reação bastante
selvagem entre
os bretões. Uma
grande rebelião
foi organizada e
à frente da
mesma foi
colocada ao
comando da
rainha.
As
mulheres celtas,
não eram somente
semelhantes aos
homens em
estatura, mas
equivalentes a
eles, no que diz
respeito à
coragem,
técnicas de
guerra e o
desejo de
vingança.
Boudicca,
então, com um
exército de
100.000 homens
impôs pesados
revezes às
legiões romanas. Colchester (Camulodunum),
Londres (Londinium)
e Verlamium,
conheceram os
efeitos da
reputação
guerreira da
rainha e o
tratamento que
ela dava a seus
inimigos. Suas
ações bélicas
foram
consideradas
como as mais
sangrentas
realizadas pelos
celtas. Várias
cidades romanas
ficaram
arrasadas e
centenas de
mulheres foram
decapitadas em
sacrifício à
Deusa Andraste,
a quem eram
dedicadas todas
as
suas
vitórias.
Os bretões
devolveram "olho
por olho" cada
ato de crueldade
que sofreram,
destruíram todos
os fortes
romanos que
encontravam pela
frente e
festejavam sobre
as suas ruínas.
Contava-se que
Boudicca
libertava uma
lebre como parte
de um rito à
Andraste, antes
de iniciar uma
batalha. Se os
romanos matassem
o animalzinho,
despertariam a
fúria da Deusa,
que lutaria a
seu lado,
levando-a à
derradeira
vitória.
Entretanto, em
uma última
batalha, um
exército romano
chefiado por
Suetônio Paulino,melhor equipado
e organizado,
acabou
derrotando-a.
A vitória romana
converteu-se em
carnificina.
Há informes
contraditórios
da morte de
Boudicca. Há
quem diga que
ela morreu na
batalha, mas
muitas outros
estudiosos
afirmam que ela
envenenou-se,
evocando, em seu
último suspiro,
a Deusa Andraste,
a "Invencível".
A morte da
Rainha vermelha,
entretanto, não
pacificou os
bretões, só
serviu mesmo
para estabilizar
a situação. Os
celtas
compreenderam
que seria quase
impossível
expulsar os
romanos de seu
território, mas
esses também
entenderam que
seria totalmente
impossível se
impor aos
celtas. Isso
desembocou em
uma frágil paz
que nenhum dos
dois grupos
rompeu antes da
coroação de
Vespasiano como
imperador de
Roma.
Há um grande
mistério em
torno do nome de
Boudicca, pois
em galês ("budd"
em galês), ele
significa "A
Vitória" e é bem
provável que
esta rainha
ocupou uma
posição dupla
como líder
tribal e como
uma Druida.
Esse nome,
portanto, talvez
seja um título
religioso e não
um nome pessoal,
significando o
ponto de vista
de seus
seguidores, que
a personalizavam
como uma Deusa.
Isso ajudaria
explicar o
fanatismo de uma
variedade de
tribos em seguir
a liderança de
uma mulher na
batalha.
Boudicca era uma
guerreira
enfurecida,
sendo descrita
como uma mulher
alta, de
compleição
física forte,
dotada de uma
vasta cabeleira
vermelha e capaz
de mudar seu
rosto com gestos
e contorções
típicos de
qualquer
combatente
celta. Todos os
povos bretões
levantaram suas
armas para
segui-la.
A fama da rainha
Boudicca, como
de muitas outras
mulheres celtas,
assumiu a
dimensão de mito
em toda a
Grã-Bretanha.
Uma estátua
dela,
representada
segundo a
concepção da
memória popular,
é encontrada em
Londres, ao lado
do rio Thames,
próxima das
casas do
parlamento.
Segundo uma
lenda popular,
ela estaria
enterrada
debaixo de uma
das plataformas
da estação de
Reis Cross. Diversas outras
fontes, enumeram
as plataformas
oito, nove ou
dez, como
suposto lugar
onde a rainha
repousa.
Sua história
tornou-se ainda
mais popular
durante o reino
de outra rainha
inglesa que
dirigiu um
exército de
encontro à
invasão
estrangeira,
rainha Elizabeth
I.

ANDRASTE, A
DEUSA DA GUERRA

Muito pouco se
sabe sobre a
Deusa guerreira
Andraste da
tribo de Iceni,
que aceitava
sacrifícios de
lebres e de
seres humanos.
Isto porque,
Andraste
representava um
lado sombrio,
que em épocas de
extremas
emergências era
solicitado seu
auxílio mediante
sacrifício com
sangue, a magia
mais poderosa de
todas.
Nesse aspecto,
essa Deusa seria
tida como Deusa
Crone, o lado
obscuro da Lua,
àquela para que
todos retornam.
E é mesmo
verdade, pois a
morte é uma
conseqüência da
guerra.
Mas, este lado
escuro da Deusa
já é mais
moderado quando
ela se apresenta
como Deusa Mãe,
sendo associada
com a
fertilidade e o
amor, criar e
carregar a vida.
É possível
também ver outro
de seus apectos,
o de seu lado
jovem, como
sendo uma Deusa
da Caça, similar
a Atena.
Como uma Deusa
lunar tríplice (Donzela-Máe-Crone),
certamente,
Andraste foi
venerada.

