UMBÚ, ÁRVORE-SÍMBOLO DA HOSPITALIDADE
"Quem se introduz nos bosques de umbuzeiros,
recorda subitamente incidendes de sua infância".
O viajante desprevenido pensará que é cedro, um
dos legendários cedros do Líbano, com os quais o
rei Salomão construiu o Templo de Jerusalém.
Pois deles tem a forma na voluta da fronde e na
coluna do tronco vertical.. Possui a
impetuosidade e a doçura refletida no
arredondado de sua copa submissa e disciplinada,
nascida da benção do Criador.

A LENDA (segundo Barbosa Lessa) ...
Na infância dos tempos, as árvores eram todas
iguais. Mas, um dia Deus estava muito contente,
porque os diabos e os homens maus haviam sido
derrotados e resolveu então comemorar,
satisfazendo a vontade das árvores.

Perguntou para coronilha como ela gostaria de se
tornar e ela respondeu que queria ser tão dura a
ponto de resistir à golpes de machado.Perguntou
ao molho, ele disse que queria saber assobiar.
Perguntou para figueira do campo, ela falou que
queria ser muito forte, muito alta, muito
bonita.
E assim..Deus ia satisfazendo o pedido de todas
as árvores.
Quando chegou a vez do umbú, este disse que
queria ter o corpo muito fraco, uma madeira
à-toa, mas queria ser grande, para poder fazer
sombra e abrigar os homens.
Deus satisfez a vontade dele, mas curioso,
perguntou porque desejava se tornar uma madeira
tão fraca e mole, enquanto que todas as outras
árvores queriam ser fortes e duras. Então o umbú
explicou-lhe que não queria que sua madeira
pudesse servir, algum dia, para cruz e
sacrifício de um santo. E desde daí, o umbú é
assim...
Phytolaca dioica é conhecida como umbú (ombú na
Argentina) nativa do Rio Grande do Sul e nos
pampas da Argentina. Alguns botânicos a
classificam como uma erva gigante já que não
possui lenha, mas um tronco mole e fibroso,
porém resistente. As folhas cozidas, em
aplicações externas, servem para combater sarna
e feridas que não cicatrizam, no entanto não
devem ser ingeridas já que causam diarréias
violentas. É uma árvore quase não habitada por
pássaros. Durante a noite, de suas folhas se
desprendem emabações nocivas à saúde.
"Umbu" é indicado para a realização de metas,
propósitos pessoais, que demandam perseverança e
trabalho. Esta essência ajuda a proporcionar
força e disposição para a realização dos
pequenos e necessários passos, visando maiores
metas.

ASSOMBREANDO A HISTÓRIA...
Sabe-se que na época do descobrimento os
indígenas plantavam, junto ao sepulcro de seus
maiores, um umbú. Pode ser por isso que lhe
foram atribuídos aspectos tristes como aos
ciprestes ou salgueiros.
Era crença india, que uma árvore solitária no
caminho, como acontece ordinariamente ao umbú,
era habitada por espíritos e para conjurá-los
era preciso atar-lhe pedrinhas cobertas com
pedaços de roupas.
Há umbús históricos, em cujas sombras já foram
discutidas assuntos de relevante importância. À
sombra de seus galhos já abrigou indômitos
guerreiros. Primeiro os que defendiam a pátria
contra os estrangeiros, depois o gaúcho
monarquista em defesa de seu Monarca Imperial e
por último, os filhos deste na defesa de idéias
que lhes conduziram a um destino melhor. Todos
foram morrendo, mas o umbú continuou lá. À sua
sombra brincamos quando crianças e nos abrigamos
do calor do sol na velhice...E ele ainda
permanece lá, alegre e forte! Quanto maior a
seca, mais verde ele fica. Quanto mais fria a
geada, mais ele floresce.
O umbú personifica o vulgo ignaro, que no seu
modo de pensar tem muito do homem primitivo, as
forças da natureza e todos os objetos que as
manifestam.
A esta árvore também foi associada efeitos
maléficos e chegou-se a acreditar, certa época,
que por influência do umbú acontecia a ruína dos
lares e das famílias. Muitos acreditavam que era
chegado o momento da ruína da casa quando lhe
tocavam as raízes do umbú nos alicerces. Não é
tão fácil desrraigar um umbuzeiro. Por mais que
arranquem as raízes e restos, não se consegue a
sua exterminação e a casa acaba sendo abandonada.
Assim, era muito natural que junto de uma tapera
se encontrasse um umbuzeiro, o que gerou um
velho provérbio: "Casa com umbú, acaba em tapera".
O Umbú é uma árvore típica que enfeita a
paisagem sul-riograndense, oferecendo sombra
amiga e hospitaleira, nos campos e nas coxilhas,
onde o gaúcho dorme a sesta e a gurizada brinca,
buliçosa, com os cuscos das fazendas. Junto do
umbú encontram guarida o carreteiro, o gaúcho
andejo, o tropeiro e os mascates de longas
caminhadas. Bálsamo e conforto contra as
invernais, refúgio contra o sol causticante dos
verões, o umbú é a árvore-símbolo da
hospitalidade do povo gaúcho. Seja manchado de
verde à luz do dia, seja quando a noite vem
chegando sobre o pampa e ele se recorta em
silhueta graciosa contra o horizonte, parece nos
chamar ao repouso, em um mudo aceno:
"CHEGUE-SE, AMIGO!"
Bibliografia consultada
Estórias e Lendas do Rio Grande do sul - Barbosa
Lessa


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