RITUAL APOLLO

ANTES DO RITO:
Junte a tigela de khernips (água lustral), a vasilha de libação (e o líquido a libar), o incenso, a vela, e os hinos a Apolo. Se tiver um assento de tripé (tripode), traga-o para a frente do altar. Separe as músicas que irá oferecer ao deus. Tome banho e use roupas limpas ou pelo menos lave as mãos, de preferência na água lustral. Se puder, lave as mãos, pés e rosto dizendo "purifico-os em honra do deus".
INÍCIO:
"Venho diante deste altar para honrar os deuses abençoados que habitam o Olimpo, os brilhantes e magníficos deuses que são eternos. Nenhum de vós é uma criancinha, todos são verdadeiramente grandes. Portanto, são dignos de louvor e sacrifício, deidades olimpianas, sagrados deuses da humanidade
DEDICATÓRIA:
"Já está radiante carruagem de quatro cavalos, o sol, brilhará sobre Delfos
e sua chama do fogo celeste afastará as estrelas na noite sagrada;
os rochedos não-trilhados do Parnaso recebem a roda do dia para os mortais.
A fumaça do incenso voa do teto de Febo, e as pitonisas se sentam no trípode,
cantando aos helenos sempre que Apolo as exorta.
Os servos délficos de Febo vão até as fontes prateadas da Castália,
chegam ao templo após banhar-se em águas puras;
e esperam ter a boca sacra para levar boas palavras à aqueles que consultam o oráculo.
E nós trabalharemos para tornar pura a entrada no templo de Apolo,
trazendo o louro e umedecendo o chão com gotas d'água.
Ó Pean, ó pean, possas tu ser afortunado, filho de Leto!
Amável é o trabalho, ó Febo, que conduzo diante de tua casa,
honrando seu santuário profético;
glorioso é meu trabalho, de servir aos deuses imortais,
Louvo Febos que me alimenta e governa este templo!
Ó Pean, ó pean, possas tu ser afortunado, filho de Leto!"
INCENSO:
Acenda o incenso (louro, olíbano, âmbar, mirra) na vela consagrada (vela branca)
Circule a imagem com o incenso no sentido horário e diga:
"Ouça-me, Apolo Pítio, Apolo Loxias, Apolo Musaghetes,
Febo Apolo, Apolo Akesios, Apolo Smintheus,
ou quaisquer nomes que desejes ser chamado.
Ofereço este incenso em tua honra."
ABRIR O CÍRCULO
Luz branca de Apollo, no norte, abençoar e
proteger este espaço sagrado.
Luz branca de Apollo, no leste, abençoar e proteger este espaço sagrado.
Luz branca de Apollo, no sul, abençoar e proteger este espaço sagrado.
Luz branca de Apollo no oeste, abençoar e proteger este espaço sagrado.
Luz branca de Apollo no céu, abençoe e proteja este espaço sagrado.
Luz branca de Apolo aqui na terra, abençoar e proteger este espaço sagrado.
MEDITAÇÃO:
Pare para contemplar Apolo, pense nos membros que também estão fazendo o ritual ao mesmo tempo, medite sobre o deus, se quiser reflita sobre as máximas délficas.
PRECE:
"Ó criança sagrada da grande Leto, Febo de cabelos dourados,
venha de longe para perto de nós,
quando o filho de Hipério se erguer sobre o centro do mundo.
Agora que a luz do dia nasce em Delfos,
nós que te adoramos voltamos nossos pensamentos para lá,
espalhados como estamos por toda a terra,
e cada um te saúda do seu jeito,
lembrando daquele que nunca deve ser esquecido.
Onde teus pés dourados pisarem é chão consagrado;
que tu possas vir a cada um de nós
e nos aquecer com tua luz crescente.
Tua presença purifica o ar com tua suave harmonia,
pois só o que é puro se aproxima de ti.
Onde estás se faz uma nova Delfos,
e nós que somos teus nos unimos para te saudar,
sentir o aroma da tua divindade
e nos lembramos do Apolo que-atira-longe."
Febo Apollo, nós convidamos você para estar perto de nós e de nossos companheiros Apolônicos ao redor do mundo e transformar nossos pensamentos em relação a você nesta noite de inverno. Pedimos-lhe que nos ajude a criar um espaço sagrado onde quer que o seu povo esteja. Que tudo o que é de seu espírito esteja presente aqui. E assim como o sol nasce todos os dias para nós, Nós vos saudamos aqui com amor como nós despejamos esta libação para você.
