No
Mundo
da
Lua
por
Rosane
Volpatto

"
A
Lua,
e
não
o
Sol,
é
o
legítimo
cronômetro
do
alvorecer
dos
tempos".
A
Lua
sempre
foi
o
marcador
de
tempo
natural
das
mudanças
periódicas
que
ocorriam
em
todos
os
reinos,
era
ela
também
que
assinalava
todas
as
etapas
e
padrões
do
eterno
ciclo
da
vida
e
da
morte.
Sua
misteriosa
luz
prateada
apontava
o
momento
certo
para
o
plantio,
para
a
colheita,
para
o
acasalamento
e
para
as
mudanças
climáticas.
Os
antigos
gregos
a
representavam
como
um
cálice
vazio
que
enchia-se
e
esvaziava-se
lentamente,
representando
as
alterações
cíclicas
das
emoções,
reações
e
necessidades
humanas.
O
símbolo
escolhido
para
representar
a
esfera
matriarcal
é
a
Lua,
em
sua
correlação
com
a
noite
e
com
a
Grande
Mãe
do
céu
noturno.
A
Lua
é
o
astro
que
ilumina
a
noite
e
é
o
símbolo
do
princípio
feminino,
representando
potencialidades,
estados
de
alma,
valores
do
inconsciente,
humores
e
emoções,
receptividade
e
fertilidade,
mutação
e
transmutação.
E,
as
fases
da
Lua,
caracterizam
os
aspectos
da
natureza
feminina,
assim
como
representam
os
estágios
e
as
transformações
na
vida
da
mulher.
O
Mundo
da
Lua,
aparece
na
qualidade
de
um
nascimento
ou
renascimento.
Onde
quer
que
se
visualize
seu
símbolo,
sempre
estaremos
diante
de
um
mistério
de
transformação
matriarcal,
mesmo
que
algumas
vezes,
mostre-se
camuflado
no
mundo
patriarcal.

Os
astros
luminosos
em
sua
dimensão
arquetípica,
sempre
são
símbolos
da
consciência
e
do
espírito
da
psique
humana.
É
por
isso
que
sua
posição
nas
religiões
e
ritos
é
característica
das
constelações
psíquicas
dominantes
no
grupo
que,
a
partir
do
seu
inconsciente,
projetou-os
no
céu.
Para
ilustrar,
o
Sol
tem
sua
correspondência
na
consciência
patriarcal,
enquanto
a
Lua
na
consciência
matriarcal.
O
aspecto
lunar
do
matriarcado
não
se
refere
ao
espírito
invisível
e
imaterial,
bandeira
defendida
pelo
patriarcado,
mas
foi
a
razão
pela
qual
fez
com
que
a
Lua
acabasse
depreciada,
assim
como
o
Feminino
a
que
ela
corresponde.
Todos
seus
princípios
marginalizados
levaram
à
conceituação
abstrata
da
consciência
moderna
e,
que
hoje
ameaça
a
existência
da
humanidade
ocidental,
pois
a
unilateralidade
masculina
acarreta
uma
hipertrofia
da
consciência,
às
custas
da
totalidade
do
homem.
Atualmente,
o
conhecimento
abstraído
pela
consciência
coletiva
da
humanidade
encontra-se
nas
mãos
de
representantes
masculinos,
que
nem
sequer
são
capazes
de
incorporar
o
princípio
solar
imaterial
e
puro.
O
Mundo
da
Lua,
está
longe
de
ser,
como
supunha
o
mundo
patriarcal,
somente
um
nível
de
matéria
inferior,
de
fugacidade
telúrica
e
escuridão.
Nos
mistérios
do
renascimento
ocorre
a
iluminação
e
a
imortalização
do
homem.
Este
mesmo
homem,
que
é
iniciado
pela
Grande
Mãe,
como
demonstra
os
mistérios
eleusinos
e
o
seu
renascimento
acontece
como
um
nascimento
luminoso
no
céu
noturno.
