ANÕES E GNOMOS

Os anões e os gnomos são os donos
da terra, do solo e do subsolo e seu aspecto muitas vezes repulsivo não é mais
do que o reflexo da matéria bruta e primária de que são hóspedes e guardiões.
Podem até serem qualificados de feios, mas são muito sábios.
Por sua etimologia, a palavra "gnomo" significa
"o que sabe" e também "o que vive no interior da terra". Na Alemanha, a
palavra "gnomem" foi tomada da França no século XIII. Entretanto, desde o
século XI os montanheses balconeses evitavam as cavernas exploradas pelos
gnomos. Esse pequeno povo que habitava as moradas subterrâneas, assegurava
a germinação das plantas, escavavam galerias em busca de minerais, vigiavam
o crescimento das pedras preciosas e guardavam os tesouros enterrados. São
tradicionalmente excelentes ferreiros, admiráveis fabricantes de jóias e
artesãos de espadas tão fortes e rápidas que torna invencível quem as usa.
Nas lendas do folclore popular, são os anões e
os gnomos que guiam e protegem os mineiros, os exploradores subterrâneos e
metalúrgicos. São associados as divindades da forja e dos Infernos como o
deus grego Hefesto, que forjou o raio de Zeus.
Gnomos e anões vivem no coração da matéria mais
densa, mais pesada e sua missão consiste em organizar a matéria bruta,
refiná-la, limpá-la e unificá-la antes de sua saída para a terra.
Seja qual for sua origem, real ou sobrenatural,
elemental ou demoníaca, os anões e os gnomos existem, com nomes diferentes,
em todos os países e todas as culturas, inclusive no Brasil. Na França
chamam-se de "gobelins", na Escócia de "browales", na Irlanda de "cluricaunes",
na Suécia de "taitters ou tomtes", na Islândia "trolls", na Noruega e na
Dinamarca de "pruccas ou pwcca", no País de Gales de "klabbers, dauniessies,
hobgoblis", na Espanha de "grasgos ou trasgos", na Suiça de "servants' e na
Alemanha de "nis-kobolds".
Anões e gnomos são divindades minúsculas da
forja e da mina, portanto, seres da noite e das cavernas.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS GNOMOS

O gnomo não supera a altura de quarenta centímetros, é geralmente comprido
e magro, de aparência grotesca, rosto cadavérico e comprido, sendo quase
sempre um solitário. A impressão que ele nos deixa é a de possuir uma idade
extremamente avançada; todo seu aspecto, a sua conduta, a sua indumentária,
tudo parece absolutamente remoto em relação ao presente. Os seus braços são
demasiadamente longos para o nosso senso de proporção e, tal como suas
pernas, curva-se à altura das juntas, como se estivessem enrijecido com a
idade. A tez é rude e grosseira, os olhos muito pequenos e negros,
ligeiramente repuxados para o alto.
Afirma-se que a forma do gnomo é um remanescente da antiga Atlântida e, se
isso for verdade, pode-se supor que o tipo seja uma representação da
aparência dos povos daquele período e, embora grotescos para nós, uma
expressão do seu padrão de beleza.
O autêntico gnomo da terra visto pelo clarividente Geoffrey Hodson, não era
uma entidade de aspecto agradável, diz ele:
"os que encontrei na Inglaterra eram inteiramente negros ou marrons, da cor
da turfa, e embora nunca tivesse incorrido em sua hostilidade, a sua
atmosfera era decididamente desagradável".
Os gnomos negros vistos por Geoffrey, geralmente são maus e só existem em
pequeno número. Eles habitam em grande parte os países europeus.

LENDA DOS GNOMOS E ANÕES

Na origem do mundo, segundo as lendas nórdicas
reunidas em a "Edda", quando os deuses, os "Ases", desmembraram o corpo do
grande gigante Ymir para fazer com ele o céu, a terra, as nuvens, os
bosques e os oceanos, quatro anões foram dispostos nos quatro cantos do
firmamento para sustentar a cúpula celeste durante todo o tempo que durar o
universo.
O anões, assim
como os elfos, tiveram origem nos vermes formigantes do cadáver em
decomposição de Ymir e a maioria deles foi morar nas profundezas da terra,
em Niflheim, a Morada dos Mortos e também em Svartalfaheim, o reino dos
elfos negros que haviam abdicado da luz do sol e jamais abandonariam suas
tenebrosas moradas subterrâneas. Esses anões originais eram ferreiros dos
deuses, que possuíam a habilidade de fabricar ferramentas mágicas e armas
invencíveis.