Despeje a libação no chão.
PEDIDO:
"Venho diante de Apollo Paian para purificar-me,
pois ele é conhecido por ser um deus que limpa-nos do que nos aflige.
Dizem que havia uma fonte em Delfos
onde o senhor filho de Zeus matou um dragão com seu arco,
um monstro que infringiu muitos males às pessoas da terra,
com sua crueldade sanguinária.
Ó gentil Febo, há monstros aqui também,
por favor escute enquanto eu lhe conto tudo."
Fale abertamente para Apollo sobre as coisas na sua vida nas quais você precisa da ajuda dele, reconhecendo também o quanto disso é resultado de suas próprias ações faltosas. Imagine suas preocupações e negatividades saindo de você para formar um grande dragão serpentino. Enquanto ler os próximos versos, visualize Apolo arqueiro parado diante de você e mirando o bicho que vai se formando. Quando chegar na parte certa do hino, veja-o lançar suas flechas no píton que ele tirou completamente do seu corpo e que agora jaz no chão. Veja-o entrar no chão e se desintegrar até não deixar nenhum rastro de si.
"O píton trouxe seu dia de destruição a quem o conheceu,
até o senhor Apolo que-atira-longe lançou sua poderosa flecha,
concedendo-lhe insuportável dor e levando-o estremecido ao chão.
O estrondo foi incrível e percorreu a floresta, com sua cauda em zig-zag,
até ele dar seu último suspiro ensanguentado quando Febo Apolo declarou:
'Desça agora nesta terra e nunca mais traga o mal aos seres humanos
que comem o fruto da terra que os nutre e produz ofertas imaculadas.
Nem Tifeu nem a malfadada Quimera podem evitar a sua deplorável morte,
mas bem aqui a terra negra e o sol flamejante lhe enterrarão.'
Assim ele falou e a escuridão cobriu os olhos do monstro,
e a fúria sagrada de Hélio o enraizou na terra;
desde então o lugar ficou sendo chamado de pito,
e as pessoas chamam o senhor Apolo de pítio."
Agora visualize Apollo lavando seu corpo com sua luz dourada, queimando qualquer traço de negatividade e curando/regenerando cada parte, da cabeça aos pés. Diga:
"Ê pean, estou curado; ê pean, estou limpo; ê pean, estou purificado!"
Fedo Apollo, nós te agradecemos pela energia e fortificação que nos deu esta noite. Obrigado por nos ajudar a tornar-se mais consciente de sua luz branca, para que possamos manter o nosso equilíbrio e permanecer saudável. Que possamos nos lembrar de desfrutar e apreciar todas as coisas boas que estão presentes em nossas vidas. Obrigado pelo apoio constante que nos dá a cada dia. Nós derramamos esta libação para você como uma expressão de nosso apreço. . Que você nos estenda seu apoio e também para o resto do mundo. Que possamos ser cercados por sua luz branca em todos os momentos para que nada ruim venha até nós. Assim seja.
ENCERRAMENTO:
"Ó sagrado arqueiro cujos largos ombros cintilam,
a ti dou graças pela purificação que trouxeste,
a cura que tens me dado nesta época da alvorada délfica.
Fique a meu lado, ó radiante, como meu santuário e suporte,
tanto hoje como sempre,
até a respeitada Perséfone me chamar para perto.
Teus caminhos são os meus, ó precioso filho da nobre filha de Céos (Koios),
então me conduza pelos passos dos olimpianos,
no teu caminho que cura e honra o corpo,
que harmoniza e enobrece o coração,
que eleva e inspira o intelecto,
e que purifica e ilumina a alma.
Ê pean, deus que carrega a lira!
É através de ti que os mortais atingem a perfeição.
Senhor Apolo, fundado das leis e das cidades,
que envia os navios a novos litorais
e inspira as almas profundas às alturas da filosofia,
possam nossas preces serem agradáveis a ti.
Que possas verdadeiramente nos purificar
e dissolver o efeito de nossas falhas
que tanto mundanamente nos debatemos para diminuir.