Ele
brilhará
como
um
ponto
de
luz
no
manto
negro
da
noite,
iluminando
o
mundo
noturno,
mas
mesmo
tornando-se
deste
modo,
imortal,
a
Mãe
não
o
libera,
mas
o
carrega
para
perto
de
si
na
mandala
celeste,
pois
uma
Mãe
jamais
abandona
seu
filho.

A
LUA
E
A
MENSTRUAÇÃO
A
cada
28
dias
a
Lua
completa
seu
ciclo
de
crescente
a
minguante.
A
Lua
Nova
marca
a
primeira
iluminação
e
um
fiapo
fica
visível
no
céu
noturno.
A
Lua
então
cresce
até
o
primeiro
quarto,
quando
se
pode
visualizar
a
metade
de
seu
disco.
Continua
a
crescer
e
completa-se
até
atingir
a
Lua
Cheia.
Neste
ponto,
começa
a
diminuir
de
tamanho
até
o
terceiro
quarto,
quando
novamente
só
se
vê
a
metade
do
disco
e
continua
assim
até
que
não
se
veja
mais
seu
disco.
Em
quinta
fase,
esta
Lua
Escura
dura
três
noites
e
esta,
é
este
é
o
mais
poderoso
de
todos
os
ciclos
da
Lua.
A
Lua,
com
seu
ciclo
de
nascimento,
crescimento
e
morte,
é
um
lembrete
poderoso,
todos
os
meses,
da
natureza
dos
ciclos.
Em
épocas
remotas,
os
ciclos
menstruais
das
mulheres
eram
perfeitamente
alinhados
com
os
da
Lua.
A
mulher
ovulava
na
Lua
Cheia
e
menstruava
na
Lua
Escura.
A
Lua
Cheia
era
o
ápice
do
ciclo
da
criação,
era
quando
o
óvulo
era
liberado.
Nos
14
dias
que
antecedem
esta
liberação,
as
energias
da
criação
reúnem
tudo
que
é
necessário
para
constituir
o
óvulo.
Quando
passava
a
Lua
Cheia
e
o
óvulo
não
era
fertilizado,
tornava-se
maduro
demais
e
se
decompunha,
derramando-se
no
fluxo
natural
de
sangue
na
Lua
Escura.
Quando
a
mulher
vive
em
perfeita
harmonia
com
a
Terra,
ela
só
sangra
os
três
dias
da
Lua
Escura.
Quando
a
Lua
Nova
emerge,
seu
fluxo
naturalmente
deve
cessar
e
o
ciclo
da
criação
é
reiniciado
dentro
dela.
Em
nossa
sociedade
atual,
o
uso
de
pílulas
anticoncepcionais,
fez
com
que
a
mulher
deixasse
de
incorporar
e
compreender
este
ciclo
de
criação
e
destruição
dentro
de
si.
Alguns
índios
norte-americanos,
consideravam
a
Lua
uma
mulher,
a
primeira
Mulher
e,
no
seu
quarto
minguante
ela
ficava
"doente",
palavra
que
definiam
como
menstruação.
Camponeses
europeus
acreditavam
que
a
Lua
menstruava
e
que
estava
"adoentada"
no
período
minguante,
sendo
que
a
chuva
vermelha
que
o
folclore
afirma
cair
do
céu
era
o
"sangue
da
Lua".
Em
várias
línguas
as
palavras
menstruação
e
Lua
são
as
mesmas
ou
estão
associadas.
A
palavra
menstruação
significa
"mudança
da
Lua"
e
"mens"
é
Lua.
Alguns
camponeses
alemães
chamam
o
período
menstrual
de
"a
Lua".
Na
França
é
chamado
de
"le
moment
de
la
luna".
Entre
muitos
povos
em
todas
as
partes
do
mundo
as
mulheres
eram
consideradas
"tabu"
durante
o
período
da
menstruação.
Este
período
para
algumas
tribos
indígenas
era
considerado
um
estado
tão
peculiar
que
a
mulher
deveria
recolher-se
à
uma
"tenda
menstrual"
escura,
pois
a
luz
da
Lua
não
deveria
bater
sobre
ela.
O
isolamento
mensal
da
mulher,
tinha
o
mesmo
significado
que
os
ritos
de
puberdade
dos
homens.
