As "boas" fadas velam pelos lares, os nascimentos
dos seres humanos e também pelos seus falecimentos. Estão na origem da vida e da
morte e ajudam os mortais a passar de uma dimensão para outra.
O emprego da expressão "Damas Brancas" para
designar algumas fadas é uma indicação da estreita ligação existente entre as
fadas e os mortos.
Na Alemanha, um dos feitos mais
conhecidos é a aparição da Dama Branca, onde recebe o nome de "Weisse Fragën", e
que se deixa ver quando a morte chega às portas de algum príncipe. Essas Damas
Brancas vivem em zonas próximas dos castelos antigos. São altas e esbeltas e
possuem um aspecto agradável. Possuem uma grande luminosidade em torno delas e
por isso se diz que possuem um corpo imaterial. Aparecem sempre vestidas de
branco e com um véu comprido que cobrem a cabeça, também da cor branca. Enquanto
alguns as consideram fantasmas de fadas, está aceito o seu caráter benévolo e
sua identificação com as fadas boas.
Esse espectro tem aparecido
desde os primeiros tempos da história dos nobres de Neuhaus e Rosenberg e se
mostra até hoje.
Como "Damas Brancas", são
conhecidas também, as fadas da Espanha que habitam as zonas próximas aos
mananciais, as fontes, aos rios e os lagos.
BANDHEE

A função fúnebre está
relacionada com a "banshee" irlandesa, espécie de fada doméstica vinculada a
certas famílias de origem antiga e prestígio elevado, para os quais aparecia,
com o rosto muito aflito, para anunciar a morte próxima de um dos membros da
família. Quando várias choravam juntas, era indicação que iria morrer alguém
muito importante ou santo.
A Banshee possui o cabelo
comprido e ondulado e chega com uma capa cinza sobre um vestido verde. Seus
olhos são de vermelho ardente e sempre choram.
Nas Terras Altas da Escócia, as
Banshee recebem o nome de Bean-Nighe, ou Pequena Lavadeira do Valo.

Esse tipo de espectro que
freqüenta os arroios solitários da Escócia e a Irlanda, lava as vestes manchadas
de sangue dos que estão a ponto de morrer. Se diz que esses espíritos são
fantasmas de mulheres que morreram de parto e portanto, tiveram uma morte
prematura, e estavam fadadas a realizar esse trabalho até o dia em que deveriam
morrer de morte natural.
Em as "Memórias da Lady
Fanshawe", que viveu entre 1625 a 1676, há um relato de primeira mão acerca de
uma banshee que apareceu para essa dama, quando se hospedava na casa de Lady
Honor O'Brien:
"Permanecemos ali três noites.
A primeira noite se surpreendi quando, perto de uma da madrugada, uma voz me
despertou. Afastei a cortina e, no marco da janela, vi a luz da lua uma mulher
inclinada sobre a janela, vestida de branco, com a pele vermelha e um rosto
cadavérico e pálido: em voz alta, e em um tom que nunca havia ouvido antes,
disse três vezes:
-"Um cavalo", e depois, com um
suspiro mais parecido ao vento que o alento, desapareceu e seu corpo me pareceu
mais semelhante a uma nuvem espessa dotada de substância.
Estava tão assustada que me
arrepiou todos os cabelos do corpo. Sacudi a teu pai, que não acordou enquanto
eu passava por esse transtorno; porém a final se surpreendeu muito de ver-me tão
assustada, e mais quando lhe contei o sucedido e lhe mostrei a janela aberta.
Nenhum dos dois voltou a dormir aquela noite, porém me entreteve contando-me
como essas aparições eram muito mais recorrentes nesse país que na Inglaterra; e
chegamos a conclusão que a causa dela era a grande superstição dos irlandeses e
a ausência da fé instruída que lhes defenderia do poder do Diabo, que está muito
ativo entre eles.
As cinco da manhã, a dona da
casa veio vermos dizendo que não tinha dormido a noite toda, porque um primo seu
O'Brien, cujos antepassados haviam sido proprietários da casa, havia querido que
ela ficasse com ele em sua casa, e que haviam morrido os dois, e disse:
"Espero que não haja nenhum
aborrecimento, porque é costume do lugar que, quando alguém da família está
morrendo, uma forma de mulher aparece em uma das janelas todas as noites até que
aquela pessoa tenha morrido. Essa mulher, há muitíssimos anos, ficou grávida do
dono desse lugar, que a assassinou no seu jardim e a jogou no rio que passa
debaixo da janela, porém na verdade, é que não pensei nela quando me alojei
aqui, já que esse é o melhor quarto da casa."
