DEUSES DA MÚSICA INDÍGENA

No
começo, nada existia sobre o mundo terrestre, que produzisse a doce melodia ou
suave harmonia. Ninguém celebrava com alegres vozes os feitos mortais, ou
tocava qualquer instrumento musical.
A
melodiosa arte e a divina ciência na combinação de sons, era desconhecida,
nenhum conjunto de orquestra havia sido organizado. Homem algum exercia a
sacra arte da música e não compunha nem executavam peças musicais.

Um dia,
o imortal Anhum, deus do canto e neto de Tupã, o Criador, desceu dos céus e
veio passear no lendário Eldorado, as margens do rio Araguaia, em companhia da
deusa Solfa, sua noiva e ao entardecer, o deus ficou muito triste, porque a
vida dos homens era envolvida em um tenebroso silêncio.
O
próprio deus Polo passava sem ruído e Tainacam vivia sem brilho. No alto do
monte sagrado, as reuniões dos divinos eram realizadas em grande quietude e as
canoras aves, pouco soltavam os seus límpidos gorjeios.
Então,
Anhum, desejando manifestar os diversos afetos de sua alma à amada e divina
Solfa, convocou no Ibiapaba os deuses, os semi-deuses, os homens e depois de
muito discutirem, resolveram sob a orientação do deus melódico, erigir a Tupã,
três altares de pedra e celebrar suave dança.
Feito
isso, Anhum chamou a semi-deusa Araci, em primeiro lugar, e ela desenhou na
madeira uma pauta composta de cinco linhas e quatro espaços, e além destas,
outras linhas e outros espaços, pondo o nome nas primeiras, de naturais e nas
segundas, de suplementares superiores e inferiores.
Em
segundo lugar, convocou Vapuaçú deus dos sonhos amenos e das suaves ilusões,
que crioo as sete claves, representadas por três interessantes figuras às
quais deu os nomes de Sol, Fá e de Dó.
Em
terceiro lugar, chamou Abeguar que rapidamente colocou sobre as linhas, sete
pontos que foram chamados notas. Determinou que cada clave daria seu nome à
nota que fosse assinada sobre a mesma linha e conseqüentemente, determinaria
os nomes de todas as demais notas que estivesses na outras linhas e espaços.
Finalmente o próprio Anhum deu nome às notas que subindo são: dó, ré, mi, fá,
sol, lá, si.
E
descendo são: si, lá, sol, fá, mi, ré dó.
Depois
Manati formou a primeira Harmonia, aplaudido por todos.
Em
seguida, o poderoso Guarací, executou o primeiro ritmo cadente e a primeira
canção.
Tujubá,
o poderoso mortal apresentou os primeiros acidentes, Sustenidos e Bemóis;
formou as escalas; e criou os tons, os semi-tons e os intervalos. Solfã criou
o primeiro cântico divino. Saci pintou as notas de preto e deu valor à cada
uma.
Quando
tudo estava concluído, Tupã ficou muito satisfeito e abençoou a música que
tornou-se divina.
O povo
unindo suas vozes aos imortais, louvou o amorável Zéfiro, a fresca aragem e
terminada a curta e bela oração que Tujubá ofereceu a Tupã, os deuses, tendo à
frente o divino Inochiue (deus protetor das virgens), regressaram aos céus e
nas verdejantes campinas que circundavam o Eldorado, Anhum e Solfá, louvaram
em um grande e solene canto, "O sagrado Tupã e sua poderosa filha Caupé".
E foi
assim minha gente....que nasceu e estendeu-se por toda esta imensa e bela
pátria, a mais bela de todas as artes: a MÚSICA.
Texto
pesquisado e desenvolvido por
Rosane
Volpatto
Bibliografia:
As Mais Belas Lendas
Brasileiras - Wilson Pinto; Edições Excelsus; SC


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