Durante
este
curto
espaço
de
tempo
de
solidão
forçada,
as
mulheres
mantinham
um
contato
mais
íntimo
com
as
forças
instintivas
dentro
de
si.
Em
tribos
mais
primitivas,
nenhum
homem
podia
se
aproximar
de
uma
mulher
menstruada,
pois
até
sua
sombra
era
poluidora.
O
sangue
menstrual,
nesta
época,
era
tido
como
contaminador.
Acreditavam
também,
que
a
mulher
menstruada
tinha
um
efeito
poluente
sobre
o
fogo
e
se
por
algum
motivo
se
aproximasse
dele,
esse
se
extinguiria.
Ainda,
de
acordo
com
o
Talmude,
se
uma
mulher
no
início
da
menstruação
passasse
por
dois
homens,
certamente
um
deles
morreria.
Se
estivesse
no
término
de
seu
período,
provavelmente
causaria
uma
violenta
discussão
entre
eles.
Por
vários
motivos
as
mulheres
acabaram
impondo
à
si
mesmas
uma
abstinência,
muito
embora,
tanto
nelas
como
nos
animais,
o
período
de
maior
desejo
sexual
é
imediatamente
anterior
ou
posterior
a
menstruação.
Na
Índia,
acredita-se
ainda
hoje,
que
a
Deusa-Mãe
menstrua.
Durante
essa
época,
as
estátuas
da
deusa
são
afastadas
e
panos
manchados
de
sangue
são
considerados
como
"remédio"
para
a
maior
parte
das
doenças.
Na
Babilônia,
pensava-se
que
Istar,
a
Deusa
Lua,
menstruava
na
época
da
Lua
Cheia,
quando
o
"sabattu"
de
Istar,
ou
dia
do
mal,
era
observado.
A
palavra
"sabattu"
vem
de
sabat
e
significa
o
descanso
do
coração.
É
o
dia
de
descanso
que
a
Lua
tem
quando
está
cheia.
Este
dia
é
um
percursor
direto
do
sabath
e
considerava-se
desfavorável
qualquer
trabalho,
comer
comida
cozida
ou
viajar.
Essas
eram
as
coisas
proibidas
para
a
mulher
menstruada.
O
sabath
era
primeiramente
observado
somente
uma
vez
por
mês
e
depois
passou
a
ser
observado
em
cada
uma
das
fases
da
Lua.
Hoje,
uma
compreensão
científica
e
objetiva
já
nos
livrou
de
todos
estes
tabus,
mas
é
bom
lembrar
que
em
certo
momento
histórico,
inconscientemente,
a
natureza
instintiva
feminina
podia
provocar
a
anulação
dos
homens.

A
NATUREZA
TRINA
DA
MULHER

A
natureza
da
mulher
é
cíclica
e
bem
separada
de
seus
desejos
pessoais
e
ela
experimenta
a
vida
através
desta
natureza
sempre
mutável.
As
mudanças
mais
marcantes
de
seu
comportamento
acontecem
em
relação
aos
seus
sentimentos.
Tudo
pode
estar
auspicioso
e
alegre
em
certo
momento,
mas
passado
pouco
tempo
poderá
estar
melancólico
e
deprimente.
Desta
forma,
sua
percepção
subjetiva
da
vida
é
projetada
para
o
mundo
exterior
e
a
mulher
pode
sentir
a
mudança
cíclica
como
uma
qualidade
da
própria
vida.
No
curso
de
um
ciclo
completo,
que
corresponde
à
revolução
lunar,
a
energia
da
mulher
cresce,
brilha
esplendorosa
e
volta
a
minguar
totalmente.
Essas
mudanças
afetam-na
tanto
na
vida
física
como
sexualmente
e
também
psiquicamente.
Na
mulher,
a
vida
tem
fluxo
e
refluxo
que
é
dependente
de
seu
ritmo
interno.
O
ir
e
vir
da
energia,
quando
perfeitamente
compreendido
pela
mulher,
pode
presenteá-la
com
uma
oportunidade
de
trabalho
ou
uma
aventura
espiritual,
a
qual
ela
espera
há
muito
tempo.