Que possamos pertencer às espirais da restauração de teu culto,
e que estes, que um dia foram enfraquecidos,
possam nunca mais serem apagados de novo."
Extinguir vela.
Respire fundo três vezes.
Conclua o ritual como estiver acostumado.
LIBAÇÃO
A bebida é uma oferta de líquido para os deuses. A libação aos deuses olímpicos é derramada continuamente em um fluxo contínuo. Libações Khthonic, chamado Khoe, são despejados no chão.
Libações comuns são o vinho, azeite, mel e água pura.
Algumas oferendas para Apollo:
Incenso: Olíbano
Velas: amarelas ou brancas
Ervas e plantas: folhas de loureiro
Pedra: pedra do sol
Textos de Jim Kollens e de Michael Standingwolf, adaptados e traduzidos e com sugestões de Alexandra Nikasios e Rosane Volpatto
Pra quem não sabe, Apolo é o Deus Grego da música, da poesia, das artes, da inspiração, da divinação, da verdade e da luz do Sol. Ele era irmão da Deusa Ártemis, a deusa da caça, dos animais e do arco. Ele é o Deus patrono do Oráculo de Delfos, o mais importante oráculo da mitologia Grega, onde todos os grandes Deuses e personalidades míticas se consultaram a respeito de seu futuro.

1.COMO PREPARAR ÁGUA LUSTRAL
Na prática helênica, é importante estarmos livres de impurezas (miasma) antes de entrarmos em contato com os deuses. Para esse propósito, usamos a água lustral ('khernips'), que nos purifica e purifica as ofertas antes de serem dadas aos deuses no rito. A 'khernips' pode ser feita ao acender-se um palito (ou madeira de cortiça ou sálvia ou um pequeno galho com folhas de árvore) no fogo sagrado e mergulhando-o na água de uma tigela, ao dizer "Kherniptomai! Seja esta água purificada pelo fogo sagrado!".
Algumas alternativas para se ter a água lustral são: engarrafar a água de uma fonte limpa ou de um mar não poluído ou da chuva.

2.HINOS DE APOLO
Hino a Apolo II, de Calímaco
Como se agita o rebento de loureiro de Apolo! Como treme todo o templo! Fora, fora com os males!
Deve ser Febo que pontapeia a porta com o seu belo pé. Não vedes? A palmeira de Delos acena levemente, De repente; o cisne canta de modo belo no ar.
Trancas das portas, retirai-vos. Chaves – abri as portas!
Pois o Deus já não está longe. (Callimachus, Hymns and Epigramns.Lycophrom. Aratus Loeb classical Library volume 129, postado por Antonio)
Hino Homérico a Apolo Délio:
...e logo aos imortais disse Febo Apolo:
"Seja-me dada minha cítara querida e meu arco recurvo; anunciarei por oráculo aos homens o desígnio infalível de Zeus.
" Assim tendo falado, andou pela terra de largos caminhos o arqueiro Febo de longos cabelos; então todas as imortais o admiravam, e Delos inteira de ouro se cobriu, contemplando o filho de Zeus e Leto, com alegria porque o deus escolheu tomá-la para morada e porque às ilhas e ao continente ele a preferiu de coração; ela floriu, como o cimo de uma montanha na floração de seu bosque. (tradução de Daisi Malhadas e M.H.Moura Neves)
Hino Homérico XXV: Às Musas e Apolo
Que pelas Musas eu comece e por Apolo e Zeus. Pelas Musas e pelo flechicerteiro Apolo homens aedos sobre a terra há e citaredos e por Zeus reis.
Feliz quem as Musas amam: doce lhes flui da boca a voz.
Salve, filhas de Zeus, e honrai minha canção Depois eu vos lembrarei também em outra canção. (Tradução de Jaa Torrano)
3 traduções do site helenismo:
Hino Órfico XXXIII - A Apolo,com fumigação de Maná:
Abençoado Paean*, venha, propício à minha prece, ilustre poder, a quem as tribos de Memphis reverenciam, Assassino de Tityus, e Deus da saúde, Febo licoriano, fonte frutífera de prosperidade. Espermático, da lira dourada, os campos de ti recebem sua fertilidade rica e constante.
