ARARIBÓIA

 

 

Maracajaguaçu, o Índio Gato Bravo Grande, cuja aldeia se localizava na Ilha de Paranapuã, atual Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, teve dois filhos: Mamenoaçu e Araribóia (Cobra da Tempestade ou Cobra Feroz).

 

A conquista do território brasileiro por Portugal deve muito a um grande e valoroso índio, filho de Maracajaguaçu: Araribóia. Este cacique esteve entre os principais artífices da expulsão dos invasores franceses do Brasil. Recrutado por Estácio de Sá, organizou seus guerreiros temiminós e colocou para correr o inimigo, que já se perpetuava na baía de Guanabara havia mais de uma década. Agradecido, o rei Dom Sebastião cobriu Araribóia de honrarias: deu-lhe o título de Cavaleiro da Ordem de Cristo,  nomeou-o capitão e tornou-o proprietário de uma grande sesmaria em Niterói. Araribóia foi batizado pelos portugueses de Martim Afonso de Souza.

 

 

A esquadra francesa se instalara na Guanabara em 1556, ocupando uma ilha e ali erguendo um forte. Para se contrapor às forças portuguesas, o comandante dos invasores, Nicolau Durand de Villegainon, firmou uma aliança com os índios tamoios, cerca de 70 mil homens naquela faixa do litoral. O acordo permitiu que as forças enviadas de Salvador por Mem de Sá, governador-geral do Brasil, fossem rechaçadas. Com a unidade da colônia correndo perigo, Mem de Sá mandou vir do reino seu sobrinho Estácio de Sá e o incumbiu de adotar a mesma estratégia dos franceses: arregimentar apoio indígena.

 

O confronto mais violento ocorreu em Uruçumirim, onde os invasores estavam aquartelados. Galgando penhascos, Araribóia foi o primeiro a entrar no baluarte inimigo. Empunhava uma tocha, com a qual explodiu o paiol de pólvora e abriu caminho para o ataque. Durante a luta, uma flecha envenenada raspou o rosto de Estácio de Sá, que morreu posteriormente, vítima de infecção. O ataque derradeiro, seguiu-se em uma matança noturna. O vitorioso Araribóia amanheceu banhado de sangue francês e tamoio.

 

 

O fiel aliado dos portugueses, entretanto, terminou seus dias em conflito com o substituto de Mem de Sá, Antonio Salema. Quando este veio ao Rio de Janeiro, o idoso cacique fez questão de comprimentá-lo. Durante a conversa, o índio sentou-se sobre as próprias pernas, buscando uma melhor acomodação. Salema considerou o gesto ofensivo e informou ao visitante que aqueles não eram modos de comportar-se diante de um governador.

Araribóia respondeu-lhe então:

 

- "Minhas pernas estão cansadas por tanto guerrear em favor do vosso rei. Vou para a minha aldeia, pois não sou cortesão. Aqui não volto mais."

 

E retirou-se.

 

Ele morreu em 1574, em sua aldeia, nos braços de seu povo, de morte natural.

 

Texto pesquisado e desenvolvido por

 

Rosane Volpatto