Se
a
Lua
lhe
for
favorável,
ela
poderá
ter
uma
vida
mais
livre
e
cheia
de
oportunidades,
mas
se
a
Lua
estiver
desfavorável,
pode
perder
sua
chance,
sendo
incapaz
de
recuperá-la.
Não
é
de
admirar
que
nossos
ancestrais
chamassem
a
Lua
de
"Deusa
do
Destino",
pois
realmente
é
fato
que
ela
influência
no
destino
da
mulher,
assim
como
dos
homens
também,
embora
inconscientemente.
No
mundo
patriarcal,
as
mulheres
descuidaram-se
de
seus
ritmos
para
tornarem-se
competitivas
e
o
mais
próximas
possíveis
dos
homens.
Caíram,
sem
perceber,
sob
o
domínio
do
masculino
interior,
perdendo
o
contato
com
seu
próprio
instinto
feminino,
passando
a
viver
somente
através
das
qualidades
masculinos
do
"animus".
Entretanto,
negar
sua
identidade
é
constituir-se
em
um
ser
sem
alma.
Não
é
incorporando
os
valores
masculinos
ou
tentando
imitar
seu
comportamento
que
terá
reconhecido
o
seu
valor.
A
mulher
deve
ser
reconhecida
também,
pela
sua
dimensão
feminina
e
não
pela
sua
dissociação
da
sua
realidade
psíquica.

A
MULHER
LUA
CRESCENTE
A
primeira
face
da
Deusa
é
a
Donzela,
ou
Virgem
e
que
corresponde
a
Lua
Crescente.
Representa
a
juventude,
a
vitalidade,
a
antecipação
da
vida,
o
início
da
criação,
o
potencial
de
crescimento
e
a
semente
do
"vir
a
ser".
A
Lua
Crescente,
portanto,
liga-se
a
"virgem",
a
mulher
solteira
e
sugere
inúmeras
promessas
ocultas
de
crescimento,
de
riqueza,
de
criatividade
e
de
prazer.
Esta
Lua
nos
faz
voar
à
um
mundo
de
sonhos
e
devaneios.
Nos
tornamos
seres
alados
que
levitam
num
céu
estrelado
de
possibilidades,
onde
o
impossível
torna-se
realidade.
É
o
verdadeiro
despertar
de
Eros,
do
amor,
da
vida
que
não
nos
impõe
nenhum
obstáculo.
Neste
mundo
onde
tudo
é
possível
a
mulher
personifica-se
como
a
eterna
amante,
a
musa
inspiradora
que
concretiza
a
eterna
felicidade.
A
mulher
na
Lua
Crescente
consegue
expor
sua
feminilidade
com
muita
espontaneidade.
Ela
é
a
personificação
da
deusa
em
sua
manifestação
instintiva
e
natural,
buscando
sua
essência.
Ela
é
rica
em
fertilidade
e
possibilidades,
sem
limites.
Precisa
de
todo
o
espaço
para
expandir-se
e
manifestar-se.
É
erva
que
se
alastra
e
cobre
tudo,
pois
ela
é
livre,
animal
sem
dono,
que
não
admite
ficar
presa
à
ninguém.
Dona
de
si
mesma,
ela
se
rege,
se
governa
por
seus
princípios
internos,
muitas
vezes
à
custa
de
muito
sofrimento,
pois
toda
liberdade
tem
seu
preço.
Este
princípio
feminino
é
representado
por
várias
deusas
e
uma
delas
é
Àrtemis,
a
arqueira-virgem
e
amazona
infalível,
que
corria
livre
pelos
campos
e
de
coração
solitário.
Ela
é
arquétipo
da
feminilidade
mais
pura
e
primitiva.
Ela
santifica
a
solidão
e
a
vida
natural.
E,
é
ela
que
garante
a
nossa
resistência
a
domesticação.
Outra
deusa
da
Lua
Crescente
é
Inana,
uma
antiga
entidade
suméria
que
é
portadora
de
qualidades
lunares
femininas.
Em
época
de
mudanças,
esta
deusa
sempre
está
presente
e
pode
ser
invocada.
