A Quadrilha era
inicialmente uma dança aristocrática de origem francesa, mas que apresentava
influência de antigas danças folclóricas da Inglaterra. Veio para o Brasil
pelas mãos dos mestres de orquestra de danças francesas na época do Império.
Era muito natural que
a quadrilha se tornasse a dança preferida pela sociedade palaciana, pois a
elite brasileira vivia voltada para a Europa, principalmente para a França -
modelo não só das roupas, das comidas, das leituras e até mesmo dos gestos.
Daí a quadrilha, aparecida nos albores do século XIX, ter se tornado a
predileta, e não abandonou sequer a marcação toda em francês. Os movimentos
rápidos de clima frio deram oportunidade aos jovens da época para imitar
afrancesadamente os trejeitos ensinados por Milliet, Cavalier ou outros
mestres que fizeram a Corte brasileira copiar fielmente os salões
parisienses, imitada esta posteriormente pelas províncias, agora com
requebros mais dengosos que os próprios cariocas criaram para a quadrilha.
A Quadrilha
se popularizou no Brasil e é hoje, uma dança própria
dos festejos juninos, que tendo sofrido influências da polca, da mazurca e
da valsa européia, transformou-se em um ritmo único, extremamente sensual e
genuinamente brasileiro. Para sua ocorrência é importante a presença de um
mestre "marcante" ou "marcador", pois é quem determina
as figurações diversas que os dançadores devem desenvolver.
Assimilada
por todo o país, a quadrilha passou a sofrer as influências regionais, daí
surgindo muitas variantes.
Baile Sifilítico – na
Bahia
- Mana-Chica: (Rio de Janeiro)
- Quadrilha: (Sergipe)
Os
instrumentos musicais acompanhantes são a sanfona ou acordeão, pandeiro,
violão e o cavaquinho. Não existe uma canção específica que lhe seja
própria. A música é aquela comum aos bailes de roça, em compasso
binário ou de marchinha, que favorece o cadenciamento das marcações. Esta
é uma dança que floresceu na zona rural, mas atualmente ganhou
popularidade e está presente em todas as festas urbanas. Os participantes
da dança, vestidos à caipira (indumentária que se convencionou a ser do
nosso cabloco), executam diversas evoluções em pares de número variável.
Em geral o par que abre o grupo é um "noivo" e uma
"noiva", já que a Quadrilha pode hipoteticamente fazer parte de
um "Casamento Caipira".
QUADRILHA EM SANTA CATARINA
São três
as correntes que tentam explicar a origem da quadrilha de Santa Catarina,
segundo Doralécio Soares. A primeira fala de
sua origem como sendo francesa. A quadrilha teria se originado a partir dos
salões da aristocracia francesa, em Paris no século XVII, como uma dança
que iniciou-se nos bailes da corte. De lá foi trazida para as Américas,
onde foi acolhida efusivamente nos salões, e depois assimilada pelo povo
que lhe transformou as figuras, anexando-lhes novas, fazendo o mesmo com a
música e seus comandos, tornando-se então a atual quadrilha dançada em
território catarinense.
Existem
outros historiadores que afirmam que a quadrilha teria vindo do Rio Grande do
Sul, apresentando vestimenta com colorido especial, que acrescenta um
aspecto pitorescos aos seus participantes. É conhecida em todo o Brasil e
apresentada como uma sátira aos bailes da alta sociedade, nos bailes caipiras do mês
de junho. Sua apresentação satiriza o nosso cabloco e o nosso caipira, que
hoje, já não é mais tão caipira como antigamente.
A terceira hipótese diz respeito às festas juninas e a seus santos de
procedência nordestina. Trazidas pelos portugueses, as festas em devoção
a Santo Antônio, o “casamenteiro”, a São João e SãoPedro tiveram grande brilho em todo o Brasil há algumas décadas,
estando agora em franca decadência As festas de São João ainda continuam
nos estados do norte e nordeste, mas já não ofuscam, nem possuem a animação
de tempos atrás..
Para
a dança da quadrilha são necessários pares, normalmente em número de
dez, que entram dançando, ao som de uma música apropriada, um arrasta pé.
Depois separam-se: as damas de um lado e os cavalheiros de outro.
Os
cavalheiros cumprimentam as damas com seus chapéus e as damas retribuem
balançando seus lindos lenços. Retornam então aos seus lugares, fazem o
“travessê”, isto é, damas pra lá e cavalheiros para cá. Ao se
cruzarem no centro, passam um pelo outro, sem passar dois pelo mesmo espaço.