Para alcançar a sombria morada dos anões era
necessário passar por cima de Bifrost, a ponte do arco-íris que unia
Niflheim, o Reino dos Anões, Midgard, a terra, o "Reino Médio", e Asgard, o
céu, a Cidadela Divina. Raro eram os que se aventuravam por este ponte
multicolorida, cuja cor vermelha correspondia a barreira intransponível de
um fogo ardente, que evitava que os gigantes das montanhas chegassem ao
céu. Somente Loki, o deus do fogo, era um hóspede freqüente desse pequeno
povo. Entretanto, Loki era astuto e pérfido e constantemente punha os
deuses nas maiores dificuldades, tanto que era chamado de o "caluniador dos
Ases".
Com a giganta
Angrboda "a que anuncia a desgraça", Loki teve três filhos: um lobo monstro
chamado Fenrir, a serpente Midgard, que vive no mar que rodeia a terra e
Hel, a guardiã da morada dos mortos situada em Niflheim. Os deuses Ases, a
princípio, acolheram o lobo em sua casa e o alimentaram. Entretanto, o lobo
cresceu tanto em força e tamanho e umas profecias anunciavam que um dia
devoraria o mundo com seus dentes de ferro. Por isso, os deuses decidiram
amarrá-lo a fim de reduzir sua capacidade de destruição. Confeccionaram uma
forte atadura, que se rompeu logo que o lobo foi envolvida nela. Então foi
forjada uma segunda, que novamente não foi suficiente para imobilizar
Fenrir. Os Ases começaram a se desesperar, pois não achavam possível
dominar o lobo, cujo vigor só aumentava. Tiveram então a sábia idéia de
recorrer aos anões, cuja a arte e habilidade associada a magia os tornavam
insuperáveis. Eles, que sempre sofriam depreciação por causa de sua pequena
estatura e feio aspecto, trataram de agradar os deuses e forjaram uma
atadura mágica que chamaram de Gleipnir. Dizia-se que a Gleipnir foi criada
com a utilização de seis ingredientes: o ruído do passo dos gatos, a barba
das mulheres, as raízes das montanhas, os tendões dos ossos, o alento do
peixe e a saliva dos pássaros. Esses ingredientes eram tão raros e
impalpáveis como poderosos, pois sabemos que as mulheres não têm barba, o
passo do gato não provoca ruído e não há raízes debaixo das montanhas.

A atadura mágica era lisa e flexível como uma
cinta de seda, mas com uma solidez a toda prova e conseguiu prender o
imenso e raivoso lobo Fenrir.

TUMULTUADO APARECIMENTO
O primeiro registro oficial de gnomos, na Europa, data
do ano de 1200. Em suas crônicas monásticas, William de Newburg, declarou a
existência de "duendes verdes" em um condado inglês. Sua difusão irritou o
vaticano e converteu o tema em uma inédita avalanche de temores e
especulações. E em meio século não houve confim do mundo conhecido sem sua
própria versão do fenômeno.
Em 1919, as irmãs Elsie e Francis Griffith relataram
seus encontros com gnomos e fadas no jardim de sua casa, que os membros da
Sociedade Teosófica Britânica e o novelista Arthur Conan Doyle, criador do
detetive Sherlock Holmes, investigaram o caso por meses. Logicamente não
houve conclusões.
Em 1955, em Kentucky, Estados Unidos, a família Sutton
teve que defender-se a tiros de uma "invasão de homenzinhos verdes de 60
centímetros", segundo os periódicos da época.
Em 1976, na Carolina do Norte, um menino de 8 anos
disse aos seus pais e vizinhos que havia estado brincando em um campo com
um "anãozinho de 25 centímetros, vestido de azul e com botas pretas". Não
acreditaram, porém logo, no lugar indicado, encontraram dezenas de marcas
de botinhas mescladas com as do menino.
De lá para cá, seria bem difícil de descrever o número
de contatos de gnomos com humanos no mundo inteiro....
A lenda dos gnomos foi introduzida na Europa no
princípio do século XVI por autores como Pico de la Mirándola, Marsilio
Ficino, Paracelso, Jerônimo Cardam e Reuchlin.