As
mulheres
que
incorporam
os
atributos
da
Lua
Crescente,
são
muito
sensuais,
verdadeiras
Afrodites
contemporâneas
e
conhecedoras
da
influência
de
seus
poderes.
Sentem
orgulho
de
seu
sexo
e
possuem
uma
vitalidade
rara,
somada
a
uma
ansiedade
de
ampliar
os
horizontes
de
seu
psiquismo.
Jamais
se
adaptam
à
limites
sociais
e
culturais,
pois
seu
desejo
de
expansão
é
incontrolável.
Estão
sempre
mudando,
são
mulheres
inquietas
e
instáveis.
Como
a
Lua
Crescente,
revolucionam,
criam
e
transformam
constantemente.
São
difíceis
de
serem
civilizadas,
pois
como
Àrtemis,
possuem
um
amor
intenso
pela
liberdade,
pela
independência
e
autonomia.
Possuem
temperamento
estouvado
e
aprendem
muito
cedo
a
engolir
suas
lágrimas
e
planejar
vinganças
pelas
humilhações
que
sofrem,
devolvendo
na
medida
certa
o
que
receberam.
Para
um
homem
relacionar-se
com
uma
mulher-lua-crescente,
pode
ser
um
desafio
e
tanto.
Igualmente,
a
mulher
que
penetrar
fundo
nesse
lado
de
sua
natureza
artemisia,
precisará
reconhecer
o
poder
primitivo
de
sua
sanguinolência
e
o
efeito
que
pode
ter
sobre
o
homem.
A
Lua
Crescente
nos
põe
em
contato
com
todos
esses
aspectos
da
natureza
feminina.

A
MULHER
LUA
CHEIA
 
O
aspecto
de
Mãe
da
Deusa
sempre
foi
o
mais
acessível
para
que
a
humanidade
o
reconhecesse,
invocasse
e
o
identificasse.
A
Lua
Cheia
está
associada
à
imagem
maternal
da
Deusa,
à
mulher
em
toda
a
sua
plenitude,
ao
potencial
pleno
da
força
vital.
Ela
corresponde
ao
crescimento
e
amadurecimento
de
todas
as
coisas,
ao
ponto
culminante
de
todos
os
ciclos,
à
semente
germinada
e
à
plenitude
do
caldeirão.
Na
Lua
Cheia
entramos
em
outra
dimensão
do
feminino,
aqui
o
instinto
se
coloca
a
serviço
da
criação
e
da
humanização.
Esta
é
a
fase
lunar
que
é
iluminada
pelo
Sol
em
sua
totalidade,
indicando
mais
clareza
de
consciência
e
um
melhor
relacionamento
entre
masculino
e
feminino,
o
que
propicia
a
criação.
A
Lua
Cheia
é
a
Lua
Grávida
de
criatividade,
de
riqueza
e
da
realização
do
próprio
crescimento.
É
a
imagem
da
Mãe,
com
o
poder
divino
de
carregar
uma
nova
vida
em
seu
ventre.
É
ela
que
gera,
promove
o
crescimento
e
dá
o
nascimento.
Ela
é
a
deusa
da
maternidade,
que
traz
consigo
a
fertilidade
para
a
terra
e
para
os
homens.
A
Lua
Cheia
nos
conecta
com
a
terra,
nos
coloca
em
contato
com
os
valores
terrenos,
é
o
próprio
amor
realizado.
Esta
Lua-Mãe,
foi
expressa
mitológicamente
pelos
gregos
como
Deméter
com
sua
prodigiosa
energia
para
nutrir
e
acalentar
e
sua
dedicação
desinteressada
para
com
os
filhos
e
a
família.
Esta
deusa-mãe
também
é
visualizada
em
Cibele,
Ísis,
em
Astarte
e
na
Virgem
Maria.
Todas
aparecem
sempre
com
o
filho,
o
que
pressupõe
uma
capacidade
de
relacionamento
e
reprodução
realizada.
O
filho
representa
o
nascimento,
o
Logos
no
feminino.
A
Lua,
deste
modo,
relaciona-se
com
o
mundo
de
maneira
mais
humana,
através
de
seu
filho.
Estabelece-se
assim,
um
contato
mais
íntimo
entre
o
mundo
interno
e
o
externo,
do
divino
com
o
terreno
e
do
espiritual
com
o
material.
A
maternidade
em
si
já
é
uma
doação,
mas
também
associa-se
à
capacidade
de
sacrifício.
Todas
as
deusas
citadas,
têm
em
comum
o
fato
de
terem
um
filho
que
morre
e
depois
ressuscita.
O
filho
seria
a
semente
que
morre,
se
decompõe
na
terra,
para
trazer
em
seguida
a
renovação
da
vida.
Mas,
enquanto
não
chega
a
hora
do
sacrifício,
o
filho
reina
junto
com
a
Mãe-Lua
e
é
controlado
por
ela.
A
mulher
regida
pela
Lua
Cheia
é
mais
confiável,
pois
se
assemelha
à
Mãe.
Ela
é
acolhedora,
mais
domesticada
e
sempre
se
coloca
à
disposição
e
proteção
do
outro.
Esta
mulher
tem
os
pés
no
chão
e
seus
mistérios
não
são
tão
ocultos,
pois
ela
se
revela
mais
claramente.
Ela
acolhe
a
criação,
que
é
a
união
do
masculino
com
o
feminino.
Mas
esta
mulher
tem
uma
preocupação
exagerada
com
a
segurança,
o
que
impede
o
seu
aprofundamento
em
seus
relacionamentos,
pois
o
contato
mais
íntimo,
pode
constituir-se
em
uma
ameaça.
Desenvolve
então,
um
controle
fora
do
comum
e
nada
pode
pegá-la
desprevenida.
Aqui
desenvolve-se
um
impedimento
a
sua
criatividade,
pois
seus
passos
são
calculados,
evitando
confrontar-se
com
o
desconhecido,
que
podem
lhe
proporcionar
surpresas
desagradáveis.
A
mulher-lua-cheia
é
a
esposa
e
mãe
perfeita,
desfaz-se
em
eficiência
e
cuidados,
mas
falta-lhe
a
paixão
e
a
inquietação.

A
MULHER
LUA
MINGUANTE
O
terceiro
aspecto
da
Deusa,
a
Anciã,
corresponde
à
fase
da
Lua
Minguante,
sendo
o
menos
compreendido
e
o
mais
temido.
A
Lua
Minguante
define-se
no
acaso
e
na
velhice.
É
aquela
que
encerra
em
si
a
sabedoria
e
os
segredos
nunca
revelados.
Está
associada
a
velha
bruxa,
ao
deteriorar
da
força
vital,
ao
envelhecimento,
assim
como,
aos
poderes
de
destruição
e
da
morte,
à
destruição
do
impulso
de
Eros.
A
mulher
que
é
arquetípicamente
regida
pela
Lua
Minguante
é
misteriosa
e
por
vezes
indefinível.
Parece
possuir
um
potencial
para
realização
de
algo
que
é
difícil
definir
com
exatidão.
Possui
virtualidades
pressentidas,
mas
nem
sempre
realizadas.
Ela
mesma
não
se
define
de
maneira
consciente
e
clara.
Possui
também
uma
certa
dificuldade
em
lidar
com
os
aspectos
da
vida
consciente.
Esta
é
a
mulher
que
vive
no
"mundo
da
lua".
Está
sempre
descobrindo
novas
possibilidades,
mas
tem
certa
dificuldade
em
direcioná-las
e
nunca
consegue
finalizar
o
que
começou.
Como
está
mais
próxima
e
mantém
constante
contato
com
as
fontes
inconscientes
da
fertilidade,
aparenta
estar
realizando
algo,
mas
que
pode
nunca
concretizar.
É
sempre
suscetível
a
perder-se
em
sonhos
e
devaneios
em
função
da
dificuldade
que
tem
em
lidar
com
o
concreto
e
o
real.
O
seu
maior
obstáculo
é
o
tempo
presente,
pois
está
sempre
voltando
ao
passado,
revendo
tudo
o
que
foi
capaz
de
realizar,
ou
lamentando
o
que
deixou
de
fazer.
Ela
está
sempre
distante
do
presente
e
por
isso
torna-se
fria
e
distante
dos
outros,
devido
ao
seu
excesso
de
auto-referência.
A
sua
criatividade,
se
não
submetida
ao
controle
do
ego
consciente,
pode
assumir
uma
forma
caótica
e
desordenada.
A
sua
maior
dificuldade
está
em
mobilizar
e
dirigir
essa
energia.
Possui
ela,
todo
o
potencial
para
a
criação
por
seu
acesso
fácil
às
fontes
criadoras
lunares,
mas
necessita
compreender
e
separar
a
mistura
orobórica
criativa,
a
fazer
a
ordenação
do
caos,
para
que
ele
se
transforme
num
cosmo
criativo
A
mulher
Lua
Minguante
possui
uma
energia
muito
forte,
mas
ela
pode
manifestar-se
de
maneira
tanto
construtiva,
como
destrutiva,
dependendo
da
forma
como
trabalha
o
seu
consciente.
A
necessidade
de
mudança
também
está
sempre
determinando
seu
comportamento.
O
que
mais
importa
para
ela
é
o
próprio
processo
do
que
o
objetivo
final,
o
caminho
não
tem
tanta
importância,
mas
premente
é
a
necessidade
de
fazer
a
passagem.
A
introspecção
ao
mundo
interior
ocorre
facilmente
para
a
mulher
regida
pela
lua
minguante.
A
sua
maior
dificuldade
está
no
fato
de
tornar-se
produtiva
e
realizar
toda
a
fertilidade
encontrada.
Se
não
conseguir
direcionar
essa
vitalidade,
objetivando-a
e
encaminhando-a
para
a
realização
criativa,
toda
essa
riqueza
pode
se
tornar
inútil.
A
Lua
Minguante
sempre
serviu
como
vaso
adequado
para
a
projeção
de
todo
o
lado
sombrio,
tanto
do
homem
como
da
mulher.
Aqui
penetra-se
no
reino
de
Hécate
e
Lilith
e
tantas
outras
deusas
que
apresentam
aspecto
sombrio,
mas
que
pode
no
final
nos
trazer
a
iluminação.
Talvez
torne-se
necessário
para
a
mulher
fazer
um
acordo
com
estas
deusas,
para
que
elas
a
presenteiem
com
a
possibilidade
de
um
enriquecimento
de
personalidade,
permitindo
a
sua
expressão
de
uma
forma
mais
humanizada
e
não
tão
instintiva.
Deste
modo,
as
dimensões
do
instinto
poderão
ter
uma
via
mais
integrada,
em
que
pode
haver
a
participação
de
novas
forças
energéticas.
É
observando
e
reconhecendo
os
movimentos
da
Lua
no
céu
e
integrando
as
suas
três
fases,
que
poderemos
nos
alinhar
e
sintonizar
com
o
fluxo
do
tempo
e
com
os
ritmos
naturais.
Nos
utilizando
dos
poderes
mágicos
da
Lua
e
reverenciando
as
Deusas
ligadas
a
ela,
criaremos
condições
para
melhorar
e
transformar
nossa
realidade,
harmonizando-nos
e
vivendo
de
forma
mais
equilibrada,
plena
e
feliz.

NÃO
A
GUERRA
DOS
SEXOS....
...SIM
AO
COMPANHEIRISMO!

Hoje,
a
maioria
das
religiões,
concebem
como
única
e
suprema
uma
divindade
que
é
masculina,
entretanto,
ao
resgatarmos
tradições
mais
antigas,
aprendemos
que
anteriormente,
tanto
o
homem
quanto
a
mulher,
cultuavam
uma
Grande
Mãe.
O resgate
destas
tradições
nos
levam
a
compreender
que
homens
e
mulheres
nasceram
para
viver
em
parceria
e
que,
nós
mulheres,
podemos
honrar
o
espírito
feminino,
buscando
o
equilíbrio
e
a
paz,
para
ambos
os
sexos.
