ARQUÉTIPOS FEMININOS ANDINOS

A maior dificuldade hoje está no fato do homem
não reconhecer a mulher na sua originalidade e
em suas diferenças. A maioria deles identifica a
mulher com a “mãe”, imagem imaginária de ideal
de mulher. E, enquanto a mulher aceitar
desempenhar este tipo de papel, tudo anda bem,
pois um relacionamento mãe-filho, tem menos
possibilidade de acarretar problemas. Mas, a
mulher, pelo fato de ser genuína, com
personalidade própria, não aceitará esta
identificação por muito tempo.
Daí surgem os conflitos e tantos divórcios. O
correto é a mulher, pelo fato de ser o que ela
é, dizer ao homem que ele é o homem, e ele, pelo
fato de ser quem é, desperta nela a consciência
de ser mulher. O amor é a integração e a
consciência destas diferenças. Elas jamais devem
ser suprimidas, ou relegadas a um segundo plano,
pois são elas que unem, se encaixam e se
completam. Há uma igualdade nas diferenças de
natureza e espírito.
Acho, na minha vã filosofia, que à medida que um
relacionamento evolui, nós temos como mensurar
estas diferenças. O homem pode, perfeitamente,
aprender a viver com esta nova dimensão da
mulher, buscando o aspecto feminino que ele tem
dentro de si. Isso não só lhe ajudará a
desenvolver seus sentimentos e sensibilidade,
como também sua própria virilidade instintiva se
humanizará. Neste momento, a mulher terá a
chance de desenvolver, sem problemas, o seu lado
masculino, que até então encontra-se projetado
no homem. A relação que a princípio tinha um
caráter exógeno, passa a ter caráter endógeno.
Somente quando encontramos um ponto de
equilíbrio entre o feminino e o masculino
podemos realizar uma verdadeira relação, onde o
amor pode ser vivido com toda a intensidade.
Para tanto, é necessário cultivarmos esta
plantinha frágil chamada “unidade interior”, que
deve ser aperfeiçoada e completada. A
complementaridade entre o masculino e o feminino
é bem fácil de ser conseguida no mundo exterior,
mas no plano interior é um ideal bem difícil de
ser alcançado. Mas, o homem e a mulher devem
pensar e repensar o que está em jogo.
O que falo e repito, para quem tem paciência de
me escutar, é que a partir desta Nova Era, a
mulher não necessita mais se definir em relação
ao homem, muito menos com o mundo das “mães”,
mas precisa sim, primeiro aprender a definir a
si mesma em relação a si mesma e por si mesma. O
amor virá como conseqüência!
A maioria das mulheres desconhecem a força de
seu interior que lhe foi outorgada pela
Natureza. Hoje, na Era de Aquário, o despertar
feminino começa a ser estimulado, por ter uma
conotação deveras importante nesta virada de
jogo (poder masculino dá lugar para o feminino),
onde a palavra de ordem, é a reestruturação
geral e a perpetuação da vida sobre a Terra.
Tenham convicção de que a protagonista destes
Novos Tempos é a mulher. É necessário, portanto
sabermos despertar que existe em cada uma de
nós, através da busca do equilíbrio da energia
feminina, que passará a dominar a Terra daqui
para frente.
Esta passagem de cetro ao poder feminino
acarretará repercussões cósmicas e planetárias.
O caminho percorrido por nossas ancestrais e o
empenho observado nos nossos dias, permitiu que
a mulher conseguisse ir adentrando e atuando em
várias frentes, que anteriormente sua presença
era totalmente proibida. Mas somente com a
recuperação da nossa Dimensão Sagrada de mães,
amantes e adoradoras da Lua, chegaremos a
simplicidade que viemos buscar em todas as
coisas. Tal como a Lua que muda de fase a cada 7
dias, a mulher, consoante a tradição xamânica,
possui sua lua interna exteriorizada através de
seu ciclo menstrual. Na tradição indígena, a
mulher tem a tarefa de conectar-se com a
influência dessas duas luas: a pessoal e a
planetária (na linguagem indígena, Pachamama e
Mamachilla).Com isso, abrem seus canais de
percepção, dando passos adiante em seu
crescimento pessoal, expandindo-se em luz e amor.
Uma mulher íntegra não precisa dizer nada, sua
própria presença já diz tudo.
São quatro as fases dos ciclos lunares (interno
e externo). Na tradição andina dos Incas, o
quatro é um número sagrado, por isso, para as
mulheres, ele é representado por quatro
arquétipos, apontando nas quatro direções.

