O minhocão é
ubíquo e anfíbio. é um mito que se perpetua no imaginário do barranqueiro,
sendo a lenda mais conhecida em todo o Estado do Mato Grosso.
Conta-se que
a Lagoa do Armazém, em Tramandaí (R/S) era a morada do Minhocão, uma
serpente monstruosa de olhos e língua de fogo verde e com pelos na cabeça.
Além de virar as embarcações, comia as galinhas e os porcos da margem.
Hoje o povo acredita que ela voltou ao seu habitat natural, o mar.
Alguns
descrevem o minhocão como uma serpente descomunal com olhos esbugalhados e
luminosos. Dizem que vinha por cima da água, deslizando e que a sua cabeça
alta parecia a proa de um barco com os dois faróis dos olhos. O monstro
outras vezes, saracoteia e espana as águas e uiva tão terrivelmente que
os outros animais em terra são tomados de paralisia.
No Amazonas, o minhocão é a famigerada boiúna, ou cobra grande, um mito
que aterroriza as crianças, as mulheres e muitos crédulos caboclos. Não
falta quem fale desta assombração que se apresenta de maneira grandiosa,
como impõe o imenso palco amazônico. É
considerada como guardiã da noite e depois de cada tempestade aparece sob
a forma de Arco-íris. Está também ligada ao Dilúvio Universal.
Acredita-se
que é por conta da sucuri que correm todas estas lendas que a imaginação
popular vem tecendo.

Não resta a
menor dívida que na apuração das medidas entre as várias serpentes do
mundo a nossa sucuri é uma das maiores, que pode chegar, segundo a
recentes estimativas há mais de 14 metros. Note-se que uma serpente com
metade deste tamanho, pode asfixiar um homem ao apertá-lo.
Foi o medo
em conúbio com a mentira que engendrou a sucuri que José Aranha diz ter
visto, em 1722, No Rio Madeira, a qual disse ele medir 40 passos. Cita-se
também um exemplar abatido pelo famoso explorador Fawcett, que media 20
metros.
O mesmo
podemos dizer daquela que engoliu um cavalo inteirinho, em Goiás, segundo
a narrativa muito minuciosa de Gadner em sua obra "Viagens ao Brasil".
De vez em
quando a Imprensa publica a história de uma fabulosa suruci capturada e
morta, sempre na região da Amazônia. Uma das mais sensacionais histórias
foi a de três jovens que acamparam na floresta e foram dormir. Pela manhã
um dos meninos tinha desaparecido e seus colegas ao encontrá-lo tiveram a
terrível surpresa, estava sendo devorado por uma sucuri.
Abaixo da
narração tinha uma observação para ninguém se aventurar à penetrar
floresta sozinho, pois realmente ela oferece muitos perigos.
SIMBOLISMO
A cobra ou
serpente é o animal que mais provocou interpretações míticas e simbólicas.
Animal muito estranho, rastejador, faz eco aos primórdios dos tempos, como
fonte do pecado e de todos os terrores. Ambígua, masculina ou feminina,
ctônica ou cósmica, ela desafia suas contradições. É a expressão da noite
original.
Intimamente
ligada à terra, ela vive em buracos escuros, numa região subterrânea, a
qual para os antigos era o submundo, por isso ela é importante para a
Geobiologia e o Feng Shui..
Enquanto
deus primordial, a serpente está ligada à chuva fertilizadora e a
fertilidade. Em crenças primitivas era comum a afirmação de que as cobras
se reuniam com as mulheres podendo engravidá-las. Pensava-se ainda, que a
mordida de uma cobra era responsável pela primeira menstruação de uma
menina.
Se concebe a
idéia segundo a qual o arco-íris é uma serpente que se desaltera no mar,
preceitos também aceitos entre os bororos da América do Sul, África do Sul
e Índia. Enrolada em si própria é o símbolo da pedra filosofal da alquimia
e representa o infinito. Ela enrolada e mordendo a cauda é o símbolo mais
antigo do mundo.
A serpente
também o Espírito da Água primordial, que as vezes é terrível em sua
cólera. Na cosmogênese grega, segundo a Teogonia de Hesíodo, ela é o
próprio "Oceano". Nove de suas espiras abarcam o círculo do mundo,
enquanto a décima, resvalada para debaixo do mundo, forma a Estige. Na
mitologia grega, Aquelôo, o maior rio da Grécia antiga, metamorfoseou-se
em uma serpente para enfrentar Hércules.
Considera-se
que a serpente possua o poder de auto-renovação, por causa de sua
habilidade de mudar e renovar a sua pele. Este caráter mutante deu origem
às crenças que atribuem-lhe o poder da imortalidade.
Mas esta
divindade também é destruidora. O útero da terra é ofídico e atrai e
absorve, como um útero da morte voraz, todas as criaturas para se
satisfazer e fertilizar. Com efeito, de maneira profunda, a morte e a
destruição estão ligados à vida e ao nascimento.
Acreditam os
batacs da Malásia, que uma serpente cósmica, que vive nas regiões
subterrâneas, destruirá o mundo. Na mitologia gemano-escandinava, a
Serpente de Midgard, que abarca o mundo inteiro com seus anéis, será a
causadora do término dos tempos, por ocasião do Ragnarok.

Texto pesquisado e desenvolvido
por
Rosane Volpatto