DESAPARECIMENTO DOS ANÕES E GNOMOS

Todos os relatos consagrados aos anões e os
gnomos recordam seu desaparecimento progressivo ao longo dos séculos. O
poeta alemão Heinrich Heine contava a história desse exílio, tal como havia
lido em uma compilação de lendas tradicionais:
"No condado de Hohenstein, entre Walkenried e
Neuhof possuíam um de seus reinos. Um dia, um habitante desse país, notou
que haviam roubado sua plantação sem que pudesse descobrir o autor do tal
roubo. Acabou por escutar o conselho de uma "mulher sábia". No crepúsculo,
o camponês foi passear ao longo de seu campo, golpeando as plantas com uma
varinha comprida. No primeiro golpe, viu ele logo adiante vários anões; a
vara havia feito cair os gorros que os tornavam invisíveis. Os anões
assustados, acabaram confessando que foi seu povo que teria despojado o
campo, mas que haviam praticado tal ato em vista da total miséria em que se
encontravam.
A notícia da captura dos anões desatou rumores
em toda a comarca. O pequeno povo enviou representantes e ofereceu um
resgate pelos irmãos que haviam sido presos pelos humanos. Uma vez
realizada a troca, os anões prometeram abandonar a região para sempre.
Entretanto, quando se tratou de organizar a partida, deu-se lugar para
longas discussões. Os camponeses não que os anões partissem com seus
tesouros, mas por outro lado, os anões não queriam ser vistos. Acabaram por
entender-se. Acordou-se que os emigrantes passariam por uma ponte estreita,
perto de Neuhof, e cada um jogaria, em um tonel destinado para tal fim, uma
determinada parte de sua fortuna, sem que nenhum camponês tivesse direito
de se aproximar do lugar. E, acordo feito, acordo cumprido. Entretanto,
alguns curiosos se esconderam debaixo da ponte. Durante longas horas
ouviram as pisadas dos homenzinhos. Parecia que um interminável rebanho de
ovelhas passava por suas cabeças."
E foi assim, que o Pequeno Povo foi expulso daquela
região, que com sua partida, perdeu o encanto, que sem a presença benévola
dos anões, tornou-se para sempre apagada e sem vida.

Na Europa, os anões e os gnomos são uma etnia que está em vias de extinção. Já aqui no Brasil, com seu vasto
território de florestas e campos, é o habitat perfeito para viverem e se
multiplicarem. Nosso povo ainda tem pouco conhecimento de sua presença e
quando se tornam visíveis, são na maioria das vezes confundidos com
extraterrestres.
Nossa civilização atual é um parte culpada pela
perda quase total do contato com esse Povo Pequeno, pois nos tornamos
demasiadamente racionais e cremos tão somente na ciência que nos levou a
desacreditar nesses personagens da natureza. Infelizmente, o homem moderno
perdeu o sentido do mistério e o gosto pela magia. De tanto querer
explicá-lo e controlá-lo, nos deixou aleijados de nossa própria infância.
Os nomes e os rostos do Povo Pequeno, sempre foi
para o homem de grande ajuda para dar nome aos seus medos e identificar
seus sentimentos. Ao temer a dança das fadas, ao invocar a ajuda dos gnomos
e anões, recorrer a proteção dos duendes e elfos, o homem não fazia outra
coisa do que projetar no exterior de si mesmo os sentimentos que o
asfixiava.
Os contos e lendas dos anões e gnomos são os
últimos vestígios da Idade do Ouro, aquele tempo mítico que os homens
compreendiam a linguagem dos pássaros e as portas do Mundo das Fadas
estavam completamente abertas.
Entretanto, se ainda quisermos não morrer
asfixiados nesse mundo de desencantos, devemos aprender a nos reconciliar
com a parte de nós mesmos que há muitos séculos deram origem ao mundo das
fadas. Somos e sempre seremos criaturas sonhadoras e portanto, tão
imaginários quanto os gnomos, duendes ou os anões. Somos todos
feitos de uma mesma "massa" que cresce graças ao fermento do espírito e da
levedura da imaginação.
Deixe-se sonhar, pois sonhar é preciso!

CONHEÇA ALGUNS NOMES DE DUENDES E
GNOMOS:
ACESSE O LINK ABAIXO
gnomosduendes2.html

Texto pesquisado e desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO


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