ANJANAS

Entre os bosques cantábros,
uma doce e bondosa ninfa aguarda para ajudar sempre que pode. Quando alguém se
encontra desconsolado, basta correr para um bosque e invocar seis vezes o nome
da anjana dizendo:
-"Anjana Branca, tem piedade
de mim,
alivia meu coração, dai-me um
pouco de consolo.
Livra-me dos perigos e dos
maus pensamentos."
Essa fada mede apenas meio
metro de altura, tem os olhos negros ou azuis. Seu cabelo é longo e dourado, que
pode estar adornado com tranças, flores ou laços de fitas coloridas. Aparece no
bosque usando vaporosos vestidos brancos e compridas túnicas, na maioria das
vezes, também branca. Pode calçar sandálias ou aparecer descalça.
As anjanas sempre aparecem providas de um
cajado ou báculo de distintas cores que possui
propriedades mágicas. Em certas ocasiões, esses cajados, nos quais se apóiam
para caminhar, terminam em uma luz ou uma estrela luminosa na noite. Esse bastão
sempre é levado na mão direita. A distinta cor do báculo pode determinar a
classe de prodígios que pode realizar. Todas as lendas sobre ele estão de acordo
que ao tocar alguém ou algo se produzem fenômenos de todos os tipos. Normalmente
serve para curar animaizinhos, homens e plantas.
As anjanas se
alimentam de mel e frutos
silvestres.
Possui um olhar terno e
confiante, transmite uma serenidade que acalma os homens.
Manuel Llano nos diz que: "o
coração da anjana é uma rosa muito grande com muitas gotas de mel nas folhas e
orvalho que diz que são as lágrimas da Mãe Dolorosa". Esse mesmo autor em "Brañaflor"
e "Mytos y leyendas de Cantabria", diz que as anjanas às vezes percorrem os
povoados na forma de anciãs para testemunhar a caridade das pessoas; se forem
caridosas, as premiam com diversos presentes e dons, porém se não, as castigam.
Vivem em grutas que são
palácios com solo de ouro e as paredes de prata, que abandonam ao amanhecer.
Mas, antes de sair, se limpam e penteiam seus cabelos com pentes de coral e os
adornam.

Elas também cuidam da entrada
de suas moradias, regando com uma jarrinha luminosa as flores silvestres que
nascem na boca da gruta encantada. Após sua entrada no bosque, encontram-se com
todo o tipo de pássaros, que sempre as recebem piando, pois elas podem
perfeitamente entender-se com os animais, já que conhecem a linguagem das aves e
as flores.

ESPÍRITOS ELEMENTAIS DA NATUREZA
Como espíritos elementais da natureza que são,
compreendem todos os segredos das forças da natureza. Conversam com as fontes e
as águas, que se agitam e se revolvem com sua presença. Gostam de sentarem-se às
margens dos arroios, para retornar ao seu mundo na metade da manhã. Entretanto,
nunca antes de realizar uma série de trabalhos como: limpar as fontes, olhar
pelos rebanhos dos pastores, acariciar e cuidar das árvores machucadas, atender
enfermos ou viajantes perdidos, eliminar os danos causados por incêndios.
Quando anoitece, saem de novo e caminham pelo
monte comprovando a beleza dos campos, satisfeitas com o trabalho realizado.
Finalmente retornam aos seus lares subterrâneos para descansar em leitos
brilhantes e bonitos.
Conta-se que o momento mais propício para
vê-las é quando estão cantando, principalmente se o cântico coincide com o
momento mágico do crepúsculo, do amanhecer ou entardecer.
Uma vez por ano, na Sexta Feira Santa, todas
as anjanas vestem capas pretas e escondem seus cabelos dourados debaixo de
lenços cor de cinza. Talvez esse arrebato religioso, tenha servido para
conjecturar que elas são santas que Deus mandou ao mundo para realizar boas
ações e depois que quatro séculos, teriam direito de voltar ao céu para não mais
regressar. Também se diz, que poderiam ser espíritos das árvores que são
encarregadas de cuidar dos bosques. O certo, é que não se conhece a verdadeira
origem das anjanas.
Se fala também, que no Solstício da Primavera,
à meia noite, as anjanas se reúnem no bosque e dançam até o amanhecer,
esparzindo pétalas de rosas e, quem tiver a sorte de as encontrar será feliz até
a hora de sua morte.

