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MARABAIXO (Amapá)
Amapá é um
estado com a predominância da cultura negra.

Os primeiros
negros chegaram ao Macapá no século XVIII, vindos
de Belém, do Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia e
Maranhão, para a construção da Fortaleza de São
José.
Além
desses,
aportaram, no município de Mazagão, várias
famílias negras fugidas das guerras
entre mouros e cristãos, travadas no norte da
África. O Marabaixo nasceu do encontro entre estas
diferentes etnias e os colonizadores brancos,
interagindo dentro de um mesmo contexto social.
No Amapá,
existe um calendário oficial do Marabaixo que
começa no domingo da Páscoa, no bairro Laguinho,
em Macapá.
Depois da
missa na Igreja de São Benedito, o Marabaixo é
dançado de manhã e à tarde na casa do “festeiro”.
Cinco semanas depois da Páscoa, num sábado, é
feita a chamada “Cortação do Mastro”. Os
participantes da festa cortam o mastro e o guardam
para o dia seguinte quando acontece o “Domingo do
Mastro”. No domingo, munidos com bandeiras do
Divino Espírito Santo e da Santíssima Trindade, os
brincantes vão buscar o mastro, dançando, cantando
e soltando foguetes. Pegam o mastro e levam para a
casa do festeiro.

Dali a
três dias, é a “Quarta-feira da Murta”. Murta é o
nome de uma planta cheirosa que, para os dançantes
do Marabaixo, tem o significado místico de limpeza
espiritual. Na tarde de quarta-feira, os
participantes vão fazer a colheita da murta para
ser usada no dia seguinte, chamado de
“Quinta-feira da Hora”. É quando ocorre o
“levantamento do mastro”: enfeitado com os galhos
de murta e a bandeira do Divino no alto, o mastro
é fixado.
Nesse dia,
a festa dura até a madrugada. Nos 18 dias
seguintes, são feitas ladainhas ao Divino e à
Santíssima Trindade na casa do festeiro, onde é
montado um altar. E todas as noites, depois da
ladainha, há festas. Exatamente 9 dias após a
quinta-feira da Hora, acontece o “Sábado do Divino
Espírito Santo” quando há uma grande festa na casa
do festeiro. No dia seguinte, “Domingo do Divino
Espírito Santo”, o Marabaixo é dançado novamente.
E as ladainhas continuam até o final de semana
seguinte, encerramento da festa, com o “Sábado da
Trindade” e o “Domingo da Trindade”.
No “Sábado
da Trindade”, há mais uma festa na casa do
festeiro. E no domingo, uma missa matinal. No
domingo à tarde é feita novamente a “quebra da
murta”, dessa vez para enfeitar o mastro à
Santíssima Trindade. Durante a colheita da planta,
muita dança, canto e foguetes com a bandeira da
Santíssima Trindade empunhada pelos participantes.

Na noite
de Domingo, finalmente, acontece a ladainha de
encerramento em louvor à Santíssima e o baile. No
dia seguinte, “Segunda-feira do Mastro”, é feito
um buraco à frente da casa do festeiro para a
fixação do Mastro da Santíssima. É feita a
levantação do segundo mastro, que é fixado ao lado
do primeiro, erguido semanas antes. Os mastros do
Divino e da Santíssima Trindade ficam lado a lado.
Até o meio dia dança-se o Marabaixo.
A
finalização do período de festa se dá no domingo
seguinte ao levantamento do mastro à Santíssima.
Os participantes chamam de “Domingo do Senhor”.
Nesse dia, o Marabaixo é dançado até as 18 horas,
quando acontece a “Derrubada do Mastro”, quando os
dois são derrubados. A dança segue até altas
horas. E a tradição segue através dos séculos.
A coreografia
do Marabaixo é arbitrária dada a improvisação dos
figurantes. Os dançarinos ora formam filas,
abraçados uns aos outros, ora separados, se
organizam em filas três a três, ora ficam lado a
lado, enfim permanecem isolados frente a frente, e
dançam ao som da música, em compasso binário. Os
passos variam com os toques das caixas que os
tocadores, a um
canto, fazem soar. Trata-se de um quadro de muita
alegria, vivido sob um céu cristalino. As cores
vivas das vestimentas, as fitas, as flores - tudo
contribui para emprestar exuberante vivacidade a
esta bonita dança.
A dança e o
canto do Marabaixo constituem o lado profano das
festividades em homenagem a Santíssima Trindade e
ao Divino Espirito Santo.
Texto
pesquisado e desenvolvido por
ROSANE
VOLPATTO

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