O “balance” é feito de diversas formas: as damas podem ajoelhar-se e os
cavalheiros vêm e rodam a volta delas, ou os cavalheiros vêm e cruzam os
braços para fazerem o giro. Para formar o “túnel”, ambas as alas se
posicionam no centro da pista e, com as mãos ao alto, tocam as do
companheiro e iniciam sua evolução. Quando o primeiro par chegar ao lugar
de origem, todos fazem um “balancê” ao centro e depois se separam. O
“garranchê”é a parte mais
difícil, pois para ficar mais bonita todos deverão girar à roda e quando
o chamador disser “garranchê”, as damas giram para um lado e os
cavalheiros para outro, ambos tocando as mãos de todos ao se cruzarem.
Termina a evolução, quando os pares se encontrarem. Outra parte muito
bonita é a “coroa de espinhos”, onde as damas fazem roda de mãos dadas
no centro e os cavalheiros por fora. Quando o chamador disser “coroa de
espinhos”, os cavalheiros cobrem as damas com os braços e todos giram.
NO NORDESTE
No Nordeste já não se dança
quadrilha como originalmente, já foram abandonados os instrumentos e o mais
usado são os sons eletrônicos e a partir deles os coreógrafos estão sempre
inventando novos passos. A imitação do modelo rural está ficando menos
caricatural e ganhando novos aspectos a cada ano. As roupas estão
completamente modificadas. Os tecidos ganharam pinturas à mão, brilho,
pinças em veludo e seda. Até as anáguas, espécie de saia que fica por baixo
do vestido, são trabalhadas e bordadas à mão. Tudo está crescendo e
enriquecendo juntamente com a festa junina, que atualmente, além de ser um
evento de grande alegria, é também momento de disputa. As cidades e grupos
concorrem: qual a melhor quadrilha; a maior festa; a melhor banda; e até
quais foliões dançam até o sol raiar. A festa se profissionalizou e virou
paixão e trabalho para alguns brincantes.
Também não se empregam mais termos
como alavantu, anarrie, pois, com o surgimento dos concursos de quadrilhas e
do forró, os ritmos xote, xaxado e baião formam a base dos passos inovados
com desenhos coreográficos. As quadrilhas sergipanas, por exemplo,
caracterizam-se pelo balanço dos ombros, pelo movimento ondulado das saias,
pelos babados e pela marcação forte dos passos, que geram um grande e belo
espetáculo dos festejos juninos. Um número significativo quadrilhas
sergipanas, cerca de 50 , é filiado à Liquajuse – Liga de Diretores e
marcadores de quadrilhas juninas do Estado de Sergipe. Algumas começam a
ensaiar logo após o carnaval. Outras iniciam os preparos para o ano seguinte
tão logo termine a temporada junina. Cada quadrilha tem, em média, 40
componentes, mas algumas chegam a contar com até 80 integrantes.
Outra modificação no que diz respeito à quadrilha é que elas deixaram de ser
uma homenagem à realeza, e passou a ser uma representação da história de
cada região, no nordeste, é comum encontrarmos quadrilhas que além dos
tradicionais noivo e noiva (que são uma referência ao santo casamenteiro,
Santo Antônio), trazem Lampião e Maria Bonita como personagens.
Sentir a história que reflete a força do nordestino em uma tradição afeta
diretamente a quem interpreta e a quem assiste à apresentação. Realmente
quem representa e vê Maria Bonita, gosta e aplaude, pois ela transmite uma
energia contagiante.
Mas
tradições têm mesmo essa característica fundamental, assim como a
criatividade do povo a criou é a criatividade de quem recebe essa história
como herança que vai modificá-la.
E DAÍ,
VOCÊ NÃO FICOU COM VONTADE DE DANÇAR QUADRILHA???....
Texto pesquisado e desenvolvido
por
ROSANE VOLPATTO
Bibliografia
consultada:
Folclore
Catarinense - Doralécio Soares
Folclore
- Cáscia Frade
VÍDEOS
Alguns
Passos da quadrilha
Caminho da festa.
Os cavaleiros cumprimentam as damas.
As damas cumprimentam os cavaleiros.
Cavaleiros ao meio.
Balanceio.
Faz que vai mas não vai.
Olha o duplo.
Cavaleiros do lado direito das damas.
Formar a grande roda.
As damas pra dentro cavaleiros pra fora.
Formar a grande estrela.
Caminho da festa.
Formar um grande círculo.
As damas com as mãos para trás.
Passar as damas para trás.
Caminho da festa.
Olha o túnel.
Formar grande roda.
Cavaleiros pra dentro damas pra fora.
Formar grande estrela.
Caminho da festa.
As damas passar os cavaleiros pra frente.
Olha a chuva.
Já parou.
A ponte quebrou.
É mentira.
Olha a cobra.
Já matou.
Direita com direita.
Damas ao passeio.
Cavaleiros ao passeio.
Passeio geral.
Vai começar o grande baile.
Começou o miudinho.
Entra os padrinhos.
O padriho com a noiva.
Baile Geral.
Caminho da roça.
(*)Trecho retirado do site
Jangada brasil.