ARQUÉTIPO DA
MULHER GUERREIRA

Todas as
mulheres celtas
eram temidas por
seus oponentes,
pois elas eram
treinadas desde
a tenra idade ao
manejo das
armas, mas
também amavam
seus filhos com
muita paixão e
para
defendê-los,
golpeavam e
matavam
selvagemente
seus inimigos.
Suas ações eram
tão fulminantes,
que se dizia que
todas elas se
convertiam em
uma espécie de
catapulta.
Pode-se mesmo
afirmar, que
essas mulheres,
protegidas da
Deusa Andraste,
manifesta em seu
aspecto mais
terrível, as
convertiam em
inimigas
invencíveis.
As batalhas
sangrentas, como
as realizadas
pela rainha
vermelha Boudicca, nos
dão uma idéia de
como é feroz a
essência de toda
a mulher quando
sua prole é
ameaçada.
E não é o que
ocorre em nossos
dias? A
agressividade da
mulher está
manifesta no
mundo laboral,
em sua eficácia
produtiva, se
tornando uma
lutadora no
mundo dos
homens. Ainda
hoje, luta com
máxima
ferocidade,
contra a honra e
respeito
perdidos,
buscando a
igualdade de
direitos e
deveres.

RETORNO À DEUSA

Nosso retorno à
Deusa é
importante para
toda a mulher
que busca a
totalidade. Toda
a mulher que
encontrou o
sucesso no mundo
atual, teve que
sacrificar seus
instintos e sua
energia
feminina, pois
vivemos em uma
sociedade
patriarcal.
Sociedade essa,
que para
disciplinar os
instintos e
atingir o estado
heróico, matou e
dividiu em
pedaços a Deusa
para retirar-lhe
toda a potência.
O retorno à
Deusa, nada mais
é do que uma
reconexão com a
nossa
feminilidade, ou
seja, um
reencontro com a
nossa "mãe", que
foi silenciada
muito antes de
nascermos.
Infelizmente,
quase todas as
mulheres, em
virtude da
cultura
patriarcal,
foram criadas
sob a orientação
e vigilância de
autoridades
abstratas e
coletivas e
acabaram por
alienar-se da
sua base
feminina e da
mãe pessoal, que
freqüentemente é
por elas
considerada
fraca e
irrelevante.
Mas, é para
estas mulheres
que este retorno
é mais
necessário, pois
sem ele jamais
elas serão
completas.

SÍMBOLO SAGRADO
DAS LEBRES
As lebres eram
sagradas para
muitas tradições
antigas, porque
elas estavam
associadas com
as Deusas da Lua
e da Caça.
Existe um tabu
britânico muito
antigo
concernente à
caça da lebre,
cujo desrespeito
era punido por
penas severas,
penas que eram
levantadas só na
véspera de 1 de
maio, data da
caça ritual à
lebre.
A rainha
Boudicca
ensina-nos o
valor espiritual
da lebre, pois
para ela, a
lebre era um
animal totem.
Libertava uma no
início de uma
batalha,
mantinha outra
para
adivinhações e
sacrificava uma
terceira para a
Deusa Andraste.
A mitologia
chinesa, nos
contam que,
certa vez,
quando o Buda
estava com fome,
uma lebre
atirou-se ao
fogo para
alimentá-lo.
Para
recompensá-la,
Buda, enviou sua
alma a Lua. Lá,
sob grande
acácia (ou
figueira), a
lebre lunar
esmaga em um
almofariz mágico
os ingredientes
que compõe o
elixir da
imortalidade.
Essa associação
da lebre com à
Lua ampliou sua
significação
como símbolo
sexual,
associando-a à
noção de
fertilidade,
prosperidade e
abundância.
Assim, no
Camboja, o
acasalamento e a
multiplicação
das lebres,
faziam cair
chuvas
fertilizadoras.
Carne de lebre
também já foi
prescrição para
cura de
infertilidade
feminina.
Na teoria de
Jung, tanto o
coelho e a lebre
podem simbolizar
o arquétipo da
mãe. Os
arquétipos e as
manifestações do
inconsciente
coletivo podem
ser
representados
por três lebres
que se movem no
sentido horário
que Jung
denominou
inconsciente/centro/self.

Texto pesquisado
e desenvolvido
por
ROSANE VOLPATTO

Bibliografia:
Hadas y
Elfos - Édouard Brasey
Enanos y Gnomos - Édouard Brasey
La Mujer
Celta - Jean Markale
Diccionario de Las Hadas - Katharine Briggs
El Gran Libro de la Mitologia -
Diccionario Ilustrado de Dioses, Heroes y Mitos - Editora Dastin;
Madrid
Os Mistérios Wiccanos - Raven Grimassi
Livro Mágico da Lua - D. J.
Conway
Explorando o Druidismo Celta-
Sirona Knight
O Livro da Mitologia Celta -
Claudio Crow Quintino
O Amor Mágico -Laurie Cabot e
Tom Cowan
Hadas - Jesus Callejo
Os Mitos Celtas - Pedro Pablo
G. May
Diccionario Espasa - J. Felipe
Alonso
A Deusa Tríplice - Adam Mclean
Hadas - Montena; Brian Froud y
Alan Lee


 

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