Apenas não dissemos nenhuma
resposta as suas palavras, porém decidimos ir embora em seguida."
Uns duzentos anos mais tarde,
Lady Wilde escreveu um capítulo de seu livro "Ancient Legends e Ireland" (vol.I,
pp. 259-263) sobre as crenças realtivas a Banshee. Em sua descrição diz:
"As vezes a Banshee adota a
forma de alguma doce virgem cantora da família que morreu jovem e que recebeu a
missão por parte dos poderes invisíveis de converter-se em "heraldo do destino"
par os seus parentes mortais. Ela pode ser vista a noite, na forma de uma mulher
envolta em seu sudário, que se lamenta com o rosto oculto por um véu; ou voando
rapidamente à luz da lua e chorando desconsoladamente; e o canto desse espírito
é o som mais triste do mundo e anuncia morte certa de um membro da família
quando se ouve no silêncio da noite."
A Banshee de Highlands,
apresentam alguns defeitos físicos. Possuem somente um lado do nariz, um grande
dente frontal muito saliente e uns peitos muito grandes e caídos. O mortal que
for bastante intrépido de aproximar-se dela enquanto está lavando e
lamentando-se e chupe seu grande peito, pode se considerar seu filho adotivo e
pedir-lhe um desejo. O maior problema é ter tamanha coragem!
GINEBRA, A DAMA BRANCA
A rainha Ginebra, a esposa do
rei Artur, também é descrita com a aparência de uma "Dama Branca". Seu nome
bretão "Gwenhwynar" ou "Gwenhwifar", significa "Fada Branca": de "gwen", branco,
e "hwyvar", derivado do irlandê "siabhradh", fada ou fantasma.
Ginebra foi raptada por
seu amante Melwas, um príncipe eternamente jovem que se parece muito com Midhir,
o príncipe dos Tuatha De Dannan que foi buscar sua esposa Etain no mundo dos
homens para levá-la ao dos elfos.
Chrétien de Troyes, descreve o
mundo de Melwas como um lugar de onde ninguém regressa. Ao ter vivido na Terra
dos Elfos, Ginebra teria adquirido, as características de uma fada.
Quando Ginebra convida os
Cavaleiros da Távola Redonda à que a escoltem para a 1 de Maio, ou o May Day, o
"Dia das Fadas" por excelência, corresponde a festa céltica de Beltrane, pede que
se vestem todos de verde. Verde era a cor da eterna juventude e do renascimento
da natureza na primavera.
Quando Artur vai falar com ela
no reino de Melwas, Ginebra estava montada em um cavalo verde:
"Verde é o meu corcel, da cor
das folhas".
Artur também tem todas as
qualidades de um príncipe élfico. No momento de seu nascimento os elfos o
abarrotaram de graças. Em um momento certo, Artur nasceu. E, quando apareceu
sobre a terra, os elfos se apoderaram dele; encantaram a criança com sua magia
mais poderosa; deram-lhe o poder de ser o melhor dos cavaleiros; deram-lhe outra
coisa, que era converter-se em um rico rei; deram-lhe uma terceira coisa, que
era viver muito tempo. Deram ainda ao príncipe as maiores virtudes para que ele
se converte-se no mais generoso de todos os homens vivos. Os elfos deram-lhe os
dons e só teve que desenvolvê-los.
Criado pelo mago Merlin,
recebeu a famosa espada Excalibur das mãos da Dama do Lago, que habita um lago
sagrado, onde um grupo de donzelas está sempre às suas ordens. Essa espada na
"História" de Monmouth, é chamada Caliburn, e é forjada pelas fadas.
Quando foi ferido mortalmente,
se dirigiu à ilha encantada de Avalon, em companhia de sua irmã, a fada Morgana,
para que fosse entregue a Argente, a rainha das fadas e pudesse recuperar a
saúde e juventude. Recordemos que Morgana, significa "nascida do mar". Essa fada
simboliza o oceano Atlântico, que, nas lendas celtas, albergava o Outro Mundo e
a morada dos mortos, invariavelmente orientada à oeste.