As
mulheres,
nos
últimos
anos,
desbancaram
a
bandeira
de
sexo
frágil.
Elas
batalharam
e
conseguiram
a
independência,
poder
e
reconhecimento.
Em
pé
de
igualdade
com
o
homem,
hoje
tem
como
meta
principal
conciliar
carreira,
maternidade
e
encontrar
um
homem
ideal.
Os
homens
em
contrapartida,
não
mudaram
tanto
assim,
não
acompanhando
o
ritmo
veloz
feminino.
Em
conseqüência
disto,
criou-se
um
abismo
entre
os
dois
sexos.
Mas,
felizmente,
as
mulheres
jamais
abandonaram
o
seu
ideal
romântico
de
encontrar
um
companheiro
para
caminhar
lado
a
lado.
Todas
anseiam
apaixonar-se
e
casar,
mas
não
abrem
mão
da
busca
do
sucesso
profissional.
Assim,
alegam
a
maioria
delas,
se
fracassarem
na
vida
sentimental,
terão
o
trabalho
para
satisfazê-las
e
ocupá-las.
Devem
então,
ter
muito
cuidado
para
não
investir
tempo
integral
às
suas
carreiras,
pois
fatalmente,
por
total
falta
de
tempo
matarão
sua
vida
afetiva.
O
amor
e
a
maternidade
para
a
mulher
é
um
fator
mais
do
que
biológico.
Ir
contra
à
sua
natureza,
fará
com
que
a
mulher
deixe
de
usufruir
de
uma
realização
pessoal.
O
homem
também
obteve
alguns
avanços
e
hoje,
ele
parece
estar
mais
disponível
e
sensível.
A
cada
dia
vislumbra-se
pais
mais
participantes,
amantes
mais
amorosos
e
companheiros
que
dividem
com
a
mulher
as
tarefas
rotineiras
da
casa.
Estamos
entretanto
ainda,
em
um
momento
de
transição,
onde
os
papéis
masculinos
e
femininos
não
estão
bem
delineados.
O
homem,
continua
a
não
saber
direito
lidar
com
suas
emoções
em
função
de
sua
postura
cultural
e
a
mulher
buscou
e
conquistou
a
independência,
o
reconhecimento
e
a
igualdade.
Mas
bem
no
íntimo,
ela
continua
romântica
e
deseja
ser
conquistada.
No
fundo,
talvez
não
imaginasse
que
pudesse
ir
tão
longe
para
depois
sentir-se
perdida.
Com
tantas
conquistas,
vieram
também
as
armadilhas
e
ela
acabou
sobrecarregada,
pendendo
de
um
lado
para
o
outro
com
a
expansão
das
possibilidades.
Talvez,
seja
este
o
momento
da
mulher
parar
de
provar
que
pode
tudo
e
unir-se
em
companheirismo
com
o
homem.
Se
realmente
buscamos
construir
uma
sociedade
equilibrada
e
serena,
todas
as
idéias
egocêntricas
de
superioridade
e
culto
à
guerra
sexista
deve
desaparecer
entre
os
homens
e
mulheres,
dando
lugar
a
uma
visão
cósmica
de
complementariedade
entre
os
sexos.
NA
GUERRA
DOS
SEXOS
QUE
VENÇA
O
AMOR!
Texto de ROSANEVOLPATTO

Bibliografia
consultada:
-
O
Casamento
do
Sol
com
a
Lua.
Raissa
Cavalcanti.
Editora
Cultrix,
São
Paulo.
-
A
Grande
Mãe.
Erich
Neumann.
Editora
Cultrix,
São
Paulo.
-
As
Deusas
e
a
Mulher.
Jean
Shinoda
Bolen.
Editora
Paulus,
São
Paulo.
-
Os
Mistérios
da
Mulher.
M.
Esther
Harding.
Editora
Paulus,
São
Paulo.
-
O
Novo
Despertar
da
Deusa.
Organização
Shirley
Nicholson.
Editora
Rocco
Ltda,
Rio
de
Janeiro
-
Variações
sobre
o
tema
mulher.
Jette
Bonaventure.
Editora
Paulus,
São
Paulo.
|