ENCONTRO COM AS ANJANAS

O sr. Bruno Díaz da localidade de Carmona.
relata a Manuel Llano o encontro que tve uma moça montanhesa com uma fada em
Penha la Mena. Ao entardecer, voltava a moça depois de recolher lenha, quando de
repente se encontrou com uma anjana . Ela usava uns sapatos de cor marrom com
umas fivelas.
Descreveu que as anjanas vestiam branco
e tinham o rosto um pouco mais pálido do que os seres humanos. Na primavera
colhiam flores para fazerem coroas que usavam na cabeça e, no inverno, usavam
uma capa negra com pontos brancos e um cajado na mão, em cuja extremidade
reluzia uma estrela, que servia para guiar os viajantes perdidos.
Na lendas colhidas muito se especula sobre
esse cajado. Em uma delas conta-se que se uma anjana toca com sua vara verde a
coroa de espinhos verdes que leva sobre sua cabeça, essa poderia se transformar
em pedra, em árvore, em uma jovem ou em uma velha se desejasse. Quando o cajado
é azul, serve para espantar e inclusive matar os lobos só ao tocá-los. Na
verdade, nem sempre elas levam na mão direita um cajado, as vezes portam uma
roca de fiar de cor vermelha, uma sineta de ouro ou uma bolsinha de dinheiro
para remediar as necessidades que encontram no caminho.
Outro aspecto para se falar são sobre seus
olhos, que são sempre muito profundos e negros, mas há ocasiões em que elas são
descridas com olhos verdes, o rosto pardo e usando uma capa preta, sendo
consideradas por Llan como anjanas más. A capa com que são vistas, segundo a
época do ano ou o local em que são vistas, mudam de cor. Para aa anjanas
dos montes do vale Herrerias, a capa é da cor cinza, e nas localidades como
Virgem da Penha, assim como em Ruisenhada, a capa é amarela. Não está claro de
que é feita a tal capa, porém é descrita como sendo de um tecido parecido com
seda.
É interessante assinalar também sua devoção
religiosa e seu fervor pela oração, pois tal atitude parece ter sido
acrescentada por alguns autores como Manuel Llano, já que é bem difícil associar
uma fada com qualquer tipo de símbolo cristão e muito menos associadas aos seus
costumes, pois fadas não são católicas.

PROIBIÇÕES
As anjanas, entretanto, são
proibidas de se apaixonarem pelos homens, pois caso contrário recebem um duro
castigo. Porém, o amor nem sempre entende de normas e as anjanas, por vezes, se
apaixonam. Se uma anjana transgride essa norma imposta por sua raça e convive
com um homem, nunca terá paz e sossego e a desgraça à perseguirá. Será um amor
trágico, condenados eternamente a amar-se e a não encontrar nunca a felicidade.
Quando tiverem sede não poderão beber, se tiverem fome não encontrarão comida,
se tiverem frio não encontrarão onde refugiar-se, e desejarão a morte, porém
essa não chegará nunca, e viverão obrigados a errar eternamente, juntos, sem
saciar nunca o fome, o frio, a sede. Eternamente juntos e desgraçados.

MENSAGEM DAS ANJANAS
As anjanas são um tipo
especial de fadas que nos tocam com seus cajados iluminados para acalmar as
angústias de nossos corações. Elas nos convidam para observarmos como se
comportam as criaturas da Natureza. Essas entoam continuamente um canto de
agradecimento e manifestam a alegria pelo simples fato de desempenhar seu papel
dentro do imenso círculo da existência. Já nós humanos, vivemos nossas vidas sem
termos consciência do lugar que ocupamos e vamos enchendo, ao longo da vida, os
nossos bolsos, de coisas inúteis, que até parecem ser importantes...! E,
acabamos nos convertendo em colecionistas de comportamentos e de pensamentos que
não são os nossos. E, mais ainda, muitas vezes, desempenhamos papéis que
correspondem a outra pessoa, porém nos empenhamos em conservá-lo para não nos
sentirmos perdidos...
Mas as anjanas nos dizem, que perdidos estamos
se não desempenharmos o papel que sugere nossos corações, um papel que pode nos
fazer participar da existência do "todo".
Sensato é todo aquele que consegue
aceita-se do modo em que realmente é. Essa é a chave de ouro que abrirá as
portas de teu jardim interior. E, nesse jardim crescem magníficas árvores que
ainda não conheces e flores que só você pode cultivar. Tu és o único que pode
fazer enxertos e transformá-las, plantar novas plantas e retirar outras; tu és o
único que poderá ter acesso a teu jardim, podendo embelezá-lo ou convertê-lo em
estéril como um deserto. Então, aceites ser o "jardineiro" de ti mesmo e
descobrirás que teu trabalho é similar a de muitos outros e então te tornarás
mais compreensivo, mais disposto e menos crítico para com os outros.
Responsabiliza-te pelo teu papel e percorras o
caminho em que te espera a Vida e, ao longo dessa viagem, te darás conta que o
caminho se converterá em uma espiral que se alonga até o infinito, até o
Céu....!
Texto pesquisado e desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO

Bibliografia:
Os 55 Dons do Mundo da Luz - Tiziana Mattera
Hadas - Jesus Callejo
El Gran Libro de las Hadas - Alejandra Ramírez
Zarzuela
Diccionario Seres Fantásticos - J. Felipe
Alonso

 

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