~*~MARUJADA~*~

 

 

 

 

HOME

 

 

EMAIL

 

 

 

 

 

DANÇA MARUJADA (Pará)

 
 

Também conhecida com o nome de Bagre, Marujada é uma das mais belas manifestações religiosas do folclore paraense. Essa dança ocorre, principalmente na Primavera, por ocasião dos festejos de São Benedito e é uma espécie de quadrilha dançada em roda, com grande número de participantes. São os marujos (principalmente mulheres), que em seu contrastante colorido, saias vermelhas, blusas brancas rendadas, colares e chapéus enfeitados com penas de avestruz, que traduzem, na realidade, toda a alegria e a seriedade, no cumprimento da promessa que muitos fazem, ou mesmo a descontração pelo prazer de participar de um dos mais belos eventos do calendário folclórico do Pará.

 

Os cantos e danças são simples e de pureza cristalina. Na leveza de seus passos, percebe-se a sensibilidade evoluir na manifestação de um "retumbão", de um "chorado", ou mesmo de "mazurca". O "retumbão", em ritmo de tambor africano, ao mesmo tempo que lembra o lundu de outras regiões do Brasil, se distingue devido a maior preocupação com os passos coreográficos, sendo mais formalística. O Chorado também conta com o ritmo do retumbão, variando seus sapateados quando a dançarina escolhe seu par, momento esse em que bate mais forte seus pés no chão.

 Dirigidos pela "Capitã", a Marujada dança nas ruas e nas casas, reverenciando numa homenagem simples às pessoas queridas ou destacadas do local. Dançam em duas filas, indo à frente a capitã, que carrega um bastão de madeira, enfeitado de papel, tendo na extremidade superior uma flor. Atrás e ao centro, fechando as duas alas, vão os tocadores e os demais marujos. Em fila, a dança é de passos curtos e ligeiros, em volteios rápidos, ora numa direção, ora noutra, inversamente. Assim elas caminham descrevendo graciosos movimentos, tendo os braços ligeiramente levantados para a frente à altura da cintura, como se tocassem castanholas. Dançando obedecem à música plangente do compasso marcado pelo tambor grande.

Os homens, músicos e acompanhantes, são dirigidos por um capitão. Eles se apresentam de calça e camisa branca ou de cor, chapéu de folha de carnaúba revestido de pano, sendo a aba virada de um dos lados.
         Os instrumentos musicais são: tambor grande e pequeno, cuíca, pandeiros, rabeca, viola, cavaquinho e violino.

 

MARUJADA DE BRAGANÇA

 

Bragança é uma das cidades mais antigas do Estado do Pará, localizada na microrregião do Salgado, nordeste do Pará.

A Marujada surgiu no município de Bragança em torno de 1798 durante a festividade em homenagem a São Sebastião, nascendo de uma autorização dada a 14 escravos devotos de São Benedito, que assinaram o compromisso (estatuto) e fundaram a irmandade (Marujada).

 

Desde o início procurou-se ter cuidado na escolha dos instrumentos adequados para dar ritmo a esta dança, quando então os escravos adaptaram couro de animais silvestres, devidamente preparados, secados e esticados, em cada uma das extremidades dos troncos (curimbó) deixando, porém, um dos lados livres para o efeito sonoro desejado. Os tambores eram ouvidos de muito longe e segundo a crônica da época, "retumbavam". Daí porque a primeira e mais importante dança da Marujada tem o nome de Retumbão.

Hoje a Marujada não tem raça, não tem cor, se não a bronzeado do paraense, embora entre marujas e marujos se encontre pessoas dos olhos tão azuis quanto o céu, tão bons quanto o santo na sua humilde avassaladora.


Para apresentarem-se os homens vestem calças e camisas brancas com um laço de fita de cetim vermelho amarrado no braço direito. Usam chapéu de palha, revestido de morim branco, enfeitado com fita de cetim, larga, como uma barra, cujas pontas, entrelaçadas, pendem para o lado direito.

Inicialmente, as primeiras roupas das mulheres foram cedidas pelas sinhás e consistiam de vestidos que estas não usavam mais por estarem fora de moda. Depois as marujas paramentavam-se com saias de chitão, o mais colorido possível e blusas de rendão branco que iam aproximadamente até o meio das coxas. Posteriormente essa vestimenta foi modificada, e hoje elas trajam uma saia vermelha, bem franzida, blusa de cambraia branca bordada e, sobre esta, uma faixa larga de fita vermelha de gorgorão, com uma grande rosa do mesmo material.

As apresentações são, preferencialmente, no período que vai de 25 de dezembro até o dia 6 de janeiro, do ano novo. É interessante registrar que, no dia 25 de dezembro, as mulheres dançam com saias azuis e os homens com camisas da mesma cor. Já no dia 26, quando São Benedito é festejado, é que as mulheres usam as saias vermelhas, e os homens a roupa branca.

 

MARUJADA DE OUTROS LUGARES

 A Marujada do Nordeste e outra partes do país, é uma dança dramática, de inspiração náutica, de origem ibérica, com diversas denominações diferentes, de região para região. Denominada de Nau Catarineta, Barca, Fandango ou Chegança de Marujos.

São danças realizadas através de uma auto-dramatizado da tragédia da nau Catarineta, com o domínio do canto sobre a dança. Barca é a dança realizada em João Pessoa-PB, onde os personagens vestem-se marinheiros, o enredo narra as tormentas em alto mar e trabalhos a bordo, como também o episódio da "libertação da Saloia", iniciadas com troca de sinais entre a "Nau Catarineta" e a "Fortaleza do Diu".

 

Consta o auto de cantos, recitativos, diálogos e da "morte e ressurreição do Gajeiro". Os personagens são masculinos, excluindo a Saloia, que é interpretada por uma menina moça.

A Marujada possui não somente uma identidade coletiva, mas também uma individual e que ambas não são excludentes. A identidade individual reafirma a identidade coletiva e a manutenção do grupo. É como se a perdurância da festa e do grupo só pudessem  permanecer quando as duas se mantiverem vivas e presentes.

 

Quando a Marujada é "apresentada" aos turistas, a auto-identidade se forma a partir do sentido que cada um brincante tem de si mesmo. E  a coletiva se apresenta quando cada um mostra pertencer como membro de um grupo social. Em síntese, as duas intensificam o sentimento de "pertença" de parte de um grupo social que tem uma história e vários objetivos: oferecer através da dança da Maujada uma volta às origens numa forma de reconstruir e reconectar os indivíduos- turistas em seus lugares de origem, reais ou imaginários. Baseado nesses princípios, o turismo acaba sendo trabalhado como uma forma de manifestação da comunicação humana, da convivência social e da produção de cultura pelo homem.

Texto pesquisado e desenvolvido por

ROSANE VOLPATTO