DEUSA PACHAMAMA, a MÃE-TERRA
A maioria das mulheres modernas perderam a
sintonia com o Sagrado, mas toda esta sabedoria
e informação está escrita no DNA de nossas
células, basta saber como ativá-las. Está na
hora de resgatarmos a nossa energia feminina.
O primeiro arquétipo que todas nós mulheres
devemos entrar em contato é a nossa Mãe-Terra,
Pachamama. Este elo pode ser estabelecido por
intermédio de atividades muito simples, como por
exemplo, caminhar descalça ou sentar-se sobre a
terra ou grama, como e também através de
meditação ao entardecer. Para se desfazer de
energias negativas, coloque as duas mãos sobre a
terra (ou gramado), de modo que você fique
acocorada e então, visualize um campo energético
fluindo de seu corpo e penetrando na terra. O
resultado é surpreendente!
Agora, se você mora em um apartamento e fica
difícil qualquer dos procedimentos acima citados,
procure comprar um tapete de pele de animal e
caminhe e sente sobre ele.
A Pachamama identifica-se com as deusas gregas
Deméter e Atena.

DEUSA MAMA QUILLA, A MÃE-LUA

São muitas as deusas da Lua. Mas, assim que se
estuda seus atributos, características e
histórias de suas vidas, reconhecemos que todas
elas são realmente uma única divindade. O culto
a Mãe-Lua acontece desde o mais longínquo
registro histórico.
Mama Quilla, nossa Mãe-Lua Inca, é a esposa do
deus Sol “Inti”. O contato com o arquétipo desta
deusa é feito através de meditação, que deve ser
realizada na Lua Crescente, três dias antes da
Lua Cheia. Coloca-se as mãos em forma de
triângulo, voltando-a para a Lua. Se estiver
nublado e não for possível enxergar a Lua,
poderá fazer o movimento com as mãos e voltá-las
para uma árvore. Todas plantas têm a energia
forte da Mama Kilya.
A Mamaquilla identifica-se com a deusa grega
Ártemis. É protetora das mulheres casadas e
guardiã de nossos sonhos.

DEUSA MAMA COCHA, A MÃE-MAR

Mamacocha é o terceiro arquétipo. São as águas –
os lagos e os mares (para os índios, o mar segue
ao princípio feminino). As águas outorgam às
mulheres os anseios de sua alma, o místico, o
mágico, o profundo mistério. A terra dá à mulher
a força de que ela necessita. Já Mamacocha lhe
dá o movimento e a flexibilidade necessária,
como a água, que é capaz de tomar todas as
formas, sem perder sua essência. Pode-se
conectar com ela por meio da dança livre e
espontânea.).

DEUSA MAMAOCLLO, A MÃE-INTERIOR

Representa a xamã interior, a mulher de
sabedoria, capaz do encontro consigo mesma.
Neste âmbito, basicamente a mulher se conecta
com Mamaocllo por meio da meditação e, quando se
encontra em sua fase lunar mais externa (no
período menstrual), através da auto-observação e
auto-contemplação.
O povo andino, alcançou nossos dias unidos por
um espírito comum e reverenciando a Terra como
sua Mãe. Eles possuem a mais alta das dignidades,
trilham o caminho do entendimento equilibrado e
têm o devido respeito pelos homens e pela
natureza.
Quem tiver a sorte de caminhar pela Terra
Sagrada dos Incas, cruzará com um xamã, o “Chaski”,
que peregrina pelas trilhas divulgando sua
cultura. Ele lhe dirá, que hoje nosso Planeta
está passando por transformações, caracterizadas
pelo predomínio da energia feminina. Entretanto,
isso não quer dizer, absolutamente, que o Mundo
vai ser dominado pelas mulheres e, sim, que a
Terra carece do plantio de sentimentos tão
sublimes como os de uma mãe zelosa tem por seu
filho mais querido. Só este tipo de sentimento
fará brotar no coração dos homens o Lírio da Paz
e consolidará o Amor Universal.
ROSANE VOLPATTO


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