Evans Wentz escreve a
respeito:"Artur é por natureza um Deus do mundo feérico, o senhor dos fantasmas
e das fadas. Os membros de sua corte se parecem mais com os sidhes irlandeses
que a simples mortais. Em sua qualidade de grande rei, pode ser comparado com
Dagda, o soberno supremo dos Tuatha De Danann."
Por último, temos Lancelote,
que foi criado pela Dama do Lago e que lhe conferiu seu sobrenome: Lancelote do
Lago. É ele que vai buscar Ginebra no reino de Melwas atravessando a
perigosa Ponte da Espada, pois só ele possui a capacidade de ir e vir ao Outro
Mundo. E acaba apaixonando-se por sua soberana, justamente por ter reconhecido
nela, não uma mortal, mas sim uma fada, uma Dama Branca.
Walter Scott, nos conta que
várias famílias das Highlands da Escócia proclamaram a assistência de um
espírito que cumpria a mesma função da Banshee irlandesa. Entretanto, embora a
forma e aparência fosse a mesma, ela não se limitava a anunciar o falecimento
daqueles cujos dias estavam contados. Os escoceses conseguiram obter dela outros
serviços: preservá-los dos perigos de uma batalha, guardar e proteger a
hereditariedade da família durante o tempo de sua infância; intervir nas
diversões do chefe, mostrando-se a melhor peça de devia ser movida no jogo do
xadrez, ou a melhor carta que podia jogar em qualquer outro jogo.
Certas tradições francesas
apresentam também as "Damas Brancas", como castelhanas mortas que voltam,
em forma de espectros, para visitar os lugares que freqüentavam em vida.
Numerosos contos e relatos folclóricos têm como tema essas Damas. Elas são
vistas ao entardecer ao longo dos estanques e arroios. Deram seu nome a
numerosos lugares da França, tais como: o Caminho das Damas, o Prado das Damas,
o Banco das Damas e o Pátio das Damas.
Essas Damas Brancas são
maliciosas e se divertem conduzindo os transeuntes apressados ao longo de
precipícios, porém em outras ocasiões já foram vistas dando comida aos pastores
perdidos, ou devolvendo ao caminho certo os viajantes perdidos.
O Dr. Roger Mognot, grande
conhecedor das fadas do Franco Condado, conta que, segundo uma tradição local
dos arredores de Poligny, existia antigamente um santuário consagrado ao
culto de uma Virgem Céltica que se materializava, as vezes, em uma Dama Branca.
Um dia, um jovem pastor, que
havia se afastado para buscar uma ovelha que havia escapado, perdeu-se no bosque
que rodeava Poligny. Preocupados, seus pais o buscaram em vão por três dias.
Finalmente, o encontraram no terceiro dia, sentado ao pé de uma árvore e em
excelente estado de saúde. Perguntaram-lhe como tinha conseguido sobreviver
sozinho no bosque. Respondeu simplesmente que uma bela dama, completamente
vestida de branco, havia lhe trazido comida duas vezes ao dia.
Do mesmo modo, no ano de 1789,
uma jovem pastora que guardava suas cabras nos bosques de Écorchats, se perdeu e
estiveram procurando-a por três dias. A encontram debilitada, mas viva. Contou
também que não tinha passado fome, pois uma bela dama branca havia cuidado dela.
Nesses testemunhos, podemos reconhecer sinais de uma aparição iguais a da Virgem
Maria, para quem havia sido consagrado as fontes pagãs a fim de cristianizá-las,
e que se converteu na Padroeira das Fadas.
Adaptando-se as condições
criadas pela tecnologia moderna, as Damas Brancas hoje são vista nos
acostamentos das autopistas. Numerosos são os testemunhos de quem já viu uma
bela dama completamente vestida de branco. Permanece imóvel ao lado do caminho,
como se esperasse algo ou alguém. Os automóveis muitas vezes param para lhe dar
carona. Dizem que ela aceita sem dizer uma só palavra e toma o assento ao lado
do condutor. Esse até tenta iniciar uma conversação, mas a Dama nada responde.
Umas centenas de metros adiante desaparece como que por encanto. O povo acredita
que as Damas da autopista só se manifestam em lugares onde aconteceram acidentes
fatais com carretas, a fim de evitar que se produza outro novamente.
Texto pesquisado do e
desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO