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A
MULHER ARANHA

Os
hopis, um povo dos pueblos, vivem no
nordeste do Arizona.
Seu
nome, hopi, tem sido traduzido de
diversas formas: “pacífico”,
“justo” ou “virtuoso”. Sua
tradução mais comum é “povo pacífico”
ou “povo da paz”. Este povo agrícola
tem vivido no Arizona há incontáveis
séculos; as marcas dos seus clãs
podem ser encontrados por todo o
sudoeste.
A
Mulher-Aranha ou Kokyang Wuhti é um
ser criativo. Esta entidade sagrada é
uma pessoa e muitas ao mesmo tempo.
Ela possui todo o conhecimento e está
em toda a parte. Pode aparecer como
uma jovem, uma velha, ou uma aranha.
Pode ser vista ou tornar-se leve como
o ar.
É
considerada a Mãe de Tudo:
"Segundo o mito indígena, o
mundo foi criado por ordem do
deus-sol. Havia também a
Mulher-Aranha, que deu vida ao mundo,
crinado plantas, animais e finalmente
seres humanos da terra e de si
mesma." Ele possui poederes
divinos e sabedoria ilimitada. Sabe
todos as linguagens. Tem acesso profético
ao futuro. Kokyang Wuhti é guardiã:
ela cuida da proteção e do bem-estar
das pessoas necessitadas.
É
vista freqüentemente como uma velha
vigorosa e nunca é representada por
ninguém nas cerimônias hopis Por sua
associação com a terra, na qual ela
vive, ela tem as carcterísticas de
uma Deusa da Terra. É velha como
tempo, e jovem como a eternidade.

A
LENDA DA CRIAÇÃO HOPIS

No
início dos tempos, uma faísca de
consciência se incendiou no espaço
infinito. Esta faísca era o espírito
do Sol, chamado Tawa. Tawa então
criou o primeiro mundo: uma enorme
caverna povoada unicamente por
insetos. Observando como se moviam os
insetos, achou aquela povoação
formigante pouco inteligente. Então
lhes enviou a Avó Aranha que disse
aos insetos:
_"Tawa,
o espírito do Sol que os criou, está
descontente com vocês, porque não
coompreendeis em absoluto o sentido da
vida. Assim, me foi ordenado que os
conduza para o Segundo Mundo, que está
acima do teto da caverna".
Os
insetos então começaram a escalar as
paredes da caverna em direção ao
Segundo Mundo. A subida era tão alta
e tão penosa que, antes de chegarem
ao Segundo Mundo, muitos dos insetos já
haviam se transformado rm animais
poderosos. Tawa os contemplou e disse:
-"Estes
sobreviventes são tão estúpidos
como os do Primeiro Mundo. Tampouco
parecem capazes de compreender o
sentido da vida".
Novamente
pediu a Avó Aranha para que os
conduzisse para o Terceiro Mundo. E no
transcurso desta nova viagem, alguns
animais se transformaram em homens.
No
Terceiro Mundo, a Avó Aranha ensinou
aos homens a tecerem e as mulheres a
fazerem potes. Ela também instruiu
convenientemente e na cabeça dos
homens e mulheres começou a despontar
uma vaga idéia sobre o sentido da
vida. Entretanto, bruxos malvados,
extingüiram a luz e cegaram os
humanos. As crianças choravam, os
homens guerreavam e se lastimavam,
haviam perdido o sentido da vida.
A
Avó Aranha voltou e lhes disse:
-"Tawa,
o espírito do Sol, está muito triste
com todos vocês. Haveis desperdiçado
a centelha de luz que havia brotado em
suas cabeças. Agora, devereis
ascender ao Mundo Superior (ou Quarto
Mundo). Mas desta vez, deverão
encontrar o caminho sozinhos".
Os
homens, perplexos, se perguntavam como
poderiam subir para o Mundo Superior.
Durante algum tempo permaneceram em
silêncio. Em fim, um ancião tomou a
palavra:
-"Creio
ter ouvido ruído de passos no céu".
-"Está correto", falaram os
demais. "Também nós temos
escutado os passos de alguém lá em
cima". Sendo assim, enviaram o
"pássaro gato" para
explorar o Mundo Superior que parecia
habitado.
O
pássaro gato voou para o céu e
descobriu um país semelhante ao
deserto do Arizona. Lá visualizou uma
cabana de pedra e ao aproximar-se, viu
um homem que parecia dormir, sentado
contra uma parede. O pássaro gato
posou junto a ele e o homem despertou.
Seu rosto era pavoroso, vermelho,
coberto de cicatrizes, queimaduras,
com uns traços negros pintados entre
as bochechas e o nariz. Seus olhos
eram tão enterrados nas órbidas que
eram quase invisíveis, mas o pássaro
viu brilhar entre eles um resplendor
aterrador. Reconheceu então aquele
personagem: era a Morte.
A
Morte olhou detidamente para o pássaro
gato e lhe disse gesticulando:
-Não
tens medo de mim?"
-"Não",
respondeu o pássaro. "Venho da
parte dos homens que habita, o mundo
debaixo deste. Desejam compartilhar
contigo este país. Isso é possível?"
A
Morte refletiu por alguns momentos.
-"Se os homens querem vir",
disse finalmente com o olhar sombrio,
"Que venham!".
O
pássaro gato retornou ao Terceiro
Mundo e contou aos homens o que havia
visto.
-"A
Morte aceita compartilhar com vocês
seu país", comunicou.
-"Graças
sejam dadas!", responderam os
homens. "Mas como poderemos subir
até lá?" Pediram conselho a Avó
Aranha, que lhes disse:
-"Plantem
um bambu no centro do povoado e cantem
para ajudá-lo a crescer".
Assim
os homens fizeram. Cantaram sem cessar
e a Avó Aranha dançava para ajudar o
bambu a crescer direito. Por fim, a Avó
Aranha exclamou:
-"Olhem!
A ponta do bambu já alcançou o céu!"
Então
os homens escalaram o bambu, alegres
como crianças. Nada levavam consigo,
estavam nus, tão desprovidos como no
seu primeiro dia de vida.
-"Sejam
prudentes!", gritou a Avó
Aranha. "Sejam prudentes!"
Entretanto os homens já não mais a
escutavam, pois já tinham alcançado
às alturas. Ao chegarem no Mundo
Superior, construíram povoados,
plantaram mandioca, milho, melões,
fizeram jardins e hortas.
E
desta vez, para dar sentido as suas
vidas, inventaram as LENDAS.

Na
mitologia Caiapó, como na nativa
americana, a Deusa-Aranha também é
Criadora, na medida que possibilita
com sua teia o povoamento da Terra,
que ao contrário dos Hopis, os homens
vêm do Mundo de Cima para o Mundo
Debaixo.
A
teia é um arquétipo poderoso que nos
fala de nossa conexão com todo o
Universo. Tudo que existe está
interligado com a Grande Teia
Universal e, portanto, o que cada um
faz, influencia o Todo. Mas a Mulher
Aranha, também tem seu lado escuro e
é temida por seus aspectos negativos.
Ela é conhecida como uma bruxa que
conhece todas as linguagens do mundo,
que se reúne todo ano, perto da Mesa
Negra, com outras bruxas do mundo.
Em
sua autobiografia intitulada "Sun
Chief", o hopi Don Talayesva fala
do tempo em que Kokyang Wuhti tentou
fazê-lo prisioneiro. Nos conta como
ele conseguiu escapar dela.
Apesar
disso, a Mulher Aranha é uma figura
em grande parte benévola. Ela aparece
nas lendas de muitas culturas indígenas
americanas, incluindo as dos povos
navajo e pueblo. Joe Sando, do pueblo
de Jemez, conta que as pessoas
acreditam que a Mulher Aranha as
protege com sua teia. Devido à reverência
dos nativos americanos a todas as
formas de vida e devido à ocorrência
abrangente dessa figura arquetípica,
a maioria dos índios é criada
aprendendo a respeitar aranhas, e não
matá-las. Isso certamente ocorre no
povo pueblo. Se um índio pueblo mata
uma aranha, seja por qual motivo,
segundo Joe Sando, ele imediatamente
diz "um cego mata", para se
livrar da responsabilidade pela morte
da aranha. Kokyang Wuhti representa
simultaneamente o feminino como guia
sempre presente, ajudante, protetora e
companheira, e o perigo inerente nessa
onipresença.

RITUAL
DA MULHER ARANHA
Desenhe
no chão um círculo e dentro dele uma
teia de aranha. Coloque todos seus
instrumentos dentro do círculo.
Acrescente velas roxas, uma ametista e
essência de violeta. Limpe o círculo,
você e o ambiente com uma vassourinha
de folhas de mamona e seringueira.
Faça
a seguinte Invocação:
"Tecelã
das Estrelas,
Seu
manto é o Universo.
Esteja
comigo, traga-me progresso.
Que
eu ande no caminho,
Com
a Senhora, não mais sozinho.
Venha
a este Círculo hoje.
Compartilhe
seu poder,
Ensine-me
como eu possa
Melhor
minha vida tecer.
SEJA
BEM-VINDA!"
Cante
então a sílaba "IHU", que
significa "O Todo", variando
os tons até obter centramento e
harmonia. Em seguida, visualize a
Aranha Cósmica, tecendo a teia que
trouxe a humanidade para Terra.
Percorra a grande extensão dessa
teia, observando o universo e a ligação
intrínseca de todas as coisas. Preste
atenção às imagens que surgirem,
anote os símbolos e mensagens, para não
esquecê-los. Agradeça a Deusa e
encerre a visualização. Em
agradecimento à Deusa coloque ou
plante flores roxas na terra. Celebre
seu ritual comendo mel e bebendo água.
Texto
pesquisado e desenvolvido porROSANE VOLPATTO

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