Titânico, Gruniano, Sminthiano, a ti eu canto, destruidor de Python, consagrado, rei délfico:
Rural, portador da luz, chefe das Musas, nobre e amável, armado com temíveis flechas:
O que atira longe, Báquico, duplo, e divino, o poder difundido e o curso oblíquo são teus.
Ó, rei Délio, cujo olho produtor de luz vê tudo o que há dentro e tudo abaixo do céu:
Cujas mechas são douradas, cujos oráculos são certeiros, que revela bons presságios e puros preceitos:
Ouça-me suplicante pela espécie humana, ouça, e esteja presente com mente benigna;
Pois tu sobreviveste a todo esse ilimitado éter, e cada parte dessa esfera terrestre, Abundante, abençoado; e tua visão penetrante se estende sob a noite silenciosa e lúgubre;
Além da escuridão estrelada e profunda, o estábulo se enraiza, fixado fundo por ti.
Os limites largos do mundo, todo-florescentes, são teus, a ti toda a fonte e término divino:
A ti toda a música inspiradora da Natureza, com vários sons da harmoniosa lira;
Agora a última corda tu entoaste em um doce acorde, divinamente trinando o acorde mais agudo;
A lira dourada imortal, agora tocada por ti, responde cedendo à melodia dórica.
Todas as tribos da Natureza a ti devem suas diferenças, e as mudanças de estações fluem de tua música.
Assim, misturados por ti em partes iguais, avançam o verão e o inverno em dança alternada;
Isto clama tanto a mais aguda quanto a mais grave corda, os tons de medida dórica, a amável primavera.
Assim, pela humanidade, o divino Pã, nomeado de dois cornos, emite ventos uivantes através da famosa Siringe;
Uma vez que, a teus cuidados, são consignados os selos figurados que estampam o mundo com formas de todo o tipo.
Ouça-me, abençoado poder, e nestes ritos se rejubile, e salve teus místicos com uma voz suplicante. (*pronuncia-se 'pean' ou 'pían', uma canção solene de triunfo, epíteto de Apolo)
Hino Homérico XXI - A Apolo
Febo, a ti até os cisnes cantam com voz clara e batem suas asas quando se deparam com a margem do turbilhante rio Peneus; e é a ti que o menestrel de língua doce, segurando sua lira aguda, sempre canta tanto primeiro quanto por último.
E então saúdo a ti, ó deus! Busco o teu favor na minha canção.
Hino Homérico XXV - Para as Musas e Apolo
Eu começarei com as Musas e Apolo e Zeus; pois é por causa das Musas e de Apolo que existem cantores na terra e tocadores de lira, mas os reis são de Zeus. Feliz é quem as Musas amam: a doçura faz fluir discursos de seus lábios.
Saúdo-vos, filhas de Zeus!
Honrem a minha canção!
E agora me lembrarei de vós e de outra canção também.
3. MANA
Uma das ofertas nos Hinos Órficos é de mánna, ou "livanomanna" = 'livanos (olíbano) + manna', ou maná, que pode ser entendido como:
1) Pó ou grãos, sendo o "manna libanou" o incenso de olíbano granulado;
2) Seiva doce do freixo, ou da árvore do freixo-do-maná. As ninfas dessa árvore são chamadas de Melíe , e o nome da árvore do freixo em grego é melía , ambos nomes se derivam de méli , que significa mel.
O mánna seria uma resina doce retirada do freixo. Essa árvore e sua seiva seriam sagradas a Zeus, porque as ninfas Melíe teriam criado o deus quando este era criança, e lhe alimentado com mel. —
1. mel;
2. em comparação, qualquer coisa doce;
3. resina doce coletada de certas árvores. (Liddell & Scott, p. 1097, traduzido e adaptado)
"Mas tu, ó Zeus, as companheiras dos coribantes tomaram-te nos braços, inclusive a Dictaen Meliae, e Adastreia te pôs para dormir em um berço de ouro, e tu mamaste das ricas tetas da cabra Amalteia, e comeste do doce favo de mel." (Hino I de Calímaco a Zeus)
A madeira do freixo era usada nas lanças dos hoplitas gregos. As folhas servem para fazer chá medicinal. A casca combate a febre e ajuda na cicatrização. A seiva é açucarada como um mel. Na época de Hesíodo, o freixo era símbolo de solidez, sendo o freixo que engendrou a raça de bronze.

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